Fábio Biral, Lourenço Neto, Diego Ramiro (sentado), Pedro Lopes e Mayros Gama, sócios da Miura Investimentos: expansão com a aquisição de escritórios concorrentes e em mercados promissores do interior do país (Vagner Concon/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 10h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 16h45.
Um dos principais escritórios de investimentos sediados no interior paulista, a Miura Investimentos, de Campinas (SP), está de casa nova: o banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
Fundada em 2009 para distribuir produtos do banco Cruzeiro do Sul, a Miura já teve contrato de distribuição de produtos da corretora Ágora, do banco Bradesco e, de 2018 até agora, da Guide Investimentos. A partir de janeiro, os clientes da Miura terão acesso à plataforma de investimentos do BTG Pactual.
“A proposta é diversificar o portfólio de produtos financeiros oferecidos aos clientes estando na maior plataforma de investimentos do país”, diz o sócio fundador Diego Ramiro, um veterano do mercado de capitais e atual presidente da ABAAI (Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos), que representa o setor.
O movimento ocorre após outra liderança da ABAAI, o ex-presidente Marcello Popoff, diretor de expansão do escritório Lifetime, de São Paulo, trocar a corretora XP pela plataforma do BTG, em setembro do ano passado.
A mudança de casa ocorre num momento de expansão dos negócios da Miura. Motivado pela entrada de investidores em aplicações de renda variável num cenário de juros baixos, o escritório viu o patrimônio dos clientes aumentar 55% no ano passado – para cerca de 530 milhões de reais.
Em 2021, a meta dos sócios é chegar a 800 milhões de reais e, no ano que vem, ultrapassar os 1,3 bilhão de reais.
Natural de Campinas, Ramiro saiu da faculdade em meados dos anos 2000 com a missão de educar os investidores da região sobre as oportunidades de ganhar dinheiro sem depender dos produtos tradicionais dos bancões de varejo, como as aplicações em renda fixa.
A receita para isso foi educar os clientes. Desde os primórdios da Miura, boa parte da clientela fecha negócios após assistir a alguma palestra sobre o mercado financeiro, muitas delas ministradas pelo próprio Ramiro, numa estratégia de marketing similar à oferecida pelos maiores escritórios do país, como o EQI, que trocou a corretora XP pelo BTG em julho do ano passado.
No início, estavam no portfólio da Miura apenas papéis de empresas listadas na Bolsa, um conceito na época chamado de “escritório monoproduto”.
Com o passar dos anos, o portfólio do escritório acompanhou o movimento de sofisticação vivido pelo mercado de capitais no país e incorporou um rol extenso de fundos e até mesmo produtos de renda fixa comuns bancões tradicionais. Hoje em dia, apenas 30% dos clientes da Miura aplicam só em ações. O restante está em aplicações de renda fixa, como produtos atrelados ao mercado imobiliário (CRI e LCI) e ao agronegócio (CRA e LCA), além de fundos diversificados.
A diversificação ajudou a Miura a atravessar bem a pandemia. Mesmo com o vaivém da B3, a bolsa de valores brasileira, que despencou no início de 2020 por causa das incertezas trazidas pela crise sanitária, o ano terminou com bons frutos para o escritório.
Com a entrada de investidores em produtos de renda variável, o ritmo de abertura de contas dobrou: hoje são 80, em média, por semana. O tiquete médio dos clientes também cresceu: hoje está em 370.000 reais – 50% acima do patamar pré-pandemia.
O movimento de plugar os investimentos à plataforma do BTG Pactual vem na esteira de uma demanda por ampliar ainda mais o leque de opções aos clientes. “Queremos usar a plataforma do maior banco de investimento do país para ampliar nossa presença em mercados potenciais como o de pessoas jurídicas”, diz Ramiro.
Em outra frente, a Miura é reconhecida por abrir escritórios em cidades médias com potencial inexplorado para o mercado de capitais e enriquecidas pela pujança do agronegócio, como Sorocaba e Registro, no interior paulista, Londrina, no norte do Paraná, além de Goiânia e Brasília, os dois maiores centros consumidores da região Centro-Oeste.
Nos últimos meses, a Miura vem investindo na aquisição de escritórios menores para acelerar a expansão em grandes centros. Foi o caso do carioca Laks, no ano passado, um passo importante para a Miura fincar os pés de fato na segunda maior cidade do país. A expectativa para 2021 é de ao menos duas aquisições até abril. Em paralelo, os sócios esperam abrir unidades em outros dois mercados promissores para o mercado de capitais: Porto Velho, em Rondônia, e São Luís, no Maranhão.
Em paralelo à atividade na Miura, Ramiro vem atuando nos últimos anos para dar visibilidade à atividade do assessor de investimentos no país. Desde 2019, ele preside a Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos, a ABAAI, dedicada a temas do interesse dos colegas de profissão.
Na agenda de temas para 2021 da associação estão temas do interesse tanto de assessores como de investidores. A começar por regras mais claras à portabilidade das aplicações financeiras. “Atualmente, cada player do mercado adota procedimentos diferentes ao dar adeus a um investidor”, diz Ramiro. “Isso gera burocracias e desestimula os clientes a buscar melhores alternativas na concorrência.”
A agenda de simplificação nas regras visa ampliar a atuação dos agentes autônomos, hoje responsáveis pela captação de algo como 80 bilhões de reais de investidores país afora. "Isso é apenas 7% dos recursos aplicados no sistema financeiro brasileiro", diz Ramiro. "Há ainda muito mercado a ser explorado pelos agentes autônomos no país."