Claudinei dos Anjos, da Estofados Anjos e Anjos Colchões: ele começou sua indústria em 1990, com o equivalente a 25 mil reais (Anjos Colchões/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2018 às 06h00.
São Paulo – As dificuldades fazem parte da vida de todo empreendedor. Mesmo assim, muitos acabam desistindo do próprio negócio já no primeiro obstáculo que enfrentam.
A história de Claudinei dos Anjos pode servir como inspiração para aqueles que estão prestes a abandonar o empreendedorismo. O fundador da indústria Anjos Colchões enfrentou não apenas um incêndio em sua fábrica de estofados, mas também uma dívida de 800 mil reais decorrente da perda de matéria-prima e da danificação do maquinário.
Mesmo com tantas adversidades, ele estava disposto a virar o jogo. Apenas em 2017, a indústria Estofados Anjos e a rede de franquias Anjos Colchões faturaram 63 milhões de reais. Com 54 lojas em operação, a franqueadora espera crescer 8% em 2018.
Claudinei dos Anjos teve diversas carreiras diferentes até virar empreendedor. Começou como auxiliar no Banco Real (atualmente parte do Grupo Santander), serviu como militar durante um ano e depois tornou-se vereador no município de Capitão Leônidas Marques, no Paraná, no ano de 1989.
Como político, Dos Anjos assistia a palestras em diversas cidades sobre temas interessantes à sua região. Em uma delas, soube do potencial das indústrias para a geração de empregos. Pensando em como trazer mais oportunidades de trabalho em Capitão Leônidas Marques, decidiu fundar sua própria fábrica.
“Meu sogro tinha uma loja de móveis e, nos fundos, fazia a reforma dessas peças. Então, tive a ideia de montar uma indústria de estofados para poltronas e sofás”, conta Dos Anjos. Enquanto a prefeitura cedeu um barracão industrial que estava desocupado, o empreendedor investiu o equivalente a 25 mil reais em matéria-prima, equipamentos e primeiros funcionários.
A fábrica da Estofados Anjos começou a operar em 1990. Dos Anjos cumpriu seu mandato como vereador em 1993 e passou a se dedicar completamente ao empreendimento. Sempre que viajava, ficava de olho nos concorrentes e prestava atenção em itens como design e uso de estofados e madeiras.
“Tivemos a dificuldade de qualquer começo de negócio, que é vender os primeiros produtos. Mas começamos a visitar feiras estaduais, conhecer a concorrência, contatar possíveis representantes e escutar nossos clientes. Todo ano prevíamos tendências de cores e modelos e fazíamos lançamentos inovadores no mercado. Com isso, fomos crescendo.”
Nove anos depois, em 1999, a Estofados Anjos planejava a construção de uma nova ala de produção, com quatro barracões. Quando o projeto estava 50% pronto, uma solda caiu em cima de um material plástico na parte ainda em obras. O resultado foi um incêndio em grandes proporções, que destruiu inclusive os dois barracões já finalizados. A matéria-prima toda queimou e as máquinas foram danificadas.
A Estofados Anjos acumulou uma dívida de 800 mil reais com seus fornecedores. “Quando vi tudo queimado, entrei em desespero e achei que ia perder tudo, inclusive funcionários. A primeira semana após o incêndio foi difícil, eu pensava dia e noite no que iria fazer”, conta Dos Anjos.
“Com o tempo, compreendi que teria de recomeçar mesmo, mas agora já tinha muito mais experiência do que em 1990. Tinha modelo de negócio, clientes e uma equipe treinada. Nosso foco e nossa vontade de seguir em frente era o que nos levantaria novamente.”
O primeiro passo para reconstruir a Estofados Anjos foi ligar para todos os fornecedores e pedir um parcelamento de dez a vinte vezes da mercadoria que havia sido comprada, mas queimada.
A indústria entrou em concordata – um acordo com seus credores para evitar declarar falência – e comprou mais matéria-prima para fazer os pedidos já feitos girarem. Após dois anos, o empreendimento conseguiu pagar tudo que devia.
“O incêndio nos ajudou a administrar melhor a empresa dali para frente”, afirma o empreendedor. “Ele mostrou como precisávamos ter mais organização no negócio, independentemente do crescimento. Planejamos melhor todos os nossos processos, inclusive financeiros. Sem isso, não conseguiríamos dar a volta por cima e continuar a gerarmos empregos.”
A Estofados Anjos começou a fabricar também colchões com inovações de qualidade e design – laterais de linho e de malha de bambu, por exemplo – e percebeu como o mercado era promissor. Em pouco tempo, os colchões se tornaram o carro-chefe da fábrica, representando 70% da produção atualmente.
Dos Anjos percebeu que era a hora de criar lojas e atender também o consumidor final. Porém, não possuía experiência em seleção de pontos comerciais e treinamentos para vendedores, por exemplo. Ele trouxe nomes do varejo para ajudar no nosso processo de expansão, no ano de 2010.
A Estofados Anjos até tentou expandir por meio de lojas próprias, mas viu que o franqueamento era a melhor opção. Por isso, inaugurou a franqueadora Anjos Colchões, que vende tantos os colchões e estofados da fábrica de Dos Anjos quanto produtos homologados, como roupas de cama e travesseiros.
Hoje, a Anjos Colchões possui 54 lojas em operação, sendo três delas no Paraguai. O faturamento em 2017 foi de 63 milhões de reais. A franqueadora pretende abrir mais 30 lojas em 2018 e, com isso, aumentar em 8% o faturamento.
Anjos Colchões
Investimento inicial: 120 mil reais
Prazo de retorno: 18 a 36 meses