Guilherme Azevedo, André Florence e Matheus Moraes, sócios-fundadores da Alice: empresas de olho no modelo de prestação de serviços de saúde da healthtech (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 13 de julho de 2021 às 10h03.
Última atualização em 13 de julho de 2021 às 10h42.
Queridinha de investidores ao captar mais de 47 milhões de dólares desde a fundação, em 2019, a healthtech Alice está de olho no mercado de planos de saúde empresariais.
Até agora, o público-alvo da Alice tem sido o de pessoas físicas sem cobertura de planos de saúde corporativos ou mesmo gente insatisfeita com a cobertura oferecida pelos seus empregadores.
Oferecendo assistência médica a preços módicos na comparação com os planos de saúde tradicionais — uma pessoa na faixa de 30 anos sem histórico de problemas de saúde consegue opções por volta de 600 reais mensais —, a Alice vem expandindo a base de clientes em 50% por mês. Hoje são 2.500 clientes, 30% deles até então sem planos, diz o sócio-fundador André Florence.
Ao que tudo indica, o plano agora é avançar sobre a demanda de planos corporativos. Nas últimas semanas, uma área específica do site da Alice cadastrou 35.000 pessoas interessadas em obter o plano empresarial.
O objetivo é usar esse poder de barganha para convencer os empregadores desse pessoal a fechar parcerias com a Alice. Até agora, 429 empresas preencheram o cadastro. "Essas empresas nos procuraram proativamente em busca do serviço", diz Florence. "Estamos estruturando o produto e a ideia é lançá-lo no próximo ano."
A healthtech Alice causou barulho no mercado de saúde brasileiro durante a fundação ao se posicionar como uma gestora de saúde diferentona dos planos tradicionais.
A grande mudança é o jeito de remunerar médicos e fornecedores conveniados à rede da Alice. No rol estão hospitais e laboratórios de primeira linha como o Beneficiência Portuguesa de São Paulo, Alta, Salomão Zoppi, Delboni Auriemo e Lavoisier, do Grupo Dasa.
O pagamento varia de acordo com indicadores de qualidade do serviço e satisfação do paciente — uma consulta com pouco resultado na qualidade geral da saúde do paciente, por exemplo, vai ser remunerada de uma maneira diferente de um tratamento capaz de resolver de uma vez por todas a doença.
É uma lógica bem diferente dos planos tradicionais, acostumados a pagar fornecedores da mesma maneira, sem levar em consideração o impacto da consulta ou da cirurgia para o bem-estar geral do paciente.
Chamado de estratégia de saúde baseada em resultados (do inglês value-based healthcare), o sistema foi proposto em 2006 pelos professores da Escola de Negócios de Harvard, Michael Porter e Elizabeth Teisberg.
O objetivo, aqui, é o sistema de saúde considerar a qualidade do serviço prestado ao paciente e o resultado de melhora de saúde obtido como critério para remuneração.
A lógica está por trás do modelo de negócio de algumas das assistências médicas mais incensadas dos Estados Unidos, como a californiana Kaiser Permanente, um gigante de 304.000 funcionários e receitas de 88 bilhões de dólares no ano passado.
Fundada em 2019 por André Florence, Guilherme Azevedo e Matheus Moraes, a healthtech Alice já recebeu 47,8 milhões de dólares de investimento desde sua criação.
Em fevereiro de 2021, a empresa recebeu a maior rodada Series B já registrada no Brasil. Entre os investidores da Alice estão os fundos ThornTree Capital Partners, Kaszek Ventures, Canary, Maya Capital e Endeavor Catalyst.
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