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Ela foi rejeitada pelo Starbucks. Hoje, tem 500 cafeterias

Maria de la Croix queria ser barista do Starbucks – mas não foi contratada. Em vez de se abalar, ela decidiu criar uma cafeteria que tivesse o seu jeito de ser.


	Maria de la Croix com seu Wheely's: empreendedora desenvolveu uma cafeteria adaptada para operar em bicicletas
 (Divulgação/Wheelys)

Maria de la Croix com seu Wheely's: empreendedora desenvolveu uma cafeteria adaptada para operar em bicicletas (Divulgação/Wheelys)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2016 às 09h01.

São Paulo – Há três anos, a sueca Maria de la Croix procurava um emprego. Por isso, bateu na porta de uma das lojas da marca Starbucks, concorrendo para uma posição de barista na cidade de Estocolmo. Porém, diz a empreendedora, foi rejeitada por ter um cabelo “muito azul”.

A história poderia ter acabado aqui. Ela poderia ter procurado outro emprego, ou então mudado a cor do cabelo e tentado, novamente, ser barista na grande rede de cafeterias. Porém, de la Croix teve outra ideia: montar sua própria cafeteria, que seria do jeito que ela imaginava - artesanal, barata, sustentável e tecnológica. 

A empreendedora desenvolveu, em 2014, uma cafeteria adaptada para operar em bicicletas (como as “food bikes”, que já vemos pelo Brasil), e resolveu estacionar seu empreendimento justo na frente do Starbucks que a havia rejeitado. Como tinha uma licença para operar no local, o Starbucks não poderia fazer nenhuma reclamação.

Sua decisão por empreender foi acertada: hoje, a rede de franquias Wheely’s já vendeu mais de 500 cafeterias móveis para mais de 60 países.

Inspiração

Hoje com 27 anos de idade, de la Croix conta que se inspirou em startups como Airbnb e Uber para montar seu próprio negócio. Ela tomou para si a ideia de ter um empreendimento que provocasse disrupção em um setor tradicional – como cafeterias.

De acordo com a Wheely’s, o custo total para abrir e gerenciar um café de uma grande rede pode chegar a meio milhão de dólares, contando aluguel, equipamentos e eletricidade.

Pensando em jovens que nunca teriam dinheiro para tanto, como ela própria, de la Croix criou uma cafeteria móvel que custa 7 mil dólares, em seu modelo mais novo (na cotação atual, cerca de 22,4 mil reais). Os modelos mais antigos custam menos.

Há uma série de itens que reduzem o custo em comparação com uma loja tradicional: o principal deles é o negócio operar por meio de uma bicicleta, o que põe fim ao aluguel. Também há painéis solares e um pequeno moinho de vento instalados no carrinho, o que acaba com a conta de eletricidade.

Por fim, vemos uma tela de LCD, suporte para fornecer wi-fi grátis, pedais elétricos para ajudar a subir ladeiras íngremes, um purificador de ar e um lixo para reciclar os resíduos de café, que na Wheely’s é sempre 100% orgânico (veja nas fotos acima um desenho com tudo que o carrinho possui instalado).

Esses resíduos podem ser misturados com um pequeno cubo vendido pela Wheely’s, que contém nutrientes e sementes de flores. A ideia é que, no caminho para o trabalho, o franqueado possa colocar tais cubinhos na terra, e que mais flores povoem a região por onde ele se desloca.

De tempos em tempos, o carrinho é aprimorado.

Veja o vídeo abaixo para saber mais sobre a Wheely’s e seu novo carrinho:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=eCHdLRRj5jM%5D

Além do investimento inicial, é preciso pagar uma taxa mensal de 199 dólares para usar a marca, acessar materiais e informações aos franqueados, ter um aplicativo da Wheely’s para coordenar pedidos mobile, conversar com outros franqueados por meio de um fórum e poder sugerir modificações nos produtos oferecidos.

Fundos

A primeira estratégia de financiamento da cafeteria foi fazer campanhas de crowdfunding. A primeira foi feita no ano seguinte à criação do negócio, em 2015. A marca arrecadou 253% da meta que propôs, com pouco mais de 153 mil dólares (cerca de 500 mil reais). O valor foi usado para começar a expansão da Wheely’s.

No mesmo ano, a startup foi aceita no processo de aceleração da Y Combinator – que tem no portfólio empreendimentos como Airbnb, Dropbox, Reddit e Twitch.

Em entrevista ao site Entepreneur, um dos investidores da aceleradora comentou que um dos pontos que o interessou foi a força que a comunidade da Wheely’s possui. “Para seus membros, a Wheely’s não é apenas um trabalho: é um movimento social.”

Em abril de 2016, a Wheely’s encerrou sua rodada de investimento semente com 2,5 milhões de dólares (cerca de 8 milhões de reais). Segundo o site da startup, algumas das personalidades que investiram no negócio foram Paul Buchheit (Gmail), Jared Friedman (Scribd) e Justin Waldron (Zynga).

Também em abril deste ano, a marca fez um crowdfunding na plataforma Indiegogo, oferecendo carrinhos por um preço menor do que o anunciado ao varejo. Em duas semanas, a campanha esgotou – a data proposta de finalização era em outubro de 2016.

A proposta da Wheely’s é se espalhar pelo mundo. Por isso, a startup aposta na venda de carrinhos com baixo custo e retorno rápido – pensando em quem quer ter um negócio agora, como de la Croix ao ser rejeitada pelo Starbucks.

Lembre-se: nada de se autosabotar nessa jornada empreendedora. “Vá em frente e faça coisas. O maior problema é que as pessoas têm muitas ideias, mas aí elas mesmas fazem tudo se tornar mais complicado”, conclui de la Croix ao Entrepreneur.

Veja um vídeo que resume a história de Maria de la Croix e da Wheely’s:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=8nzJWmYNRUs%5D

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