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Empreendedores criam rede social para quem ama vinil

Os empreendedores Lucas Stavitzki e Rômulo Troian querem ajudar a encontrar discos de vinil raros – além de promover mais interação entre os colecionadores.

Rômulo Troian e Lucas Stavitzki: a Luvnyl é voltada para quem considera discos de vinil uma cultura (Divulgação)

Rômulo Troian e Lucas Stavitzki: a Luvnyl é voltada para quem considera discos de vinil uma cultura (Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 27 de agosto de 2016 às 08h04.

São Paulo – Os discos de vinil voltaram à moda nos últimos anos. Por mais anacrônico que isso possa parecer, as “bolachas” são uma resposta para os tempos da internet e da rotina cada vez mais corrida: abrir o encarte, cheirá-lo, escolher o lado, colocá-lo no toca-discos, chamar os amigos e curtir um som incorporado é um ritual tanto para os que viveram o auge do vinil quanto para jovens que o descobriram recentemente.

É o que defende o empreendedor curitibano Rômulo Troian: para ele, o vinil é uma experiência única. Tanto é que seu negócio, feito junto do sócio e primo Lucas Stavitzki, quer transpor tal experiência para o mundo virtual.

“Especialmente agora, com o streaming, existem várias experiências ao escutar música. Mas quem gosta de discos de vinil não troca isso por nada. É mais do que ouvir: é uma cultura”, afirma Troian.

No começo deste ano, eles criaram a Luvnyl: uma rede social feita especialmente para os amantes dos discos de vinil. Hoje, a rede possui mais de 2 mil usuários e já estuda sua proposta de monetização.

Validação

Troian herdou a coleção de discos de vinil do seu pai, e desde então não parou de juntar mais álbuns. Apesar de sempre ter gostado de música, sua carreira foi feita na área de desenvolvimento de software.

A ideia de negócio veio de uma conversa com outros amigos que também colecionavam discos de vinil. “Percebi que é difícil encontrar os títulos mais antigos, das décadas de 1960 até 1980, por serem mais exclusivos. A única forma era ir de loja em loja ou perguntar para amigos”, conta o empreendedor.

“Queríamos sanar esse problema: faríamos com que as pessoas pudessem publicar seus discos online e vendê-los, enquanto os compradores poderiam achar todos os discos em um lugar só. Além disso, os usuários poderiam se conhecer e falar sobre discos de vinil.”

Em 2014, Troian participou do Startup Pirates, uma espécie de pré-aceleração intensiva, que dura oito dias. Lá, refinou sua ideia de startup, que foi selecionada como um dos três melhores empreendimentos do evento no Brasil.

O sucesso no Startup Pirates levou a outra pré-aceleração, já no fim de 2015. A incubação foi feita na Hot Milk, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR).

Em janeiro deste ano, a plataforma foi lançada em sua versão beta, criada tanto por Troian quanto por Stavitzki – ambos com background em tecnologia e em coleção de discos de vinil.

Como funciona?

A principal atividade da Luvnyl é seu marketplace: um espaço que facilita a compra e a venda de discos de vinil para usuários e lojas. “Esse marketplace atende à demanda por discos exclusivos e ajuda na busca de quem quer comprar, como comentamos. Várias lojas não possuem um e-commerce, então criamos a plataforma como uma forma de atraí-las para o ambiente online”, diz Troian.

Em paralelo, na Luvnyl também há a parte de rede social. Cada usuário possui seu próprio perfil, onde pode postar fotos dos seus vinis mais queridos, escrever textos sobre álbuns e música e criar sua própria lista de desejos. Nos perfis empresariais, as lojas podem colocar quais discos estão à venda e também um mapa para chegar ao local.

“O disco de vinil é um estilo de vida, então também queríamos ter uma rede social dentro da Luvnyl. Ela recebe feedbacks positivos, com as pessoas colocando fotos de discos e interagindo, conhecendo umas às outras. Foi além do negócio de compra e venda”, conta Troian.

Hoje, a Luvnyl tem 2,3 mil usuários e cerca de 5% são vendedores de vinis, sejam pessoas físicas ou lojas. Ao todo, são mais de 1,6 mil discos anunciados.

Segundo o empreendedor, há pessoas de todas as idades na rede social, mas a maioria possui entre 18 e 35 anos – jovens que se interessaram pelo vinil tardiamente e combinam esse gosto com uma frequência diária no mundo virtual.

Monetização e novos recursos

Por enquanto, a compra e venda de discos de vinil não passa por nenhum tipo de taxa de intermediação – o trâmite é feito diretamente entre vendedor e comprador.

“Até o final do ano, queremos entrar com a intermediação de negociação, cobrando uma porcentagem em cima de cada venda como forma de monetização”, explica Troian. “Ainda não está nada fechado, mas também estamos pensamos em anúncios e assinaturas como outras formas de receita.”

A Luvnyl incluirá novas ferramentas até o começo de 2017: a ideia é ter uma seção exclusiva na plataforma para a troca de discos; realizar mais integrações com outras redes, como o Facebook; e, por fim, lançar um aplicativo móvel para Android e iOS.

Com tais mudanças, Troian espera que a Luvnyl alcance 10 mil usuários no fim deste ano. Segundo ele, o salto é possível porque a rede social tem crescido de forma exponencial. “Depois do lançamento de uma atualização no site e a inauguração das novas funcionalidades, também investiremos mais no marketing”, completa.

Assim que a proposta de monetização estiver pronta, a Luvnyl pretende lançar-se em novos mercados. “Em 2017, queremos alcançar os maiores mercados consumidores de discos de vinil, como Estados Unidos e Europa.”

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