(Antecipa/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 16 de outubro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 06h00.
O Brasil tem mais de 600 startups de serviços financeiros, ou fintechs. Quase um sexto delas atua no segmento de crédito -- o que não impede que as melhores propostas nesse mar de negócios escaláveis e inovadores continuem a crescer e atrair investidores de peso.
É o caso da Antecipa, que medeia a antecipação de recebíveis entre empresas e seus fornecedores. O negócio captou um aporte de 4,5 milhões de reais para expandir, seja por meio de tecnologia ou de número de clientes.
O investimento foi liderado pelo fundo Redpoint eventures (que aportou em startups de serviços financeiros como Creditas, Magnetis e Xerpa) e completado por investidores anjo.
Camilo Telles, formado em ciência da computação, teve como seu primeiro negócio uma empresa de ingressos chamada Zetks. A ideia para a Antecipa surgiu a partir de sua experiência nesse empreedimento, precisando de antecipação de recebíveis enquanto os clientes não pagavam suas faturas de cartão de crédito. A Zetks foi vendida em 2011.
Telles cofundou uma empresa de contabilidade, chamada Agilize, dois anos depois. Também percebeu como a antecipação de recebíveis estava presente em processos de contabilidade. Três anos depois, finalmente criou a Antecipa.
O principal problema que o empreendedor percebeu no mercado de antecipação de recebíveis era decidir qual taxa de juros deveria ser cobrada. A Antecipa desenvolveu um algoritmo de precificação que gerou aprovação de 98% dos pedidos de antecipação. “Precificamos bem o risco e consigo dar tanto taxas justas a quem pede o capital quanto um bom retorno para quem o cede”, diz Telles.
A Antecipa foca em um nicho de mercado que facilita sua análise de risco de crédito: grandes empresas antecipando crédito para seus próprios fornecedores.
Empresas como a aérea Gol e a locadora Movida, atendidas pela Antecipa, têm fornecedores que gostariam de realizar a antecipação de recebíveis. A resposta costuma ser recorrer a bancos e pagar juros que podem chegar a 5% ao mês, de acordo com Telles.
Por meio da Antecipa, as empresas usam seu próprio caixa para fazer a antecipação de recebíveis aos fornecedores -- só recorrem às instituições financeiras caso não haja caixa. A Antecipa faz a análise de risco de cada um dos fornecedores, define taxas de juros ideais e cuida de todo o suporte e cobrança de tomador de crédito.
Ao assumirem a antecipação de recebíveis, as empresas obtém uma rentabilidade que pode chegar a 300% do CDI (hoje, cerca de 17,7%). Já para os fornecedores, os juros médios mensais são de 50% do CDI (cerca de 2,9%). A Antecipa ganha nessa margem, mas afirma ainda ser melhor do que recorrer ao banco para os dois lados da equação.
“Melhoramos a rentabilidade do caixa para empresa e oferecemos uma linha de crédito mais barata aos fornecedores. A empresa tem como benefício a receita gerada e ter um fornecedor mais saudável, o que reduz os riscos sobre a própria operação”, diz Telles.
A Antecipa atende 700 clientes, geralmente de grande porte. Já os fornecedores são de menor porte, com um tíquete médio de antecipação de 1,2 mil reais. A Antecipa já realizou 120 milhões de reais em antecipação de recebíveis.
Nos últimos três meses, a Antecipa cresceu 20% ao mês. Com os novos recursos, pretende crescer a uma média de 25% ao mês. O investimento de 4,5 milhões de reais de investidores anjos e da Redpoint eventures será usado primeiro para tecnologia, colocando mais serviços financeiros e melhorando tanto o algoritmo quanto a robustez do aplicativo. Outro objetivo é melhorar as vendas, contratando mais pessoal para vender a solução da Antecipa.
A Antecipa tem sede em Salvador (Bahia), mas também está presente no centro de empreendedorismo tecnológico Cubo Itaú (São Paulo) como forma de trocar experiências e firmar mais negócios. Ao todo, são sete funcionários.
Em seis meses, a Antecipa projeta chegar a 10 mil empresas atendidas. Em dois anos, serão 100 mil clientes. As metas são ambiciosas -- tão amplas quanto o mar de fintechs brasileiras.