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Ele viveu 8 anos na rua. Hoje, tem um negócio de jardinagem

Depois de chegar ao fundo do poço, Mauri Rodrigues se recuperou do alcoolismo, aprendeu um ofício e abriu sua empresa de jardinagem


	Mauri Rodrigues, dono da Oásis Paisagismo & Jardinagem: "Tive de ultrapassar muitas barreiras, e a mais difícil delas foi o alcoolismo"
 (Patricia Cruz/Jornal do Sebrae/SP)

Mauri Rodrigues, dono da Oásis Paisagismo & Jardinagem: "Tive de ultrapassar muitas barreiras, e a mais difícil delas foi o alcoolismo" (Patricia Cruz/Jornal do Sebrae/SP)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2016 às 10h32.

"O começo é sempre difícil. No início da Oásis, minha empresa de jardinagem e paisagismo, aceitávamos todo tipo de bico durante a semana: limpeza de quintal, de fundo de loja. Nos finais de semana, eu saía panfletando e divulgando meu trabalho com minha esposa, Rose. Com o tempo, começaram a aparecer clientes.

Hoje, nossos principais clientes são condomínios-clubes. Nesses locais, nós fazemos reformas e manutenção dos jardins, retiramos as pragas da folhagem, cuidamos da estética. Para que o jardim dure bastante tempo, ele precisa ser bem cuidado. Mas, voltando um pouco na minha história, tive de ultrapassar muitas barreiras, e a mais difícil delas foi o alcoolismo. A recuperação me tornou um cara forte, me motivando a empreender.

Eu me perdi no álcool ainda na adolescência. No primeiro gole, vi que tinha propensão ao alcoolismo. Eu bebia muito e não me contentava. Tem uma frase que os camaradas na rua dizem: ‘o álcool é o capeta engarrafado’, e é verdade.

Eu nunca tinha bebido pinga e com 30 anos comecei a fazer isso. Aquilo me dominou de uma forma que eu não queria mais voltar para a casa, voltava só para tomar banho. Chega uma hora em que você esquece que existe família e, quando fui perceber, já estava há uma semana fora de casa, sem ligar nem dar satisfação. Fiquei oito anos morando na rua até chegar a um ponto em que eu não comia mais, só pensava em beber.

Comecei a surtar, fiquei louco, via as coisas e não sabia se eram alucinações pelo efeito do álcool. Durante uma madrugada, houve um deslizamento por conta da chuva no barraco onde eu morava, que me fez acordar no dia seguinte sendo retirado por amigos de uma vala, cheio de lama. Naquele momento eu senti falta da minha família e percebi que precisava de ajuda.

Peguei uma carona com o seu Ari, motorista de ônibus da região, que me deixou no pronto-socorro. Após ser medicado, fui para o centro da cidade de São Paulo procurar minha mãe, mas eu não lembrava o nome dela nem onde morava. Por sorte, meu irmão me encontrou andando pelas ruas. Fiquei uns dias em casa, acabei surtando e me levaram para um hospício. Passei três meses lá e saí com um laudo, que declarava uma doença mental irreversível.

Resolvi estudar sobre meu problema e conheci a Instituição Cláudio Amâncio, à qual sou muito grato. Eu não tinha dinheiro para pagar e eles
me acolheram. Fiquei um ano em reabilitação. Foi lá dentro que comecei a mexer com plantas e cuidar do jardim. Já recuperado, saí da instituição trabalhando em uma empresa de jardinagem e ela me designou um serviço que era exatamente no prédio do Sebrae. Minha função era montar diversos vasos e cuidar do jardim.

Gostaram do meu trabalho e me mantiveram no prédio. No Sebrae são realizadas várias palestras para quem deseja ser empreendedor. Por serem ao lado do jardim onde eu trabalhava, eu as ouvia por tabela e aquilo tudo me instigava a abrir meu próprio negócio. Conversava com consultores e palestrantes no elevador. Ao ouvirem minha história, me falavam que meu sonho poderia se concretizar.

Resolvi deixar de ser empregado no Sebrae para virar cliente. Conversei com minha esposa e decidimos abrir a Oásis Paisagismo & Jardinagem. O Sebrae abriu minha mente para eu acreditar em mim e no empreendedorismo. Como cliente, busquei cursos para aprimorar a parte técnica e fui orientado para que minha empresa conseguisse ter sucesso.

Confira o vídeo com a história de Mauri Rodrigues e de sua empresa aqui:


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