Vermelhas antirrugas (Jair Magri / Guia Quatro Rodas/Quatro Rodas)
Bloomberg
Publicado em 22 de novembro de 2021 às 14h41.
Última atualização em 22 de novembro de 2021 às 14h41.
Depois de quatro anos nas trincheiras como operador em Londres para empresas como o JPMorgan Chase, Andrea Tagliabue sentiu que já não podia mais. Agora, a história de como ele fez as malas e voltou para a Lombardia, onde nasceu, inspira outros italianos que querem deixar o emprego.
Tagliabue, que aprendeu sozinho a cultivar morangos e apostou suas habilidades na badalada marca de “spreads” e sucos Banker’s Jam, ganhou destaque na mídia italiana. O ex-banqueiro diz que foi inundado com perguntas de funcionários cansados - incluindo alguns ex-colegas de finanças - que querem deixar as mesas de trading e sujar as mãos de terra.
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De fato, cada vez mais italianos estão repensando suas carreiras e objetivos de vida. Assim como a tendência vista nos Estados Unidos, pedidos de demissão atingiram níveis recordes na Itália, com um salto de 85% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados mais recentes. A taxa de pedidos de demissão - demissões voluntárias em relação ao total de funcionários - subiu para 2,12%, o maior nível em pelo menos cinco anos, segundo o think tank lavoce.info.
Mas a versão italiana dessa tendência vem com um toque local, com foco na cultura gastronômica do país e raízes agrárias. O número de empresas agrícolas administradas por pessoas com menos de 35 anos cresceu 14% no ano passado, segundo a associação Coldiretti, com o aumento impulsionado por empresários de outros setores que passaram a trabalhar em agricultura pela primeira vez.
Tagliabue, que fundou a Banker’s Jam em 2018, foi um deles. “Eu disse a mim mesmo: chega de estresse, horas malucas de trabalho”, disse o agora empresário, de 33 anos. “Agora trabalho para mim mesmo e posso ver os frutos do que estou criando”, disse, reconhecendo o trocadilho.
Embora histórias de sucesso como a de Tagliabue possam inspirar mais italianos a seguir seus sonhos, o fim da proibição de demissões também pode ser um fator.
Pelo menos alguns casos recentes podem ser “demissões forçadas” após o término da proibição, disse o pesquisador do lavoce, Francesco Armillei, no site do think tank. “Mas também podem ser pessoas que receberam uma inspiração durante a crise.”