Breno e Caroline: do sonho de aliar a sustentabilidade no campo com a tecnologia dos laboratórios nasceu a Souvie. (Divulgação Souvie)
Vanessa Barbosa
Publicado em 18 de setembro de 2016 às 08h20.
São Paulo - O mercado de produtos naturais e orgânicos não para de crescer no Brasil e já atende a públicos absolutamente exigentes. Puxando essa expansão está a crescente preocupação com a saúde e a sustentabilidade. A maior procura é por alimentos orgânicos, mas aos poucos os cosméticos certificados começam a fisgar os consumidores atentos e, também, empreendedores apaixonados.
Do sonho de aliar as práticas sustentáveis no campo com a tecnologia dos laboratórios nasceu a Souvie, marca de cosmético orgânica lançada em dezembro de 2015 pelos sócios Caroline Villar e Breno Bittencourt Jorge. Apesar de recém-nascida, a empresa tem uma longa história de gestação e investimento próprio — 30 milhões de reais ao longo de seis anos. Esses foram o valor e tempo necessários para realizar todos os testes de cultivos, desenvolver fornecedores, construir e certificar a fábrica e as matérias-primas, e treinar os funcionários, 15 ao todo.
As linhas de estreia atendem a um público exigente e delicado, as gestantes e bebês, e incluem sabonetes, shampoos, cremes e óleos hidratantes, com preços que variam de R$ 32,00 a R$ 107,00. "Percebemos que o mercado de orgânicos não tem muita opção para gestante e recém-nascido no Brasil. É o nicho do nicho. Orgânico já é nicho, e grávidas também são", diz Villar.
Em particular, a linha de estreia possui ingredientes seguros para a mãe e o bebê. "Não contém óleo mineral, silicones, corantes sintéticos e parabenos. Outro diferencial é que não contém fragrância respeitando o período olfativo sensível da gestante", destaca a empreendedora. As próximas linhas da marca vão acompanhar as fases da vida do ser humano: criança, mulher, homem, e acima dos 40 anos.
Divulgação/ Souvie
Produção orgânica
Boa parte dos ingredientes que compõem os produtos da Souvie é cultivada na Fazenda São Benedito, no interior de São Paulo. Do local saem as plantas aromáticas para os cosméticos, como camomila, capim-limão, manjericão e erva-doce, que após passarem pela destilaria, dão origem ao óleo vegetal, óleo essencial e água floral.
É de lá que também saem as polpas, sorbets e picolés de frutas orgânicas da marca La Naturelle, uma investida antiga dos sócios, além de produtos fresquinhos de hortifrútis, tudo seguindo práticas agroecológicas de cultivo.
Villar conta que a consciência com a sustentabilidade à mesa acabou despertando a atenção dos sócios para outros hábitos cotidianos, como o uso de cosméticos. "A mesma preocupação que temos com o alimento que ingerimos, também deveríamos ter com os produtos que passamos no nossa pele, que é o maior orgão do corpo. Tudo que colocamos nela é absorvido pelo nosso organismo", diz.
A produção de um cosmético orgânico exige muito mais do que a exclusão de agrotóxicos — eles tampouco utilizam óleo mineral, silicones, corantes artificiais, conservantes e fragrâncias sintéticas, substâncias que podem prejudicar a saúde humana e ambiental, e muito menos são testados em animais. Divulgação/ Souvie
Como o Brasil não dispõe de uma regulação para cosméticos orgânicos, é preciso recorrer a certificações, como as emitidas pela francesa Ecocert e a do Instituto Biodinâmico (IBD). Em ambos os casos, os cosméticos devem respeitar um porcentual mínimo de matérias primas orgânicas. Os ingredientes que não são orgânicos devem ser de origem vegetal e respeitar uma cadeia sustentável.
Os produtos da Souvie contam com certificação da Ecocert, segundo a qual um produto orgânico tem mais de 95% de matérias-primas orgânicas em relação à quantidade total de matérias-primas vegetais utilizadas na formulação.
O negócio que começou como um passa tempo — produzir sabonete caseiro de glicerina para presentear amigos e parentes — agora está presente em quase 100 pontos de venda no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Enquanto negocia sua expansão para outras regiões, a empresa conta com seu e-commerce para atender a demanda.
Até o final do ano, a expectativa é faturar R$ 9 milhões, o que representaria um terço do investimento. Para os próximos cinco anos, a Souvie prevê um crescimento anual de 20% a 30%.