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Empresa de entregas compra rivais e dobra aposta no e-commerce 

Com 250 caminhões e clientes como Via Varejo e Magazine Luiza, OnTime aposta que irá dobrar de tamanho em 2020

E-commerce (Emilija Manevska/Getty Images)

E-commerce (Emilija Manevska/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 12h06.

De olho no crescimento do comércio eletrônico, a OnTime, empresa de logística e transporte, adquiriu duas rivais.A companhia, que atua há dez anos com entregas de cargas, voltada principalmente ao comércio eletrônico, anunciou a compra das transportadoras BGS e SOLIS. A primeira, especializada em logística de pesados e a segunda, em transferência de carga fechada.

Entre os clientes da OnTime, estão gigantes do comércio eletrônico brasileiro como a Via Varejo, Magazine Luiza e suas marcas Netshoes e Zatini, Madeira Madeira, de móveis, e Wine, de vinhos.

Em 2019, a OnTime realizou 3 milhões de entregas e atingiu faturamento de 100 milhões de reais. São 230 colaboradores e uma frota de 15 caminhões próprios. Para ter mais flexibilidade nas entregas, aluga ainda outros 15 caminhões e trabalha com outros 200 veículos operados por terceirizados.

A OnTime Log atua em 5.500 municípios brasileiros com centros de distribuição em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e Paraíba. Possui também sete operações dentro de centros de distribuição dos clientes. A maior parte do fluxo de entregas acontece no estado de São Paulo, onde 120 caminhões da OnTime circulam diariamente.

Diversificação

A OnTime nasceu para atender o comércio eletrônico e entregar produtos na casa de clientes, divisão que é responsável por 90% de seu faturamento. 

Hoje, a empresa busca ampliar o leque de produtos oferecidos, trabalhando também com entregas para empresas, em centros de distribuição e abastecimentos de loja. Os negócios B2B ajudam a companhia a ter receitas maiores e mais recorrentes. 

As aquisições devem ajudar nesse objetivo. “Há muito espaço para consolidação no mercado”, diz Carlos Figueiredo, diretor-presidente da OnTime Log.

A companhia, que surgiu há 10 anos, acompanhou o desenvolvimento do comércio eletrônico no país. De um negócio pequeno, o e-commerce se tornou mais relevante para as empresas, mais acelerado nas entregas e mais acirrado, com a entrada de novos concorrentes e o crescimento do marketplace, que trouxe dezenas de milhares de vendedores para o mundo digital.

Nesse período, os prazos para entrega foram sendo encurtados, por exigência do consumidor, diz Figueiredo. A entrega expressa, em até dois dias, é feita principalmente por motos. Em abril de 2019, a empresa passou a atuar também com cargas pesadas, com a abertura de um novo centro de distribuição em Cajamar, SP.

Em julho de 2019, a OnTime Log recebeu um aporte do fundo Fip Ávila, da Vinci Gestão de Patrimônio. Com o aporte, o fundo ampliou sua fatia na empresa de 15% para 91%.

Para o futuro, a OnTime aposta em logística reversa, modalidade relevante principalmente para o comércio eletrônico de moda, em que é preciso devolver peças com mais frequência.

Setor aquecido

O setor de transporte de carga está aquecido. Na semana passada, a Sequoia Logística anunciou que chegou a um faturamento de 1 bilhão de reais, após seis aquisições de rivais. A empresa espera abrir capital na bolsa este ano e atingir receitas de 1,25 bilhão de reais.

O mercado viu, nos últimos anos, o surgimento de diversas startups como Mandaê e CargoX e a asiática LalaMove chegou ao mercado brasileiro. A Uber vai investir 200 milhões de dólares por ano no Uber Freight, serviço para o transporte de cargas no mundo.

Além disso, as próprias varejistas começaram a criar serviços de transporte próprios. É o caso do Mercado Envios, que realiza até a coleta dos produtos nos estoques de certos vendedores, e da B2W, dona da Americanas.com e Submarino.com, que criou a divisão criou a plataforma de logística Let's, que faz fulfillment e possui ainda o app Voe para conectar entregadores independentes e acelerar as entregas para até duas horas.

Cerca de 60% de toda carga que é transportada no país é levada pelas rodovias. Há 147 mil empresas transportadoras de carga, além de 492 mil autônomos, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte.

Com a retomada do crescimento econômico, a logística também volta a aquecer. Houve aumento de 3,8% no fluxo de veículos de transporte nas rodovias de janeiro a outubro de 2019. O maior aumento foi no fluxo de transporte de cargas pesadas, de 4,5%, de acordo com a CNT.

Mesmo com o mercado em transformação, a OnTime aposta que sua eficiência e experiência no setor a mantenham pela próxima década.

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