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Eles começaram um negócio com R$ 1 mil e buscam o primeiro milhão

Jovens sócios da empresa de alimentação saudável Lucco Fit começaram fazendo marmita na cozinha de casa e agora inauguram a primeira loja

Os sócios da Lucco Fit: Daniel Luco e Gustavo Brunello, na primeira loja da marca nos Jardins, em São Paulo (Carolina Luco/Divulgação)

Os sócios da Lucco Fit: Daniel Luco e Gustavo Brunello, na primeira loja da marca nos Jardins, em São Paulo (Carolina Luco/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 07h00.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2017 às 11h39.

São Paulo - Tudo começou com uma vontade de empreender e trabalhar com o que se gosta. O administrador Gustavo Brunello, 30 anos, trabalhava em uma multinacional, enquanto o estudante de administração Daniel Luco, 26, fazia um estágio na área. Eles haviam estudado no mesmo colégio, mas perdido contato até que uma amiga em comum viu que ambos tinham o mesmo objetivo e interesses: ter o próprio negócio e trabalhar com alimentação saudável.

O negócio demorou poucos meses para se concretizar. Sem reservas financeiras, os dois jovens resolveram iniciar, em maio de 2015, a venda das primeiras marmitas com o dinheiro que tinham, já que observaram que o segmento começava a ser explorado por outros empreendedores. Juntaram 500 reais cada um. “Vimos que ia demorar muito para começar do jeito que a gente queria. Resolvemos arriscar: o dinheiro deu para fazer um logo, comprar algumas embalagens e ingredientes”, diz Gustavo.

A produção das marmitas começou na cozinha do próprio Gustavo. Ambos gostavam de cozinhar, mas não tinham nenhuma experiência em fazer comida de forma profissional. “No começo erramos muito na quantidade de comida necessária. Compramos 10 quilos de frango e acabamos com muito menos do que isso porque não consideramos pontos como perda de líquido, por exemplo”.

Início caseiro

A Lucco Fit iniciou as vendas apenas para amigos e familiares. No começo as marmitas eram feitas apenas aos finais de semana e entregues no mesmo dia ou no dia seguinte, já que Gustavo continuava no seu emprego: Daniel já havia saído do estágio para se dedicar ao negócio. “No começo tudo que ganhávamos reinvestíamos. Até o meu salário eu usava”.

Depois de dois meses, começaram também a produzir marmitas ao longo da semana. “Contratamos uma cozinheira que agilizou muito o trabalho”. Logo investiram também em marketing nas redes sociais e começaram a vender para amigos de amigos até que decidiram alugar um espaço com cozinha e contratar mais funcionários. “Com cinco meses criamos o site do negócio para suportar o aumento de gastos. A partir disso as vendas aumentaram muito”.

Como o negócio é novo, os sócios tiveram dificuldade de obter crédito no mercado. “Fomos usando crédito pessoal para comprar equipamentos, de forma parcelada. Hoje já temos 100 mil reais em equipamentos quitados, inclusive uma máquina italiana de ultra congelamento, essencial para manter a qualidade dos alimentos”.

Um diferencial, conta Gustavo, foi contratar como freelancers dois profissionais experientes para cuidar da propaganda nas redes sociais. “No início até pagávamos com refeições. Mas depois fomos colocando metas para eles. Conforme atingiam, aumentávamos o salário”.

Prato da Lucco Fit

Prato da Lucco Fit (Facebook/Divulgação)

Foi necessário se reinventar

Quando muitos empreendedores passaram a atuar no mesmo segmento, a virada do negócio da Lucco Fit foi analisar quais eram, de fato, os clientes do negócio. “Os pratos que mais saíam não eram os de dieta: pessoal pedia muito estrogonofe, por exemplo. Então, em um trabalho feito nas redes sociais, descobrimos que quem comprava as marmitas não era quem treinava nas academias: 80% eram mulheres que queriam emagrecer ou simplesmente comer de forma saudável e não tinham tempo de preparar a comida porque chegavam tarde do trabalho”.

Os sócios então resolveram contratar uma agência para aprimorar o site e reposicionar a marca. “Tínhamos um logo com um cara mostrando o muque. Era tudo bem masculino. Demos um jeito de deixar a marca mais feminina”, conta Gustavo.

Mas o que era para ser algo com impacto positivo para o negócio teve uma implicação negativa: o novo site teve problemas de acesso. Resultado: o faturamento caiu pela metade. “Foi um baque. Ficamos desesperados, mas aprendemos uma lição importante: passamos a ser mais racionais nos gastos, e continuamos com esse pensamento até hoje”.

De tempos em tempos os sócios revisam os preços cobrados por fornecedores e negociam para reduzir custos. “Buscamos ter um diferencial de preço em relação a concorrentes, sem perder a qualidade”, diz Gustavo. Kits são mais vendidos do que pratos individuais na Lucco Fit. “O que inclui quatro refeições por dia durante um mês (café da manhã, almoço, lanche e jantar) custa 900 reais”.

Neste aprendizado, os sócios também decidiram tirar um salário fixo mensal, sem olhar para quanto faturavam. “Não íamos tirar mais se o mês fosse bom. Além disso, em momentos de aperto não tiramos nem esse valor fixo. Nos viramos com o que tínhamos. O importante era o negócio ir para frente”, conta Gustavo.

Busca por investidores para chegar à rua

De poucos pratos iniciais, como carne moída com mandioquinha, arroz e brócolis, o negócio passou a vender opções compostas por mais de 100 itens, entre eles filé mignon e salmão, conta Gustavo. “Ampliamos as opções, mas mantivemos o conceito de alimentação saudável. Não vendemos nada frito ou com farinha branca. Os grãos que utilizamos são integrais e os alimentos não têm corante ou conservantes”.

Com a recuperação do faturamento e o negócio crescendo a cada mês, Daniel e Gustavo sondaram alguns investidores para tentar obter o investimento necessário para montar uma primeira loja.

Os sócios decidiram montar um empório da marca que permitiria a clientes levar as marmitas por meio de um sistema de assinatura ou comer no próprio local, que também venderia opções adicionais de snacks e café gourmet. “Não conhecíamos nenhum concorrente que havia dado esse passo”. Na loja, o cliente poderia comprar marmitas em menor quantidade do que as vendidas pelo site. “Conseguimos ter mais flexibilidade”.

Uma família se interessou pelo negócio, mas a negociação não foi para a frente. “Eles queriam muito desconto, um porcentual relevante das vendas. Foi estressante”.

Paralelamente, os sócios resolveram contratar uma arquiteta para criar um padrão para a marca e o ambiente da primeira loja. “Sempre prezamos muito a imagem, tanto que até os pratos que entregamos procuramos montar como se fosse em um restaurante”, diz Gustavo.

Daniel e Gustavo se surpreenderam quando a arquiteta ficou interessada em investir na empresa. “Nossa confiança no negócio chamou a atenção dela e da equipe, que entraram para investir na montagem da nossa primeira loja, que será inaugurada neste mês nos Jardins. O investimento deles acabou sendo mais que o triplo do previsto inicialmente”.

Gustavo e Daniel se preocuparam em firmar um contrato no qual deixaram expresso que todas as decisões com relação à imagem e produtos teriam de envolvê-los. O objetivo é, agora, expandir por meio de franquias. “Vamos esperar que o investimento na loja seja quitado e pensar nos próximos passos”.

Hoje a empresa já tem 10 funcionários, trabalha com três motoboys terceirizados para entregar os pratos e faturou, em janeiro, mais de 100 mil reais. “Esperamos manter esse ritmo e faturar 1 milhão de reais no final do ano”.

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