Lady Driver: negócio começou após fundadora ter sido assediada durante uma corrida (Lady Driver/Facebook/Reprodução)
Mariana Fonseca
Publicado em 28 de abril de 2017 às 06h00.
Última atualização em 28 de abril de 2017 às 14h38.
Qual problema é esse? Insegurança. Acaba de inaugurar em São Paulo a Lady Driver, aplicativo de transporte voltado especificamente para o público feminino, que conecta passageiras a motoristas mulheres.
O objetivo desta iniciativa, de acordo com as fundadoras, é trazer mais segurança, tranquilidade e empatia para as passageiras durante as corridas, atendendo as necessidades do universo feminino e atuando também como ferramenta mediadora da independência financeira da mulher.
A ideia de criar esta solução surgiu em fevereiro de 2016, após um triste episódio: Gabriela Correa, fundadora da empresa, foi assediada por um taxista chamado por um app.
“Fiquei com medo de denunciá-lo porque ele me buscou em casa. Após este incidente, decidi que faria algo para que as mulheres não passassem mais por este constrangimento”, explica.
A partir de então, Gabriela se juntou com as outras fundadoras Raquel Lopes e Bianca Saab e começaram a trabalhar no projeto, que foi validado com um MVP. Em setembro, após a validação, elas buscaram o credenciamento na prefeitura de São Paulo. A licença foi concedida no dia 8 de março de 2017, dia internacional da mulher.
Atualmente, a Lady Driver é o único aplicativo de motoristas particulares do sexo feminino com liberação do município. Atualmente, a startup já tem 2.800 motoristas credenciadas. Delas, 20% são mulheres que nunca trabalharam com outros aplicativos por motivo de insegurança.
“Quando uma passageira entra em um carro com uma Lady Driver, ela sabe que está empoderando uma motorista economicamente, e está contribuindo para igualdade de gêneros no ramo do transporte por aplicativos, além de sentir-se mais à vontade durante a corrida.”
De acordo com ela, todos os detalhes da empresa foram pensados para as mulheres: desde o nome até o design do app. Além disso, os valores das corridas são competitivos e, de acordo com Gabriela, as motoristas pagam a menor taxa do mercado: 16% do valor das corridas.
Além dos investidores da startup, a equipe é 100% feminina. Sobre a visibilidade delas no mercado empreendedor no Brasil, Gabriela diz que o espaço da mulher está crescendo dia a dia, “haja visto que as mulheres estão unidas, buscando igualdade de gêneros nos negócios e trabalho."
"Atualmente temos muitos grupos de empreendedoras mulheres, o que ajuda muito e fortalece o nosso trabalho. O grupo Mulheres que decidem (MQD), a casa Feminaria e o grupo Mulheres do Brasil foram grandes aliados para o sucesso do nosso projeto”, diz. “Creio que através destes grupos, as mulheres estão cada dia mais preparadas para o empreendedorismo.”
Antes de colocar o app no ar, pesquisas realizadas pela Lady Driver apontaram que as mulheres se sentem mais seguras e à vontade na presença de uma motorista do sexo feminino.
“Por exemplo, se a passageira quiser se arrumar dentro do carro, ou se tomou uns drinks a mais com as amigas e vai voltar para a casa, ou até mesmo se estiverem com seus filhos nos carros, elas sabem que uma mulher entende as necessidades da criança. Além destes fatores, fizemos pesquisas também sobre a mulher na direção e as mesmas mostram que as mulheres são melhores no trânsito, causam menos acidentes”, explica.
A startup já recebeu aporte de R$ 1 milhão de reais em investimentos liderados pela Kick Ventures, do head Rodrigo Quinalha. Com esse investimento, a empresa pretende chegar em dezenas de cidades do Brasil ainda este ano. Por enquanto, a empresa opera em São Paulo e Guarulhos.
Os planos de expansão contemplam, inicialmente o Rio de Janeiro e, em seguida, outras capitais brasileiras. “Queremos chegar com até 10 mil motoristas no final do ano e lançar a Lady Service, que é o serviço de entregas feito por mulheres”, finaliza Gabriela.
O aplicativo pode ser encontrado para download na plataforma Android e poderá ser baixado também em plataforma iOS em breve.