Douglas Storf e Ury Rappaport, fundadores da Swap: empreendedores se conheceram trabalhando na 99 (Swap/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 2 de março de 2021 às 14h00.
Última atualização em 2 de março de 2021 às 18h13.
Depois de nomes como Nubank e Creditas revolucionarem o consolidado mercado bancário brasileiro, as startups estão de olho em um novo alvo: o mercado de benefícios corporativos, estimado em 150 bilhões de reais. A principal aposta das empresas de inovação para modernizar a área são os benefícios flexíveis. A ideia é que, em vez de carregar dois ou três cartões diferentes com auxílio-transporte, alimentação e refeição, os funcionários recebam um cartão único, que pode ser usado normalmente nos estabelecimentos como se fosse de crédito.
Mas, para que uma fintech ou empresa de benefícios ofereça essa modalidade flexível, é preciso ter acesso a uma infraestrutura financeira e tecnológica. Percebendo essa tendência, a startup brasileira Swap, que atua como uma "fábrica de fintechs", está lançando a Multiflex, uma nova área dedicada a ajudar qualquer companhia que queira entrar no mercado de benefícios flexíveis.
Além de oferecer a estrutura financeira, a Swap disponibiliza para as companhias clientes um aplicativo white-label, que pode ser customizado com a marca e logo deles. "Os cartões são emitidos pela Mastercard, assim garantimos que serão aceitos na vasta maioria dos estabelecimentos brasileiros”, afirma Ury Rappaport, cofundador da Swap.
O empreendedor garante: você não vai encontrar um cartão com o nome da Swap no mercado. O foco da companhia é oferecer a infraestrutura para as empresas que querem ser as novas Alelo, VR, Ticket e Sodexo.
A startup mira três principais perfis de empresa para vender as soluções Multiflex. Os clientes mais óbvios são outras startups que estão entrando no mercado de benefícios, como Alymente, Vee e Valuu, que já usam as soluções da empresa.
Outro grande alvo são as grandes empresas de benefícios que ainda não atuam com a modalidade flexível. “Elas teriam de investir tempo e dinheiro para construir, enquanto na Swap recebem a infraestrutura pronta para rodar”, diz Douglas Storf, presidente da startup.
O terceiro grupo é composto pelas empresas que oferecem produtos e soluções financeiras para o RH de grandes empresas e poderiam expandir sua atuação para os benefícios corporativos.
Hoje, as empresas que querem usar a infraestrutura Multiflex da Swap precisam pagar uma assinatura. O preço da mensalidade é calculado considerando o número de contas ativas e a eficiência que o uso da infraestrutura gera para as companhias.
A ideia da Swap nasceu dentro da empresa de mobilidade urbana 99. Os sócios Rappaport e Storf trabalharam juntos desenvolvendo a área de pagamentos da 99, onde perceberam quanto era difícil para uma companhia de fora do setor financeiro se aventurar nesse segmento. Conversando com outras empresas do mercado de tecnologia, como iFood, Loggi e Gympass, a dupla percebeu que todas elas estavam estudando formas de lançar produtos financeiros próprios. "Ficou evidente que havia uma oportunidade no mercado", diz Storf.
No final de 2018, então, os empreendedores saíram da 99 para criar a Swap. Para ajudá-los na frente de tecnologia, eles convidaram Alexandre Takinami, ex-engenheiro de software do Guiabolso, para ser cofundador do negócio.
Na época em que a startup saiu do papel, em meados de 2019, o conceito de bank as a service (ou "banco como serviço", em português) estava nascendo. "Ninguém entendia muito bem o que era infraestrutura de pagamentos", relembra Rappaport. Hoje, depois do Pix e do open banking abrirem mercado, as "fábricas de fintech" são mais conhecidas e atraem milhões em investimento. A fintech Zoop, por exemplo, recebeu 60 milhões de reais da Movile no ano passado, enquanto o FitBank foi investido pelo banco americano J.P. Morgan.
No caso da Swap, a companhia levantou 17 milhões de reais desde a sua fundação. Os aportes foram feitos pelos fundos de venture capital One.vc, Canary, GFC e Flourish Ventures, além dos investidores-anjo Ariel Lambrecht, fundador da 99, e Patrick Sigrist e Guilherme Bonifácio, cofundadores do iFood.
O principal produto da startup atualmente é sua plataforma de emissão e processamento de cartões pré-pagos, responsável por boa parte do crescimento de receita de 400% no ano passado. Para 2021, os fundadores planejam lançar novos produtos financeiros e manter a taxa de crescimento de 40% ao mês. Segundo Storf, será necessário para isso dobrar o tamanho da equipe, de 30 para 60 funcionários, e buscar uma nova rodada de captação.