Parceiro de negócios em RH (Getty Images/Pool)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 14h00.
Diariamente me encontro com empreendedores em busca de investidores. Suas preocupações, legitimamente, estão muito centralizadas no capital necessário, na avaliação, no acordo de acionistas, no tipo de investidor, entre outros. No entanto, ao receber um investidor em seu negócio, além das possibilidades de crescimento e profissionalização, grandes transformações ocorrem em seu dia a dia, a reboque da mudança de sua relação com o negócio em função da entrada de um sócio.
O exercício de simular essa nova vida nem sempre é realizado pelos empreendedores e as “surpresas” advindas dessa relação podem ser as grandes armadilhas para as partes envolvidas. Empreendedores estão acostumados a: centralizar, buscar o domínio - do mercado e sobre os colaboradores -, criar vínculos passionais com os seus parceiros, pensar o negócio como sua propriedade e, claro, teimar, teimar e teimar.
Essas características não são defeitos e são inclusive necessárias até uma determinada etapa do ciclo de vida do negócio, mas, ao iniciarmos a jornada do crescimento com profissionalização, o empreendedor será “convidado” a exercer o desapego de muitas delas, o que exigirá esforço, disciplina e, acima de tudo, inteligência emocional.
Aliás, essa falta de inteligência emocional, tem sido um dos principais fatores de ruptura entre investidores e empreendedores, uma vez que as situações criadas poderiam ser evitadas se os investidores tivessem sido mais claros a respeito das mudanças ou os empreendedores tivessem procurado simular as mesmas, verificando se estavam ou não dispostos a enfrentá-las. As mudanças não são tão radicais e tem o objetivo maior de beneficiar, antes de tudo, o negócio, mas, se o empreendedor não estiver nessa sintonia, certamente estaremos em uma clara rota de colisão.
Sendo assim, é importante que ele saiba sobre algumas coisas que certamente irão acontecer:
- Todas as pessoas serão tratadas de forma profissional e igualitária, sendo elas parentes ou amigos;
- Os recursos e bens do negócio são do negócio e misturá-los com a vida pessoal de qualquer sócio não será admitido;
- As decisões serão compartilhadas e o investidor muito provavelmente deverá ter poder de veto sobre algumas delas, podendo expor o empreendedor a frustrações;
- O negócio não será mais seu, mas de todos. Incluindo colaboradores, sociedade e governo;
- Uma sociedade é equivalente a um casamento e precisa de confiança, transparência (verdade) e cumplicidade;
- O fato de que mudanças serão propostas, não significa que você fez tudo errado até hoje, mas sim que, por ter feito bem, sua empresa está em um momento de “re-visitar” processos, crenças e atributos vis-à-vis onde pretende chegar;
- E nada de atalhos!
Como eu disse, empreendedores são apaixonados pelos seus negócios e cometem loucuras devido a essa paixão. Por isso, desapegar e transformá-la em amor poderá ser seu maior desafio ao longo de toda a jornada empreendedora.
*Carlos Alberto Miranda é sócio-fundador da BR Opportunities, gestora de Private Equity com foco em empresas de rápido e alto crescimento.