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Exclusivo: Mercadão dos Óculos lança fintech e quer brigar pelos sem banco

Em fevereiro, franquia de óticas que faturou R$ 270 milhões em 2021, lançou um meio de pagamento próprio. A próxima fase é ofertar microcrédito para o consumidor final

Gustavo de Freitas, CEO do Mercadão do Óculos: meta da rede é alcançar 700 unidades até dezembro (Exame/Divulgação)

Gustavo de Freitas, CEO do Mercadão do Óculos: meta da rede é alcançar 700 unidades até dezembro (Exame/Divulgação)

Apesar do avanço do e-commerce durante a pandemia e da popularização de meios de pagamentos digitais como o Pix, segundo dados do Instituto Locomotiva cerca de 16,3 milhões de brasileiros ainda não possuem conta em banco.

Não à toa, nos últimos anos cada vez mais empresas e startups entram na briga para oferecer serviços financeiros para essa multidão, que mesmo às margens, movimenta R$ 347 bilhões por ano. 

A mais nova empresa a disputar os sem banco é a franquia de óticas Mercadão dos Óculos que, em fevereiro, lançou um meio de pagamento próprio, o MDO Pay.

Assim como Mercado Pago, Paypal e PagSeguro, o Mercadão se tornou uma subadquirente, ou seja, uma empresa que faz a intermediação do pagamento entre adquirentes (Stone, Getnet, Rede), bandeiras de cartão e bancos.  

Além de oferecer parcelamentos em até quatro cartões, por meio da conta digital do MDO Pay, os lojistas podem emitir boletos, receber e antecipar pagamentos. A plataforma está em processo de implantação e, atualmente, é utilizada por 52 das mais de 550 unidades do Mercadão dos Óculos. 

O próximo passo da rede de franquias é expandir os serviços financeiros também para o consumidor final, oferecendo linhas de microcrédito para os clientes que desejam comprar na loja. 

“Hoje nós já somos uma fintech e a ideia é aprofundar cada vez mais o nosso braço financeiro.  Grande parte da população não tem acesso ao crédito atualmente. Aumentando o poder de compra desse público, vamos contribuir para o crescimento das lojas”, diz Gustavo de Freitas, CEO do Mercadão do Óculos. 

Ciente de que a concorrência é grande, a ideia da rede é apostar na relação que estabeleceu com os públicos C e D. “Nós temos uma vantagem competitiva que é o fato de sermos uma rede varejo. Muitas pessoas vêm para a loja, mas não compram por falta de recursos. É aí que entrará a nossa solução financeira”, diz Freitas. 

Expansão da rede e fábrica nova 

Criada há dez anos, o Mercadão dos Óculos faturou R$ 270 milhões em 2021 e, mesmo durante a pandemia, viu a rede de franqueados aumentar. A principal razão foi a estratégia de focar na abertura de novas unidades em cidades menores, com até 30 mil habitantes. 

Entre o final de 2019 até fevereiro deste ano, a rede de óticas saltou de 237 para mais de 550 franquias, sendo quase metade delas localizadas em cidades pequenas. Com isso, desde março de 2020, o Mercadão dos Óculos aumentou o faturamento em 15% e o ticket médio em outros 30%.

“Nós temos um modelo de loja bastante enxuto com CMV (custo de mercadoria vendida) de aproximadamente 20% da venda, ou seja, o franqueado consegue ter uma margem até cinco vezes maior que o custo operacional da loja. Isso ajuda a viabilizar operações mesmo em cidades com pouca demanda”, diz Freitas. 

Até o final do ano, o Mercadão planeja inaugurar mais 168 lojas, alcançando a marca de 700 unidades, e atingir o faturamento de meio milhão de reais. Nos próximos dois anos, a rede quer chegar a mil franquias. Para isso, a aposta é continuar investindo na estratégia verticalizada, de comercializar armações e lentes de fabricação própria. 

Tanto é que a rede saiu de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, onde foi fundada, e investiu R$ 10 milhões na construção de uma nova fábrica em Pouso Alegre (MG). A ideia é que dentro de um ano o complexo fabril esteja em funcionamento e tenha a capacidade de produzir 10 mil armações por mês. 

Sobre a concorrência com outras redes, como as Óticas Diniz, que também apostam na fabricação própria para vender armações a preços mais baratos, Freitas é categórico. 

“Fomos uma das poucas franquias que mantiveram um forte ritmo de expansão apesar dos problemas gerados pela pandemia. Ou seja, cada vez mais as pessoas percebem o potencial do negócio. E quanto maior formos, mais fortes seremos”, finaliza. 

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