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Google vai investir R$ 5 mi em negócios fundados por empreendedores negros

Empresa de tecnologia lança nesta quarta-feira, 9, um fundo exclusivo para investir em startups brasileiras fundadas por pessoas negras

Google for Startups: o Black Founders Fund tem duração prevista de 18 meses e pretende investir em pelo menos 30 empresas que estejam buscando investimento em estágio seed (Germano Lüders/Exame)

Google for Startups: o Black Founders Fund tem duração prevista de 18 meses e pretende investir em pelo menos 30 empresas que estejam buscando investimento em estágio seed (Germano Lüders/Exame)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 11h00.

A empresa de tecnologia Google anunciou nesta quarta-feira, 9, o lançamento de um fundo dedicado a investir em negócios brasileiros fundados por empreendedores negros. A gigante americana vai aportar 5 milhões de reais na iniciativa e espera investir em pelo menos 30 startups que estejam captando investimento em estágio seed. 

A proposta do Google é oferecer o investimento sem necessidade de contrapartida da empresa. Isso significa que os sócios não precisarão oferecer participação societária ao Black Founders Fund.  “Estamos colocando o fundo de pé agora, mas a nossa intenção é que outras organizações se juntem a nós no futuro”, diz André Barrence, diretor do Google for Startups da América Latina. 

Nos Estados Unidos, há dois meses, a empresa lançou uma iniciativa para investir em startups fundadas por empreendedores negros, em uma tentativa de equilibrar a balança no ecossistema de inovação americano. Um levantamento da instituição financeira Silicon Valley Bank mostra que apenas 1% do valor aplicado por fundos de investimento americanos foi destinado a startups fundadas por pessoas negras. No total, a companhia está investindo 175 milhões de dólares. 

O Brasil, com o lançamento do Black Founders Fund, é o segundo país a receber a iniciativa da empresa. Por aqui, o fundo irá atuar inicialmente por 18 meses, procurando negócios de tecnologia com potencial de escala que tenham sido fundados por pelo menos uma pessoa negra que hoje ocupa um cargo de liderança. O capital e a gestão dos investimentos será feita pelo Google for Startups, mas o dinheiro será repassado para uma organização do terceiro setor antes de ser destinado às empresas. 

As primeiras investidas

Junto com o anúncio do lançamento do fundo, o Google divulgou o nome das três primeiras startups investidas. Elas já estavam dentro do ecossistema da empresa e atendiam aos critérios de seleção do fundo. A primeira foi a startup Afropolitan, fundada por Thiago Braziel, Valmir Nascimento e Lucio Telles. Ela oferece um marketplace de produtos e marcas de empreendedores negros. 

A segunda startup a receber um investimento foi a Creators, plataforma que conecta profissionais da indústria criativa com empresas que precisam de seus serviços. Seus fundadores são Nohoa Arcanjo e Rodrigo Allgayer. A terceira investida nessa primeira fase foi a TrazFavela, empresa por trás de um aplicativo de delivery pensado para atender as áreas periféricas de Salvador. Os sócios do negócio são Iago Santos, Ana Luíza Sena e Marcos Silva.

Outros negócios que tenham interesse em receber um aporte podem se inscrever neste formulário criado pelo Google. Segundo Barrance, o fundo quer estar em contato com o maior número possível de empreendedores do ecossistema ao longo dos próximos 18 meses. Empresas parceiras, como o Vale do Dendê e a Preta Hub irão ajudar a empresa a identificar negócios com potencial. 

Mentorias e apoio a longo prazo

Além do capital investido na rodada, o Google vai oferecer suporte para as empresas investidas. A ideia é que elas participem dos programas de aceleração que o Google for Startups oferece e sejam acompanhadas de perto por um executivo do Google. “Queremos dar o suporte que elas precisam para que o negócio chegue até a próxima fase. Todas estarão conectadas a nossa rede de mentores”, afirma Barrence. 

A longo prazo, a expectativa da empresa é que o ecossistema brasileiro se mobilize para mais ações que incentivem a diversidade. No Brasil, diferentemente dos Estados Unidos, não há indicadores mostrando a diferença de investimento entre empresas fundadas por brancos e negros. Apesar disso, o problema é palpável.

Só na base do Google for Startups Brasil, que já trabalhou com mais de 1.000 empresas de inovação desde sua criação há quatro anos, existem nove vezes mais startups fundadas por pessoas autodeclaradas brancas do que negras. Também não há nenhum investidor que se autodeclara negro nos arquivos da companhia.  

Em uma análise das empresas que já passaram pelo programa, o Google descobriu que as startups brasileiras lideradas por pessoas brancas captam, em média, 69 vezes mais capital do que as fundadas por pessoas negras. “Isso nos mostrou o tamanho do desafio e da necessidade de que a gente atuasse sobre ele”, diz Barrence.

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