O IPO da Zoom: a companhia vale nove vezes mais do que há dois anos (Kena Betancur/Getty Images)
Mariana Fonseca
Publicado em 6 de maio de 2019 às 06h00.
Última atualização em 6 de maio de 2019 às 06h00.
Trinta anos atrás, Eric Yuan ouviu Bill Gates falar sobre a internet e decidiu que queria participar da ascensão das ponto-com, no Vale do Silício. O rapaz nascido na China logo se deparou com um obstáculo: o governo americano negou visto para ele nada menos que oito vezes.
Depois de dois anos de repetidas rejeições, Yuan finalmente aterrissou nos EUA e agora é presidente e principal acionista da operadora de videoconferências Zoom Video Communications, que levantou US$ 751 milhões na abertura de capital realizada na quarta-feira.
Yuan e familiares venderam ações avaliadas em US$ 57 milhões – com base no preço do IPO (initial public offering), de US$ 36 – e vão controlar uma participação avaliada em US$ 2 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. As ações da Zoom serão negociadas no Nasdaq Global Select Market, em Nova York. Priscilla Barolo, porta-voz da Zoom, preferiu não comentar.
A empresa tem sede em San Jose, na Califórnia. Yuan, hoje com 49 anos, se juntou a Sergey Brin (Alphabet/Google), Jensen Huang (Nvidia) e Elon Musk (Tesla) na lista de imigrantes que ficaram bilionários ajudando a montar empresas no Vale do Silício. Mais de três quartos dos chineses ricos que pretendem morar no exterior preferem os EUA, de acordo com o Instituto de Pesquisas Hurun e a consultoria especializada Visas Consulting Group.
Com o maior número de pessoas fazendo home office, o mercado global de videoconferências deve se expandir quase 8 por cento ao ano até 2026, de acordo com a Transparency Market Research. No último ano fiscal, a Zoom registrou lucro líquido de US$ 7,6 milhões sobre uma receita de US$ 331 milhões. Hoje a companhia vale nove vezes mais do que há dois anos, quando conseguiu uma rodada de financiamento e teve seu valor estimado em US$ 1 bilhão.
Antes de fundar a Zoom, em 2011, Yuan foi funcionário da firma de reuniões online WebEx Communications, comprada por US$ 3,2 bilhões em 2007 pela Cisco Systems, onde ele passou a trabalhar.
Yuan teve a ideia de montar a Zoom – que tem Uber Technologies e Wells Fargo entre seus clientes – porque precisava viajar 10 horas para visitar a namorada quando os dois faziam faculdade. “Eu sonhava acordado que um dia teria um aparelho e com um só clique eu poderia falar com ela e vê-la”, lembrou Yuan durante uma conversa em julho com a firma de venture capital GGV Capital. “Eu pensava nisso todo dia.”