São Paulo – Para muitas pessoas, cozinhar é uma atividade prazerosa e serve até como um tipo de terapia. A falta de tempo, no entanto, acaba sendo um obstáculo para que as pessoas optem por botar a mão na massa. Para facilitar a vida dos futuros chefs, um novo tipo de startup está surgindo no mercado.

As empresas de kits gastronômicos entregam os ingredientes e a receita para que o cliente prepare o prato. “Existe uma demanda latente. Por que tem tanta gente com vontade de cozinhar e as pessoas cozinham tão pouco?”, questiona Thiago Burgers, um dos sócios da startup paulistana Gulalá. 

No ar desde março deste ano, o Gulalá oferece um kit “pronto-para-cozinhar” que é entregue em domicílio com opções de receitas elaboradas por chefs. Fundada por Burgers, Fábio Diomelli e Rodrigo Helcer e com aporte dos investidores Claudio e Ricardo Gora, fundadores da Locaweb, eles se inspiraram em modelos de negócios semelhantes da Europa, Austrália e dos Estados Unidos.

Renata Vanzetto, do restaurante Marakuthai, William Ribeiro, chef revelação eleito pela Veja Comer&Beber 2010, Fabio Lazarini, do Varanda Grill, e Mariana Valentini, chef do programa FOX Bem Simples, fazem parte do time atual de chefs que elaboram as receitas da startup. “A remuneração dos chefs está atrelada à venda dos pratos deles. Vamos construir e ganhar juntos”, explica Burgers. 

No site, ao optar pela receita de cartoccio de salmão com couscous marroquinho, por exemplo, o usuário sabe quantas calorias ela tem e quais equipamentos serão necessários para executá-la. O kit é entregue com os ingredientes em até três dias úteis após o pedido.

“Fizemos uma parceria com os fornecedores e eles desenvolveram embalagens exclusivas”, explica Burgers. As proteínas, por exemplo, são da Intermezzo, mesmo fornecedor do Varanda Grill. Alguns ingredientes já vem picados como alho, cebola e salsa. As receitas custam, em média, 25 reais por pessoa. Com base em São Paulo, o Gulalá pretende expandir para outras capitais em breve. 

Com o mesmo objetivo de facilitar a vida daqueles que desejam se aventurar na cozinha, as engenheiras de alimentos Melissa Juliani Garcia e Maura Raposo de Almeida fundaram a Le Box no começo deste mês. As amigas sempre tiveram vontade de abrir um negócio. A oportunidade chegou depois de Melissa morar quatro anos na França e ter uma ideia similar ao que hoje é a empresa. Foram investidos 200 mil reais para montar uma cozinha industrial e elas estudaram e testaram receitas por dois anos.

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O e-commerce gastronômico oferece uma experiência culinária por meio de menus com entrada, prato principal e bebida. A receita de magret de pato com molho de jabuticaba em cama de musseline de amêndoas e ervilhas tortas salteadas, por exemplo, serve duas pessoas e custa 89,90 reais. Como sugestão de entrada, o mix de folhas picantes com confit de tomatinhos e lascas de amêndoas tostadas custa 25,90 reais.

Após montar o pedido, o cliente recebe em casa os ingredientes, desde um saquinho com cebola picada a uma porção de sal e pimenta exigidos no prato escolhido. “A gente quer facilitar. Além da praticidade, o desperdício acontece, às vezes, porque você compra produtos que só precisa para uma receita”, explica Melissa.

Pensando na praticidade na hora de receber o pedido, as empreendedoras investiram pesado nas embalagens dos kits. “A embalagem dura até 8 horas fora da geladeira, pois além do isopor tem uma manta térmica”, diz Maura. 

Tudo em um pote

A publicitária Danielle Dhoye pediu demissão e resolveu empreender. Em dezembro do ano passado, ao lado da psicóloga Astrid Sampaio, elas fundaram a Chez Moi Chez Toi, uma empresa que oferece ingredientes para fazer brownies, cookies e biscoitos integrais – tudo em apenas um pote. 

Os chocolates são belgas, as favas de baunilha de Madagascar e o cacau é francês. As receitas foram elaboradas de forma que o cliente só precise misturar os ingredientes do pote com ovos e manteiga. “Pensamos em proporcionar algo para pessoas que não sabem cozinhar”, explica Danielle. Cada pote custa a partir de 24 reais.

A entrega é feita para todo o Brasil, por meio dos Correios. Em São Paulo, o frete é grátis para determinadas regiões. Danielle explica que, por enquanto, elas não pretendem vender em loja, pois estão apreciando o contato direto dos clientes.