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Mães empreendedoras captam R$ 7 mi para site que tira dúvidas dos pais

Flávia Deutsch e Paula Crespi vivenciaram o mundo das startups e criaram um site que liga mães e pais aos conselhos de profissionais especializados

Flávia Deutsch e Paula Crespi, da Theia: aporte dos fundos KaszeK Ventures e Maya Capital, além de investidores anjo (Theia/Divulgação)

Flávia Deutsch e Paula Crespi, da Theia: aporte dos fundos KaszeK Ventures e Maya Capital, além de investidores anjo (Theia/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 4 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 10h11.

Muitas oportunidades de negócio surgem de experiências pessoais. Foi o caso das empreendedoras Flávia Deutsch e Paula Crespi. Ambas trabalharam em empresas de tecnologia, fizeram um MBA na Universidade de Stanford (Estados Unidos) e se tornaram mães. Das experiências profissionais e pessoais surgiu a ideia de negócio da Theia: uma plataforma que une mães e pais ao aconselhamento de profissionais especializados.

O site, previsto para entrar no ar no começo de 2020, já conta com investidores de peso. A Theia captou um investimento de 7 milhões de reais. O aporte foi liderado pelo fundo de investimentos KaszeK Ventures (que investiu em negócios como os bilionários Gympass, Loggi, Nubank e Quinto Andar) e completado pelo Maya Capital, fundo de venture capital liderado por mulheres, e por investidores anjos.

Conselhos para mães e pais -- e ideia de negócio

Deutsch trabalhou na parte financeira de multinacionais, enquanto Crespi fazia marketing para uma gigante de eletrodomésticos. As duas se encontraram por meio do MBA na Universidade de Stanford -- Deustch entrou em 2010, enquanto Crespi foi da turma de 2011. Elas saíram com o desejo de trabalhar em fintechs: a primeira foi para a Acesso, enquanto a segunda foi para o Guia Bolso. 

Valores parecidos, referências empreendedoras e a vontade de incluir mais mulheres na liderança de startups e de causar impacto social motivaram a união de Deutsch, mãe de dois filhos, e Crespi, grávida do primeiro filho. 

“Víamos que conciliar carreira e família era difícil, especialmente para a mulher. Queríamos criar um negócio que resolvesse essa dor”, diz Deutsch. “O principal desafio é a pressão psicológica que você se impõe, e não há iniciativas de apoio nas empresas. Não existe estar no trabalho como se não tivesse filho e estar em casa como se não tivesse trabalho. Mas queremos trazer mais equilíbrio às mães e pais.”

A ideação do negócio começou neste ano. As empreendedores estudaram o mercado, validaram a proposta com clientes potenciais, conversaram com investidores e obtiveram o aporte de 7 milhões de reais para criar a plataforma Theia.

O site está em fase de testes no momento, com lançamento previsto para o começo de 2020. A Theia será uma rede de suporte às mães e pais, com uma série de profissionais que trazem soluções para dilemas comuns desse público: acolhimento, resolução de problemas e pertencimento a uma comunidade.

A jornada começa no acolhimento começa no chat da Theia, com profissionais de enfermagem treinados para lidar com possível estresse das mães e pais e dar os primeiros conselhos. O atendimento é feito 24 horas por dia, sete dias por semana. O próximo passo é a resolução dos problemas, conectando os usuários a coaches de carreira, educadores parentais, especialistas em amamentação, médicos, nutricionistas, obstetras, pediatras e psicológicos. 

As especialidades foram escolhidas com base nas maiores demandas dos clientes consultados. A expansão de profissionais também se dá com base na procura. Alguns dos problemas procurados são como fazer a amamentação e como lidar com o sono intermitente do bebê. “Eu mesma lia textos na inter e livros para meu filho, que acordava de hora em hora. Só a consulta com uma profissional, via Skype, resolveu”, diz Deustch.

Por fim, o pertencimento é a conexão com outras famílias por meio do matchmaking de mães e pais com problemas similares. “Quando você tem filhos, você nunca está sozinha mas nunca se sentiu tão solitária. Principalmente ao lidar com filhos com dificuldades próprias, os pais sentem que não conseguem dividir sua experiência com pessoas próximas”, afirma Deustch.

Além de colocar toda a plataforma de pé, o investimento será usado para criar um sistema de coleta e análise de dados robusto. Assim, mães e pais receberão o melhor conteúdo, o profissional mais indicado e as famílias mais similares para seus problemas.

Como forma de monetização, a Theia fará parcerias de subsídio com as empresas. A ideia é que elas ofereçam o suporte da startup como um benefício, assim como na plataforma de academias Gympass. “A empresa tem de ser efetivamente participante, ajudando os funcionários. A mãe e o pai não podem carregar tudo sozinhos, física ou mentalmente”, diz Crespi. A depender da avaliação bilionária da Gympass, a Theia está em um caminho de crescimento.

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