Imóveis: durante a pandemia, houve queda de 30% nas transações imobiliárias, em média (Germano Lüders/Exame)
Natália Flach
Publicado em 21 de julho de 2020 às 06h00.
Não são apenas as pessoas e as construtoras que precisam de financiamento no mercado imobiliário. As imobiliárias também têm de pagar contas e fazer investimentos. De olho nesse público, o Grupo ZAP, um dos maiores portais de imóveis do país, fez uma parceria com a fintech de crédito Nexoos para oferecer linhas de antecipação da comissão de compra e venda de imóveis.
A operação tem o intuito de melhorar o fluxo de caixa das imobiliárias que chegam a esperar até seis meses para receber uma comissão relativa à venda de um apartamento ou de uma casa. A lógica é a mesma da antecipação de recebíveis, na qual os lojistas pagam uma taxa – no caso, para as empresas de maquininha – para receber em até dois dias o valor que demora 30 dias para cair na conta.
"Tentamos várias vezes fazer operações parecidas com bancos, mas eles sempre exigiam uma garantia ou um avalista. Isso não resolvia a fricção do processo, portanto, não era escalável", explica Ernani Assis, vice-presidente de novos negócios do Grupo ZAP, em entrevista exclusiva à EXAME. "A parceria com a Nexoos é um sonho realizado, principalmente nesse momento de pandemia, em que houve queda de 30% nas transações imobiliárias, em média."
As operações de crédito são realizadas em uma plataforma desenvolvida pela Nexoos, e o dinheiro vem de investidores pessoas físicas, que investem por meio de um marketplace, ou de fundos institucionais. A expectativa é que a solução antecipe mais de 100 milhões de reais para as imobiliárias até o fim do ano – cujo valor mínimo de financiamento é de 5.000 reais.
O novo serviço está em fase de teste com um grupo selecionado e em breve estará disponível para todos os clientes do Grupo ZAP. A expectativa é que centenas de imobiliárias sejam beneficiadas até o fim do ano.
Para solicitar o novo produto, existem alguns critérios: as imobiliárias precisam ter faturamento maior do que 250.000 reais e ter mais de um ano de funcionamento. Já as taxas de antecipação dependem do risco de crédito de cada uma, assim como o prazo de pagamento depende das datas de recebimento das comissões.
Além da análise de crédito da imobiliária e dos sócios, a Nexoos também avalia o fluxo de caixa futuro, assim como a quantidade de contratos de compra e venda ou de imóveis alugados. "As imobiliárias têm custos fixos e podem ficar sem respaldo financeiro até receber as comissões. Essa solução é um fôlego", explica Nicolas Arrellaga, sócio e cofundador da Nexoos. "Caso haja uma desistência da compra do imóvel, a imobiliária pode quitar ou refinanciar o crédito."