Venture capital: 53% dos empreendedores entendem pouco ou muito pouco do ecossistema de capital (Maskot/Getty Images)
O mercado de venture capital no país vem quebrando recorde após recorde, e o céu não é o limite quando o assunto é o valor captado por startups brasileiras. Somente nos primeiros cinco meses deste ano, o volume recebido por essas empresas superou o total de aportes recebidos em 2020, num montante de 3,9 bilhões de dólares, segundo um levantamento do Distrito. O recorde mais recente foi a captação de 730 milhões de dólares do Nubank, no início de junho.
Mas mesmo com o ganho de maturidade deste mercado e a escalada no número de unicórnios no país, o universo de venture capital ainda gera dúvidas em boa parte dos empreendedores. É o que mostra o mapeamento “Venture Capital para Scale-ups”, desenvolvido pela Endeavor e patrocinado pela Ernst & Young e pela Anbima. Segundo a pesquisa, 53% das scale-ups têm pouco ou muito pouco conhecimento sobre o ecossistema de capital.
Para o mapeamento, foram consultadas as empresas que fazem parte da rede da Endeavor, a partir de 311 mentorias feitas pela organização entre os anos de 2017 e 2020. O resultado é um estudo que reúne as principais informações sobre a dinâmica de venture capital no Brasil e as perguntas mais frequentes feitas por empreendedores que buscam investimentos. Além disso, a ideia é reunir recomendações para empresas em diferentes estágios de captação.
Entre as principais dúvidas de empreendedores à frente de startups em fase de escala em relação ao recebimento de aportes estão como os fundos se estruturam; como os investidores selecionam as scale-ups a serem investidas; como é o relacionamento entre empreendedor e investidor depois do investimento e como é o processo de saída do investimento. Por essa razão, o estudo foi dividido nestas quatro partes.
“A proposta foi pegar algo que era nosso, de algo que organizamos aqui dentro, mas levar isso para o mercado e ajudar a todos os empreendedores, mesmo os de fora da nossa rede”, diz Marina Thiago, gerente de advocacy da Endeavor.
Segundo Marina, a baixa compreensão desse ecossistema dificulta o acesso a capital pelas scale-ups, em especial em suas fases iniciais e de expansão. Além disso, há uma concentração de renda por um grupo seleto de empresas, visto que o conhecimento não chega a uma grande quantidade de startups.
Esse é o segundo mapeamento sobre acesso a capital elaborado pela Endeavor, mas diferente do documento publicado no ano passado, que falava mais sobre o processo de captação em si e como fazer uma captação bem estruturada, o mapeamento de agora trata da dinâmica dos investimentos, do início ao fim - inclusive o relacionamento entre empresas e gestores pós-investimento.
“As decisões que um empreendedor toma no início de uma captação definem o futuro da empresa como um todo”, diz Karina Almeida, coordenadora de advocacy e especialista de acesso a capital da Endeavor Brasil. “Vimos que os empreendedores estavam de fato preocupados em montar uma boa estratégia para não cometer erros futuros”.
- (Endeavor)
Em um segundo momento, os empreendedores também foram perguntados sobre desafios específicos dentro de cada um dos temas acima destacados. Do ponto de vista de estratégia de captação, as empresas mencionaram a dificuldade em entender alternativas de capital, melhor timing e plano de captação.
Em ‘preparação para captação’, as scale-up consideram como principais desafios o relacionamento com investidores, a elaboração do pitchdeck e organização interna. Já durante o processo de captação em si, o principal desafio, mostra o mapeamento, é a negociação com investidores. O mesmo acontece no período de pós-captação, quando o investidor se torna sócio do negócio.
"É preciso entender que quando você capta, ganha um novo sócio e uma série de benefícios - ou não. Uma scale-up precisa estar pronta e com um bom conhecimento de mercado para as melhores tomadas de decisão”, diz Karina.
Segundo ela, mais do que o capital, o bom relacionamento e governança também são essenciais para o desenvolvimento de uma startup. Por isso, o mapa tem como objetivo nortear as melhores escolhas e recomendar boas práticas para empreendedores que desejam manter o bom relacionamento com fundos e demais investidores do mercado, mesmo após a captação. “A conta não é apenas o dinheiro que estou recebendo, mas a série de benefícios que vêm com isso”, diz Marina.
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