João Marcelo Barros, sócio-fundador da Wings (Wings/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 07h00.
São Paulo - Com o propósito de tornar a gestão dos veículos mais eficiente, a pernambucana Wings acabou desenvolvendo um dispositivo que monitora o automóvel de maneira remota, em tempo real e com baixo custo. Com foco no consumidor final e também em concessionárias, a empresa de tecnologia quer expandir sua atuação no país e prevê um faturamento de 87 milhões de reais neste ano.
Em 2010, os jovens João Marcelo Barros e Felipe Serra, de Recife, deram o pontapé inicial na empresa juntamente com o ex-jogador de futebol Juninho Pernambucano, sócio-investidor da Wings. Eles começaram desenvolvendo tecnologias para concessionárias e montadoras. A ideia era tornar os serviços mais assertivos. “Quem nunca pensou que certas revisões obrigatórias dos automóveis são desnecessárias?”, indaga Barros, diretor e sócio-fundador da Wings.
Com este foco em mente, os sócios trabalharam em um hardware que lê os "hábitos" do carro e fornece informações importantes para a manutenção do veículo, incluindo a preditiva, que reduz a necessidade de reparos e evita tempo parado na concessionária.
O Vehicle Artificial Intelligence (VAI) utiliza-se de inteligência artificial para detectar problemas e desgaste. O investimento inicial no desenvolvimento do dispositivo foi em torno de 3 milhões de reais.
Na ponta do consumidor final, o VAI permite, por exemplo, acesso à localização do veículo em tempo real, diferentemente do que ocorre em serviços de rastreamento, que podem levar até sete minutos para fornecer essa informação. “Somente com essa funcionalidade, as chances de recuperação do automóvel saltam para até 90%”, comenta Barros.
O monitoramento da Wings é feito via celular do cliente, por meio de um aplicativo. Outra funcionalidade, chamada “Estacionamento Seguro”, notifica o condutor em qualquer tentativa de partida do veículo. Os pacotes custam a partir de 18 reais mensais.
Segundo o empresário, mais de 70% da frota brasileira não tem seguro devido ao alto valor da apólice. "Muitas vezes, o custo de contratar um seguro é inviável no Brasil. Chegamos para oferecer uma alternativa low-cost."
A Wings pretende expandir sua área de atuação para além das concessionárias e do consumidor final. Um dos focos será as locadoras. "Estamos desenvolvendo um dispositivo que permite o cadastramento, locação e destravamento do veículo por aplicativo", explica Barros.
Adicionalmente, o empresário relata que a Wings estuda parcerias com seguradoras. "Estas empresas poderão customizar os seus serviços, uma vez que terão um diagnóstico preciso do veículo."
A Wings encerrou 2019 com um faturamento de 36 milhões de reais e cerca de 70 concessionárias atendidas. Para 2020, a meta é chegar a mais de 500. Para tanto, a companhia continuará usando seu carro-chefe, o VAI, para ampliar a base de clientes. Segundo Barros, o dispositivo faz uma espécie de "scanner" da saúde do veículo, permitindo que a concessionária programe sua equipe e atenda o cliente de forma mais assertiva ao antecipar, por exemplo, a substituição de itens cuja vida útil está próxima do fim.
No entanto, a empresa terá que vencer a resistência do setor automotivo, em que os processos são mais lentos justamente pela sua forte tradição e hierarquia.
"Queremos ajudar as concessionárias a ganhar eficiência. Estamos quebrando o conservadorismo da indústria automotiva", diz Barros. "O atestado de ineficiência do modelo de negócios atual é o fato de ainda haver salas de espera nas concessionárias."