Guilherme Weigert, CEO da Conexa: Empresa viu demanda explodir na pandemia (André Valentim/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 21 de agosto de 2020 às 06h00.
Última atualização em 21 de agosto de 2020 às 23h17.
A startup Conexa faz parte do seleto grupo de empresas que cresceram em meio à pandemia de covid-19. Há três anos no mercado, oferece serviços de telemedicina para operadoras de saúde, hospitais e clínicas. Antes da atual crise global, atendia em média 50 pacientes por dia. Agora são 15.000. Desde janeiro, a Conexa fez 1 milhão de consultas, enquanto a população usuária de telemedicina subiu de 150.000 para 3,5 milhões no país.
“Sabíamos que o mundo de saúde digital chegaria e nos preparamos para isso”, diz Guilherme Weigert, presidente da empresa, que ampliou recentemente o quadro de funcionários de 40 para 170 e conseguiu um aporte de 40 milhões de reais de investidores, como o fundo de private equity americano General Atlantic.
A expectativa da empresa era de que o mercado de saúde digital tivesse uma alta após a definição de novas regras para a telemedicina, previta para o segundo semestre de 2020. Mas o crescimento vindo com a pandemia foi muito além. Para dar conta da demanda, a equipe da Conexa teve que se desdobrar. "Foram noites em clar e fins de semana 100% focados no trabalho até ajustar os processos", lembra o executivo.
Fundada pelo empreendedor Fernando Domingues, a Conexa começou em 2016 como clínica de atenção primária, partindo do princípio de que a atenção primária é a porta de entrada para um cuidado com a saúde mais sustentável. No ano seguinte, o negócio mudou para o ambiente digital no formato que permanece até hoje. “Nada melhor do que uma porta de entrada com a capilaridade que a telemedicina permite. É um modelo muito mais escalável”, afirma Weigert.
Nessa modalidade, a startup oferece serviços para empresas, hospitais e operadoras de saúde. Pelas consultas virtuais com um médico generalista, é possível identificar o perfil do paciente e encaminhá-lo para uma linha de cuidado de acordo com suas necessidades. O atendimento está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.
A Conexa também oferece o atendimento com especialistas, que ajudam na tomada de decisão em casos específicos. Faz ainda um serviço de tecnologia para atendimentos remotos para outras empresas, num modelo white label. Ao todo, a Conexa tem mais de 80 clientes institucionais, dentre eles Dasa, Prevent Senior, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Droga Raia e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Com a pandemia, a empresa passou a oferecer também uma modalidade voltada ao consumidor final, focada no público que não tem plano de saúde. O momento também gerou procura por parte de médicos que, com o isolamento social, precisavam de uma alternativa para continuar atendendo.
Para esse público, a Conexa desenvolveu um consultório virtual, plataforma que pode ser usada tanto para atendimentos via telemedicina quanto para gerenciar o contato com o paciente em consultas presenciais, através de prontuário eletrônico, registro de informações e emissão de receita médica. Nessa modalidade, a startup tem 4 mil médicos cadastrados.
“Há muitos problemas na saúde no Brasil. A digitalização da saúde é uma forma de começar uma medicina nova, sem desperdícios. Hoje, o investimento que é feito não é proporcional ao cuidado recebido pelo paciente”, afirma Weigert. As mudanças no setor de saúde impulsionadas pela pandemia e pelo maior uso da tecnologia foram tema de reportagem desta edição da EXAME.