Produtos da Lush: marca saiu do Brasil no ano passado e está em 48 países (Jeffrey Greenberg/UIG/Getty Images)
Mariana Fonseca
Publicado em 14 de abril de 2019 às 08h00.
Última atualização em 14 de abril de 2019 às 08h00.
O escritório da empresa de cosméticos sustentáveis Lush no Reino Unido tomou uma decisão que parece fatal para qualquer empresa que fale diretamente com os consumidores e aposte no crescente marketing digital. Cansada das mudanças de algoritmos, anunciou sua saída das redes sociais Facebook, Instagram e Twitter.
A Lush acumula 1,2 milhão de seguidores nas páginas e é conhecida principalmente por seus sabonetes e sais de banho sustentáveis. Seus posts ressaltam lançamentos e métodos de fabricação, mas também como os produtos não levam produtos de origem animal em sua composição e possuem embalagens com pouco ou nenhum plástico, por exemplo.
No Brasil, a Lush não opera mais desde maio de 2018. Atualmente, a Lush está em 48 países. A marca reportou receitas de quase 497,8 milhões de libras (na cotação atual, cerca de 2,5 bilhões de reais) e lucro líquido de 43,6 milhões de libras (222 milhões de reais) em 2017, último ano de dados divulgados.
“Cada vez mais, as redes sociais estão tornando mais difícil para conversarmos entre nós diretamente. Estamos cansados de lutar com algoritmos e não queremos pagar para aparecer em seu feed de notícias”, escrever a Lush do Reino Unido no post de despedida das redes. “Queremos que o social seja mais sobre paixão e menos sobre curtidas.”
A marca de cosméticos sustentáveis afirmou querer que “o social seja colocado de volta nas mãos das comunidades, de nossos fundadores a nossos amigos”. O negócio promete “abrir um canal mais direto de comunicação com seus consumidores”, mas não revelou como. Por enquanto, os consumidores podem entrar em contato pelo e-mail, site ou telefone da Lush no Reino Unido.
Os negócios já viram dias melhores nas redes sociais. Mudanças recentes no algoritmo da rede social Facebook, por exemplo, colocaram postagens de empresas em segundo plano. Grupos de interesse e publicações de amigos e família são a prioridade.
As marcas precisam fazer um esforço maior para alcançarem o público -- o que pode incluir o investimento em publicidade paga, criticada pela Lush. Outra estratégia, esta gratuita, é incentivar os seguidores a ativarem a opção “ver primeiro” e comentarem ou marcarem amigos nas postagens.
No Brasil, as redes seguem firmes e fortes. O estudo Content Trends 2018 mostra que 73% das empresas e usuários entrevistados adotam a estratégia de marketing de conteúdo, sendo que a postagem nas redes sociais é usada quase nove entre dez dessas empresas. O Facebook continua sendo a rede social mais usada (97,7%). Instagram (80,8%), Linkedin (61,3%) e Youtube (51,9%) estão “em constante crescimento.”
Apesar dos questionamentos éticos da Lush, nem mesmo seus colegas de trabalho devem abandonar as redes sociais tão cedo. O escritório da marca de cosméticos sustentáveis nos Estados Unidos já anunciou que continuará postando. “Estamos felizes em compartilhar que os canais norte americanos da @LushCosmetics não vão a lugar algum”, postou a filial no Instagram. Se o escritório do Reino Unido tomou ou não a decisão correta, seus consumidores dão.