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Ele comprou um negócio no vermelho – e, hoje, fatura R$ 50 mi

Gustavo de Freitas decidiu investir em uma ótica que perdia 10 mil reais por mês. Com um choque de gestão, o negócio virou rede de franquias

Gustavo de Freitas, da Mercadão dos Óculos: franqueadora surgiu de uma pequena ótica endividada no interior de São Paulo (Mercadão do Óculos/Divulgação)

Gustavo de Freitas, da Mercadão dos Óculos: franqueadora surgiu de uma pequena ótica endividada no interior de São Paulo (Mercadão do Óculos/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 25 de junho de 2017 às 08h00.

Última atualização em 25 de junho de 2017 às 08h00.

São Paulo – Na hora de adquirir um empreendimento, a maioria dos futuros empreendedores pensa em comprar negócios que já apresentam números razoáveis – afinal, levantar uma empresa que está no vermelho não é uma tarefa simples.

Porém, quem vê uma boa chance de virar tais números pode aproveitar o valor de compra menor e apostar suas fichas no sucesso.

Foi o que fez o empreendedor Gustavo de Freitas. Em uma viagem ao interior de São Paulo, ele adquiriu uma ótica que fechava cada mês com 10 mil reais a menos na conta. Onde alguns poderiam enxergar só dívidas, ele viu uma oportunidade de redesenhar o negócio e impulsionar as vendas.

Esse foi o começo da Mercadão dos Óculos: uma rede de franquias que, apenas no ano passado, faturou 50 milhões de reais. Com 150 unidades em operação, a franqueadora participou da 26ª edição da ABF Franchising Expo, evento do setor que ocorreu nesta semana.

Começo de negócio e dívidas

Freitas iniciou sua vida profissional na área de vendas, chegando a diretor comercial em uma indústria de plástico. Porém, ele sempre teve a vontade de empreender.

Vendo o crescimento do setor de franquias no ano de 2006, Freitas tornou-se master franqueado de redes como a Microlins, de informática, e Prepara, de cursos profissionalizantes. Desde então, procura novas oportunidades no mundo do franchising.

Uma dessas oportunidades surgiu em 2012, durante uma viagem a São José do Rio Preto (interior de São Paulo). Freitas conheceu uma ótica que passava por dificuldades. A cada fim de mês, 10 mil reais em prejuízo eram adicionados às contas do negócio.

Mesmo assim, ele enxergou uma oportunidade de expansão: os óculos eram voltados para as classes C e D, um mercado com bom potencial. E adquiriu o negócio, após investir 100 mil reais.

Mudança de planos

“A ótica já tinha desenhado um pré-formato de crescimento por franquias, com um plano de abertura de sete lojas. Mas, antes, era preciso consolidar um novo modelo de negócio na nossa própria loja”, afirma Freitas.

O novo modelo de gestão virou a ótica de cabeça para baixo. Tudo mudou, da arquitetura até a política de vendas e os produtos comercializados.

“Nosso maior foco estava em sair do tradicional e ir para algo contemporâneo, mas mantendo nosso DNA. Desde o início do negócio focamos nos públicos mais populares, e hoje comprovamos que nosso negócio só se fortalece porque as classes C e D são cada vez mais poderosas”, defende o empreendedor.

A loja ganhou uma aparência mais moderna, mudou sua equipe de vendas, investiu pesado em mídias sociais e desenvolveu produtos de marca própria para a classe C - como uma linha assinada pela apresentadora Cris Flores, lançada neste ano.

Loja da rede Mercadão do Óculos

Loja da rede Mercadão dos Óculos (Mercadão do Óculos/Divulgação)

“O sábado que marcou o lançamento da nossa primeira nova coleção foi o momento em que realmente acreditei na empreitada. A loja tinha fila para entrar e faturou 10 mil reais em uma tarde. Nosso cliente compra um produto de qualidade, mas não paga os royalties embutidos no preço de um óculos de grife”, afirma o empreendedor.

Com todas as mudanças, a ótica – que passou a se chamar Mercadão dos Óculos – parou de fechar no vermelho e, após seis meses de ajustes, chegou a um lucro mensal de 20 mil reais.

Franquias e expansão

Com o bom resultado, Freitas já começou a falar com potenciais franqueados. Em 2014, a Mercadão dos Óculos entrou para o sistema de franquias.

De lá para cá, a marca chegou a 132 unidades em operação e um faturamento de 50 milhões de reais no acumulado de 2016. A empresa expandiu seu mix de produtos e chega a comercializar peças de até 240 reais.

Neste ano, a meta é chegar a 165 unidades e dobrar o faturamento. Para isso, Freitas pretende continuar a firmar parcerias com celebridades para suas linhas de óculos.

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