Felipe Lo Sardo, CEO da Goomer: startup muda posicionamento para ser braço direito dos restaurantes (Leandro Fonseca/Exame)
Há sete anos, a foodtech paulista Goomer assumiu a missão de apoiar a transformação digital de restaurantes e bares, mesmo quando a tecnologia ainda não era tão elementar para a sobrevivência desses estabelecimentos. Com a pandemia, a startup estendeu suas soluções cardápios digitais e totens de autoatendimento para uma plataforma própria de delivery. Agora, o próximo passo dessa jornada é a atualização de sua atuação — e seu posicionamento de marca.
Segundo a empresa, a mudança anunciada nesta segunda-feira, 4, surge da necessidade de mostrar que a Goomer pretende ajudar os restaurantes muito além do delivery.
Quando foi fundada, a startup tinha a intenção central de ajudar restaurantes a otimizarem sua operação e aumentarem seus tíquetes-médios. De lá para cá, a empresa percebeu que os estabelecimentos do setor também se preocupavam em gerar uma base de clientes fiel, mas não tinham acesso às ferramentas para isso.
Com o tempo, a resposta encontrada pelos lojistas foi entrar nos marketplaces de alimentação e delivery, como Uber Eats, iFood e Rappi. No entanto, as taxas cobradas por essas plataformas geravam apenas encargos, e não resultados de longo prazo.
O novo posicionamento é uma tentativa de mostrar que a marca se propõe a ser o braço direito dos restaurantes, da captação de clientes à gestão operacional e campanhas de marketing, explica Felipe Lo Sardo, CEO da Goomer. “Antes da pandemia éramos uma empresa de totens. Depois, da pandemia, viramos uma empresa com plataforma de delivery. Mas o que queremos agora é mostrar que queremos ser a empresa que dá as ferramentas para que restaurantes entendam seus clientes e gerem tráfego constante”, diz.
O projeto é o primeiro grande movimento da marca após o investimento de 15 milhões de reais, em maio deste ano, junto ao fundo Bridge One e acompanhado pela DOMO Invest e o Aimorés Investimento. “Atrair e reter clientes sem depender de um único player é uma grande dor do mercado, não apenas no setor de alimentação. Esse argumento faz parte da nossa tese de investimento. Por isso, é uma continuação do que prometemos aos clientes e aos investidores”, diz.
Além do lançamento da nova marca, a Goomer também prepara duas novas funcionalidades nos próximos meses. Uma delas é o CRM, um software de relacionamento com os clientes, que vem com a identificação de quem são consumidores do delivery.
Na prática, quando um consumidor faz um pedido no delivery da Goomer, o restaurante pede uma verificação de celular e com isso, coloca esse cliente em uma base segmentada. “Deste modo, cupons podem ser disparados de maneira inteligente, em horários corretos e campanhas de marketing são pensadas com mais inteligência”, diz.
A outra novidade é um programa de fidelidade, que visa trazer mais compras da porta para dentro. Neste primeiro momento, o programa vai funcionar com o acúmulo de descontos, no esquema de “consumiu cinco, ganhou desconto na sexta compra”.
A inspiração para essas projeções otimistas está na Olo, startup americana que também oferece software de gerenciamento para restaurantes e que levantou 450 milhões de dólares em sua oferta inicial de ações (IPO) na Bolsa de Nova York. A empresa também foi avaliada em 3,6 bilhões de dólares.
“Eles provaram que em 1 ou 2 anos, uma loja pode triplicar o faturamento, caso usem uma tecnologia proprietária. É isso que miramos”, diz o CEO.
O que a Goomer espera é fazer com que os restaurantes possam, em um primeiro momento, aumentar o valor das mercadorias comercializadas dentro da plataforma de delivery da Goomer — e o CRM deve ajudar nisso. E depois, com a fidelidade resultante das campanhas mais assertivas e do novo programa, gerar tráfego constante — o que também deve aumentar as receitas da startup.
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