Inovação: na América Latina, Brasil é o quarto colocado, atrás do Chile, México e Costa Rica (Getty Images/Getty Images)
Carolina Ingizza
Publicado em 2 de setembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 01h12.
O Brasil subiu quatro posições no ranking do Índice Global de Inovação 2020, ocupando a 62ª posição entre os 131 países analisados. Apesar da melhora em relação a 2019, o país ainda está 15 posições atrás da 47ª colocação que ocupava em 2011.
Hoje, na América Latina, o país fica em quarto lugar, atrás do Chile (54º), México (55º) e Costa Rica (56º). Entre o bloco das nações em desenvolvimento Brics, o país está em última posição, atrás da Rússia (47º), Índia (48º), China (14º) e África do Sul (60º).
A classificação é feita anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Cornell e a Insead. No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) é parceira na produção e divulgação do índice desde 2017.
Para a CNI, colocação brasileira não é digna de celebração. “O 62º lugar não é uma posição que corresponda ao tamanho e importância da nossa economia, que é a nona maior do mundo”, diz Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI.
A especialista afirma que os países mais inovadores do ranking adotaram o investimento em inovação como principal estratégia para desenvolvimento econômico e social, enquanto, no Brasil, os gastos com ciência, tecnologia e inovação diminuem ano a ano.
Como forma de ampliar os investimentos no setor, a CNI pede a liberação de recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Para isso, a entidade apoia o Projeto de Lei Complementar n° 135, de 2020, proposto pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que quer proibir o contingenciamento dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Hoje, dos 6 bilhões autorizados para o FNDCT no Orçamento, 5 bilhões estão contingenciados. O projeto foi aprovado no Senado no dia 13 de agosto e aguarda tramitação na Câmara dos Deputados.
Os dez países nas melhores posições do índice são, respectivamente, Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Singapura, Alemanha e Coreia do Sul. A Suíça, com a melhora no desempenho em patentes e contratos de capital de risco, manteve sua primeira colocação. Entre os 25 primeiros colocados da lista, 16 são países europeus e somente a China, na 14ª posição, não é um país desenvolvido.
Mas o cenário medido pelo índice não é estático. Países que investiram consistentemente em inovação conseguiram se movimentar no ranking. "Como demonstram os exemplos da China, Índia e Vietnã, a busca persistente da inovação produz resultados positivos ao longo do tempo", afirma o ex-reitor e professor de administração de empresas da Universidade Cornell, Soumitra Dutta.
Este ano, as Filipinas chegaram a 50ª posição pela primeira vez. Em 2014, o país ocupava a 100ª colocação. O Vietnã, que hoje é o país de renda média baixa mais bem colocado, no 42ª lugar, estava na 71ª posição em 2014.
Um empecilho que pode atrapalhar a continuidade dos processos de inovação no mundo todo é a pandemia do novo coronavírus. Apesar da crise ter forçado esforços nas áreas de saúde e educação, muitos setores foram pressionados pela queda de faturamento repentina e podem ficar sem fontes de financiamento.
Uma das conclusões do Índice Global de Inovação de 2020 é que os fundos para financiar iniciativas inovadoras estão esgotando, especialmente na América do Norte, Ásia e Europa. Para os autores, isso significa que empresas que dependem de capital de risco em uma fase inicial do negócio e startups que têm processos de pesquisa e desenvolvimento intensivos serão mais afetadas.
Em relação à globalização, Bruno Lanvin, diretor executivo de índices globais do Insead, defende que os países precisam continuar a fazer esforços conjuntos, como os feitos em busca da vacina para coronavírus, para seguir encontrando a saída para crises futuras. "Diante de desafios sem precedentes, quer sanitários, quer ambientais, ou ainda econômicos ou sociais, o mundo precisa aliar esforços e recursos a fim de assegurar o financiamento contínuo da inovação", afirma o diretor.