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EduK: a crise e o boom das aulas online

A sede da startup de educação EduK, no bairro paulistano do Morumbi, nem de longe lembra a de uma empresa em crise. São nove estúdios e um vai-e-vem de pessoas, cenários, caminhões. Enquanto num deles uma professora dá dicas de como confeitar bolos para festa, num outro acontece uma aula sobre tratamento de fotos digitais. […]

LIMA, BERNARDINHO E CATALAN, DA EDUK: 100.000 assinantes em seus cursos online / Germano Lüders

LIMA, BERNARDINHO E CATALAN, DA EDUK: 100.000 assinantes em seus cursos online / Germano Lüders

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2016 às 11h39.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h35.

A sede da startup de educação EduK, no bairro paulistano do Morumbi, nem de longe lembra a de uma empresa em crise. São nove estúdios e um vai-e-vem de pessoas, cenários, caminhões. Enquanto num deles uma professora dá dicas de como confeitar bolos para festa, num outro acontece uma aula sobre tratamento de fotos digitais. Poucos metros à frente, tricô, maquiagem, corte e costura.

Chamada de Netflix da Educação por seus vídeos profissionalizantes online, a EduK figurou no ranking da revista americana Fast Company como a empresa brasileira mais inovadora do ano passado. A crise tem até ajudado, com mais pessoas dispostas a aprender tarefas que possam se transformar em uma nova fonte de renda.

A companhia foi fundada há três anos pelos engenheiros Eduardo Lima e Robson Catalan. Hoje, tem 3,5 milhões de usuários cadastrados na plataforma. Em maio, a Eduk chegou a uma marca impressionante: 100.000 assinantes que pagam de 19,90 a 29,90 reais por mês para ter acesso ilimitado a 7.000 horas de aula, incluindo 1.000 em espanhol, que atendem a um mercado crescente no México. Todos os dias, a Eduk transmite as aulas.

A Eduk recebeu um aporte inicial de 2 milhões de dólares dos fundos de capitalização Monashees Capital e Felicis Ventures. Bernardo Rezende, o Bernardinho do vôlei, é um dos sócios da companhia. No início do ano passado, a EduK recebeu mais 10 milhões de dólares da Accel Partners, um dos primeiros fundos a investir no Facebook. Segundo Lima, não há perspectiva para novas capitalizações até o ano que vem. A ideia é sair do prejuízo já este ano. No ano passado, o faturamento foi de 40 milhões de reais, antes 26 milhões em 2014 e 7 milhões em 2013, o primeiro ano de operação.

Assinatura é o canal

Uma mudança de estratégia foi decisiva para a companhia. Ano passado, a EduK mudou a maneira como vende seus serviços — migrou da venda de cursos online para a assinatura. Os cursos ajudam os alunos a aumentar a renda, mudar de carreira ou mesmo complementar os estudos que já têm em alguma área, de bolo a fotografia, de enfeites para o quarto do bebê a bijuterias.

As aulas são transmitidas às tardes ao vivo, dando possibilidade de participação do aluno por meio de um intermediador que acompanha o programa. Eduardo Lima, presidente da empresa, explica que, antes, os programas eram gravados, o que encarecia e atrasava a divulgação das aulas. “Perdia-se muito tempo e dinheiro na edição das aulas. Com o sistema ao vivo temos uma aproximação com uma aula de verdade”, diz. A interatividade do aluno também aumenta e as aulas continuam disponíveis no sistema.

A base de assinantes é composta majoritariamente pelo público feminino, que corresponde a 90% dos usuários da plataforma. Só no grupo de confeitaria da EduK no Facebook, o maior do tipo na rede, há quase 300.000 pessoas, que interagem entre si, trocam dicas e defendem a plataforma. “Nossos alunos nos defendem de reclamações nos grupos. Eu me sinto lisonjeado com o apoio”, diz Eduardo.

Para Eduardo Lima, a concorrência não está em outros cursos à distância, como Veduca ou Portal Educação, pela maneira como estes operam e vendem suas aulas por meio da venda de cursos, mas em centros profissionalizantes presenciais de renome, como o Senac. “Temos uma vantagem em relação ao Senac: podemos contratar um professor que é um profissional de sucesso e renome na área, para dar aula a milhares de pessoas, com interação em tempo real e custo menor”, diz.

Para profissionais liberais, como se vê, tem funcionado perfeitamente. Um desafio futuro é mostrar que os treinamentos também podem atender funcionários de outras empresas. Esse campo continua dominado por instituições como o Senac. “Cursos profissionalizantes como o Senac ainda dão muita vivência e aprendizado práticos, que é valorizado pelas companhias”, diz Sofia Esteves, fundadora das consultorias DMRH e Cia de Talentos. Enquanto o desemprego continuar na casa dos 11%, isso não deve ser um problema.

(Thiago Lavado)

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