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Ex-doméstica abre franquia e ganha até clientes do antigo emprego

Izabel dos Reis começou a trabalhar aos 13 anos de idade. A decisão de comprar uma franquia foi acertada: ela faturou quase 400 mil reais em 2017.

Izabel dos Reis: comprando sua franquia de limpeza aos 46 anos de idade, a empreendedora mostra que nunca é tarde para começar (Jan Pro/Divulgação)

Izabel dos Reis: comprando sua franquia de limpeza aos 46 anos de idade, a empreendedora mostra que nunca é tarde para começar (Jan Pro/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 12 de janeiro de 2018 às 06h00.

São Paulo – Para muitos, empreender parece um jogo de cartas marcadas: seria preciso ter uma ideia nunca antes vista, muito dinheiro ou uma experiência inigualável no ramo para abrir um negócio próprio.

A história da empreendedora Izabel dos Reis prova que tudo depende de uma dedicação prolongada. Ela começou a trabalhar aos 13 anos de idade, como empregada doméstica. Após acumular diversas experiências no ramo de limpeza, resolveu empreender. Ela já tinha 46 anos de idade e comprou uma franquia em diversas parcelas - e não se arrepende da decisão.

O negócio de Izabel, uma unidade franqueada da rede de limpeza Jan Pro, emprega hoje 12 funcionários. Além disso, acumulou um faturamento de 390 mil reais em 2017. Para 2018, a meta da empreendedora é ganhar mais clientes e aumentar os rendimentos do ano para 450 mil reais.

História de vida e decisão por empreender

Izabel dos Reis começou a trabalhar aos 13 anos de idade, como empregada doméstica na casa de uma vizinha. “Eu tive minha primeira experiência profissional muito cedo. Trabalhei para uma senhora do bairro durante uns três ou quatro anos, e depois virei empregada na casa da filha dela”, conta.

A primeira gravidez, na virada dos 17 para os 18 anos de idade, fez com que Izabel tivesse de parar os serviços enquanto esperava a vaga em uma creche. No fim, Izabel conseguiu um espaço para seu filho em uma creche no bairro paulistano de Moema, perto da nova casa em que trabalhava como doméstica.

Aos 20 anos de idade, Izabel queria mudar de vida. “Deu uma loucura na minha cabeça: não queria mais trabalhar em casas de família, e sim na área de produção e embalagem. Assim que consegui uma nova vaga de creche, saí do meu trabalho e me tornei auxiliar temporária na área”, conta.

Outros bicos em fábricas de cosméticos e empresas de embalagens (e mais dois filhos) depois, Izabel voltaria para o ramo de limpeza. Procurando um trabalho de carga horária menor, que permitisse a ela conciliar vida pessoal e profissional, achou uma vaga de auxiliar de limpeza terceirizada em uma escola de alto padrão no bairro da Vila Olímpia.

“Fiquei sete anos nesse colégio, até que a empresa para a qual eu prestava serviços perdeu o contrato com a escola. Passei a ser auxiliar de limpeza em um condomínio, no bairro Cidade Jardim”, conta. Izabel ficaria mais dez anos no novo local, chegando ao cargo de supervisora de limpeza.

A chance de empreender veio por “mera coincidência”: a empresa que terceirizava Izabel perdeu o contrato de limpeza do condomínio para uma franqueadora chamada Jan Pro. Como a funcionária havia conquistado uma boa comunicação com a gerência do local, recebeu uma nova oferta de emprego: ela continuaria no mesmo cargo, mas pela Jan Pro.

“Vi uma oportunidade: dediquei boa parte da minha vida naquela outra empresa e não conseguia enxergar êxitos maiores. E eu não iria precisar sair do local ou do posto onde eu já estava”, conta.

Após 11 meses como gerente operacional de limpeza da Jan Pro no condomínio, escutou do diretor do negócio que tinha o potencial de se tornar uma franqueada, aproveitando a desistência de outro empreendedor. “Eu nunca tinha cogitado isso antes. Tinha quase 40 anos de idade e achava que já estava no meu limite. Fiquei entusiasmada.”

Vida de franqueada

Izabel tornou-se franqueada em fevereiro de 2014, assumindo o próprio condomínio em que já atuava como gerente da Jan Pro – basicamente, conquistando os clientes da empresa que a terceirizava.

Para conseguir o investimento inicial da franquia, de 20 mil reais, usou a rescisão de seu cargo e parcelou o restante do valor. Outros 20 mil reais em equipamentos do antigo franqueado do local também foram comprados em prestações.

No total, eram 40 mil reais de investimento em 36 parcelas. No primeiro mês de operação, Izabel já conseguiu tirar o valor suficiente para quitar toda a dívida e tirar algum lucro.

Hoje, sua franquia emprega doze funcionários e presta serviços para o condomínio e para uma loja de roupa íntima feminina no Shopping Jardim Sul, também em São Paulo. Em 2017, o negócio de Izabel faturou 390 mil reais – e ela quer chegar a 450 mil reais neste ano, atingindo uma meta de 20 contratos.

“Depois que me tornei empreendedora, minha vida ficou mais leve em qualidade de vida – consegui reformar minha casa e ter mais tempo para minha família, além de poder voltar a estudar. Em média, meus rendimentos são bem melhores. Mas vale lembrar esses valores não são fixos, como acontecia quando eu era funcionária, e minha responsabilidade é maior”, avisa a empreendedora.

Um conselho que Izabel daria a quem quer ter seu próprio negócio, franqueado ou não, é não ter medo de dar o primeiro passo. “Muita gente fala que só quem tem muito dinheiro se torna franqueado. Eu não tinha capital, mas tinha coragem”, afirma.

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