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Fintech de crédito educacional (até para negativados) capta R$ 28 milhões

Com o aporte, a Elleve quer mais estudantes das classes C/D em cursos profissionalizantes, com o objetivo de explorar o que ainda falta para o aluno atingir seu objetivo profissional e financeiro

André Dratovsky, CEO e fundador da Elleve. (Elleve/Divulgação)

André Dratovsky, CEO e fundador da Elleve. (Elleve/Divulgação)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 21 de abril de 2021 às 08h00.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 07h26.

A fintech de crédito educacional Elleve acaba de receber um aporte de R$ 28 milhões, liderado por sócios da própria fintech e fundos de investimento privados com participações no mercado educacional, além de startups.

Fundada em 2020 por André Dratovsky, a fintech tem como objetivo ampliar o acesso a cursos livres, técnicos e profissionalizantes, de curta e média duração. Através de uma plataforma tecnológica, o estudante é conectado diretamente com a instituição de ensino e com o mercado de trabalho.

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Olhando para as deficiências que o modelo tradiconal de graduação possui, Dratovsky percebeu que um dos grandes obstáculos do setor eram as ferramentas financeiras que eram ofertadas para os alunos. Analisando estas lacunas, o CEO da fintech decidiu explorar o que faltava para os alunos alcançarem seu objetivo financeiro e profissional. 

Em seu primeiro ano de operação, a empresa tem como desafio atrair e impactar seis mil estudantes e chegar a mais de 30 mil em 2022. Até o momento, já são 60 escolas aderentes e vinculadas aos programas de financiamento como Impacta, Mentorama, Be Academy, FM2S, 4ED, Ironhack, entre outras que, juntas, já somam mais de 40 mil alunos.

A primeira rodada de investimento da startup, obtida com exclusividade pela EXAME, será aplicada na expansão da tecnologia de inteligência artificial e na contratação e formação de equipes dentro de um modelo sustentável de financiamento. A startup também fez a emissão de debêntures que totalizam R$ 123 milhões e que serão aportados ao longo dos próximos 18 meses. 

Para o fundador e CEO da Elleve, o aporte vai trazer  solidez e fôlego para suportar o crescimento do volume de alunos financiados. “Mesmo na pandemia, notamos um crescimento de 100% nas solicitações de crédito mês a mês. A pandemia acelerou o desenvolvimento do ensino híbrido e cursos à distância.”, explica Dratovsky.

Com as aulas suspensas em todas as modalidades de ensino em decorrência da pandemia, as aulas online passaram a fazer parte da rotina de milhares de estudantes. Antes mesmo da pandemia, segundo dados do Censo EAD 2017, existiam mais de 3 milhões de alunos matriculados em cursos livres à distância, sejam eles corporativos ou não. Em resposta a deputados federais em agosto de 2020, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que não sabe dizer quantos estudantes estão assistindo aulas online atualmente. 

“O ensino superior tradicional há tempos deixou de ser a única opção para o sucesso profissional. A educação profissional mais especializada, por meio de cursos livres ou técnicos, é um caminho mais curto e tangível, de modo que conseguimos torná-la muito mais acessível, de forma fácil e rápida a um público que, até hoje, se desenvolve em grande parte apenas por meio da ‘experiência da vida’”, acrescenta Dratovsky.

As taxas de fintech variam de 0% a 1,99% ao mês, dependendo do programa escolhido. O modelo permite acesso a cursos de profissionalização independentemente da situação sócia-econômica. A fintech entende que pessoas jovens geralmente não possuem histórico de crédito, o que dificulta o acesso à educação em geral. Após o aluno procurar uma das instituições parceiras, será oferecido a opção de financiamento através da plataforma da Elleve -- que leva menos de cinco minutos para ser feito.

Com o uso de inteligência artificial, mesmo alunos negativados ou sem nenhum histórico de crédito conseguem o financiamento dos cursos. Para isso, a Elleve, em parceria com as escolas, adota um processo de curadoria que garantirá que o aluno faça uma escolha que garantirá frutos em sua trajetória profissional, e que refletirá, posteriormente, na própria empregabilidade. Para as escolas, o serviço oferecido pela Elleve possibilita uma captação maior de alunos, redução no nível de evasão, além de antecipação de mensalidades.

“Quanto maior o potencial de impacto de um curso, além de outros fatores, mais permissiva será a nossa análise de crédito aos alunos. Inspiramos e ajudamos o jovem a conduzir o seu caminho profissional de forma promissora, seja qual for sua vocação ou situação socioeconômica, além de ser uma oportunidade de desbravar um segmento carente de opções financeiras acessíveis e criativas”, afirma André.

Segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, as principais áreas em que estão concentradas as carreiras mais promissoras são: Saúde, Dados e Inteligência Artificial, Engenharia e Computação em Nuvem, Economia Verde, Pessoas e Cultura, Desenvolvimento de produtos, Vendas, Marketing e Conteúdo. Essas novas áreas podem criar até 1,7 milhões de novas oportunidades ainda em 2021.

Para André, a pandemia evidenciou o senso de urgência nas pessoas, principalmente em relação à educação. "Com o trabalho remoto e cursos online, as pessoas passaram a se arriscar para ganhar essas certificações -- já que elas eram mais baratas e rápidas se comparadas à uma faculdade, por exemplo. Para muitas escolas, que não enxergavam o horizonte nacional, foi possível ir além do presencial -- com o ensino à distância e as provoações do mercado. As escolas não são mais, necessariamente regionais", conclui.

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