Lívia Mangini e Ana Gomes, da Magnólia Comunicação (Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 3 de dezembro de 2016 às 08h00.
Última atualização em 3 de dezembro de 2016 às 08h00.
São Paulo – Especialmente em tempos de crise econômica, todo centavo conta na hora de abrir e administrar um negócio. É preciso cortar tudo que for desnecessário para que a empresa realmente cresça.
As empreendedoras Ana Gomes e Lívia Mangini levam esse conselho à sério: elas começaram sua própria agência de eventos no apartamento de Mangini, com 10 mil reais e nenhum funcionário a mais.
O hábito de reinvestir o lucro obtido fez com que a Magnólia Comunicação, como foi batizado o empreendimento, expandisse: em 2016, o negócio já acumulou um faturamento de 1,3 milhão de reais.
“Trabalhar de casa nunca foi um fator que impediu fechar um serviço. Trabalhamos muito com indicação por parte de clientes anteriores, e isso já dá confiança ao novo cliente. O fato de fazer uma reunião em um café não o fazia mudar de ideia”, conta Ana.
Ana e Lívia foram colegas de faculdade: ambas cursaram Relações Públicas na Cásper Líbero, em São Paulo.
Depois do curso superior, elas trabalham para empresas e agências diferentes durante cinco anos. Um trabalho em comum, em produção de eventos, fez com que as amigas se juntassem com outros sócios para gerir uma agência de comunicação e marketing focada em internet.
“Porém, tínhamos seis sócios com cabeças muito diferentes. A gestão não ia muito bem”, conta Lívia. “Nós duas entendemos que tínhamos experiência na área de eventos e que nossa mentalidade de negócios era a mesma. Por isso, encerramos o contrato de sociedade e abrimos nossa própria agência, focada nessa área.”
Em dezembro de 2010, as empreendedoras investiram 5 mil reais cada uma e fundaram a Magnólia Comunicação. O negócio começou em um cômodo no apartamento de Lívia e ficou por dois anos operando ali.
Elas optaram pelo local para poupar custos no início do empreendimento. “Atuamos com pé no chão, porque não queríamos entrar na estatística de empresas que fecham em poucos anos. Ganhamos estabilidade financeira, para só depois expandir”, diz Lívia.
Quando o negócio começou a conquistar clientes e a fazer grandes projetos, as empreendedoras adotaram a estratégia de guardar o lucro obtido para reinvestimento.
“Eu e a Ana, apesar de sócias, temos salários definidos anualmente. Há meses nos quais poderíamos tirar muito mais dinheiro, mas não tiramos. Todo mês, guardamos um valor correspondente a 20% dos custos que a empresa teve nos últimos 30 dias em forma de investimento”, conta Lívia.
“Isso dá uma saúde financeira para a empresa, 20% dos custos que a empresa possui. A Magnólia funciona por projetos pontuais, então sempre poupamos pensando que amanhã talvez não tenhamos os mesmos trabalhos”, completa.
Além disso, elas levaram em consideração uma característica do negócio ao optar pelo home office: não é preciso ter um ponto comercial para operar uma agência de eventos.
“Prestamos um serviço de inteligência. Então, para atender nossos clientes e executar seus eventos, não é essencial uma estrutura grande, como seria em um restaurante, por exemplo. Precisamos de computador, internet e pessoas qualificadas”, explica Ana.
A necessidade de expandir a Magnólia se tornou essencial, na verdade, quando foi preciso expandir o time. As empreendedoras se mudaram para o escritório comercial em março de 2013, contratando freelancers para projetos específicos.
Uma surpresa, porém, fez com que elas tivessem que aprender bem depressa a delegar tarefas para funcionários fixos – e o espaço foi logo usado em capacidade total.
“Nós duas engravidamos ao mesmo tempo, em dezembro de 2013. Naquela hora, pensamos que o negócio teria até de fechar as portas. Foi a partir daí que fomos atrás de pessoas para nos substituírem e descobrimos que era possível delegar sem perder a qualidade”, conta Ana.
“No fim, conseguimos ficar seis meses com nossos bebês, em licença-maternidade. Esse é um exemplo interessante para mulheres que querem empreender e ter filhos: para a gente, foi até um incentivo para o negócio crescer. Afinal, tínhamos mais gente para alimentar.”
Ela atribui o crescimento do negócio a partir de uma boa repercussão dos primeiros trabalhos. “Se o cliente fica infeliz com uma agência, ele não vai mais contatá-la: há muitas outras no lugar dela, é um mercado com muita concorrência. Ele continua com a Magnólia não por falta de oferta, mas porque realmente gostou do nosso projeto”, afirma Ana
Para fazer um bom projeto, as empreendedoras priorizam acompanhar todo o processo e fazer uma pesquisa de satisfação constante. “Eu e a Ana atuamos na linha de frente: nós começamos o briefing, apresentamos a proposta e só depois de aprovada é que ela vai para nossa equipe. A gente é a cara da empresa”, diz Lívia.
“Periodicamente recontatamos o cliente e perguntamos se tudo está de acordo com o que ele esperava. No dia do evento, sempre que possível tentamos que ao menos uma das duas marque presença.”
A empresa trabalha para clientes como Autodesk e EF EnglishTown. “Temos tanto clientes recorrentes quanto pontuais. Apesar de a maioria do faturamento vir dos recorrentes, os pontuais são sempre bons, porque novas pessoas conhecem nosso trabalho”, afirma Ana.
Para 2017, a Magnólia projeta um crescimento de 10% no faturamento em relação a 2016. O negócio contratou neste ano uma consultoria da área comercial para estruturar um novo plano de prospecção ativa de clientes – e não apenas por indicações de consumidores antigos.
“Estamos lidando com a crise econômica justamente assim: revimos os valores da empresa, o posicionamento de marca, os diferenciais e a concorrência, para então começar a prospectar”, conta Lívia. “Passado esse momento crítica de recessão, conseguiremos crescer por conta dessa prospecção”, completa.