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Economistas recomendam cautela nos empréstimos

Segundo eles, juros mais baixos não garantem créditos mais baratos

"Os pequenos negócios devem prioritariamente procurar acessar linhas de crédito com taxa referenciada na TJLP, que são as menores do mercado”, disse diretor do Sebrae  (Think Panama/Creative Commons)

"Os pequenos negócios devem prioritariamente procurar acessar linhas de crédito com taxa referenciada na TJLP, que são as menores do mercado”, disse diretor do Sebrae (Think Panama/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2011 às 07h58.

Brasília - A redução da taxa de juros básica da economia (Selic) pela terceira vez consecutiva, depois de dois anos sem diminuição, começa a ser repassada pelos bancos nos próximos dias e vai impactar os negócios das micro e pequenas empresas (MPE). No entanto, é preciso cautela na hora de tomar os empréstimos, segundo opinião de economistas ouvidos pela Agência Sebrae de Notícias. Esta semana, o Banco Central reduziu a Selic de 11,5% para 11% ao ano.

“A decisão do Copom é coerente e responsável”, avalia o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Ele ressalta que a redução da taxa básica leva em conta a tendência de estabilidade da economia brasileira, focada no mercado interno, e o ambiente internacional de forte retração de países parceiros comerciais do Brasil.

O processo de acesso ao crédito e de endividamento dos pequenos negócios, segundo o diretor do Sebrae, deve estar sustentado em uma eficiente gestão financeira que indique as necessidades e possibilidades das micro e pequenas empresas frente aos agentes financeiros. “Os pequenos negócios devem prioritariamente procurar acessar linhas de crédito com taxa referenciada na TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo, que são as menores do mercado”, diz.

Para Carlos Alberto, os empresários do segmento de pequeno porte devem concentrar os esforços na profissionalização da gestão, visando à redução de custos e melhoria de processos, produtos e serviços, o que vai repercutir em maior competitividade.

As últimas reduções já estão levando à queda da inadimplência, mas o impacto no custo dos empréstimos tomados pelas MPE deve ser pequeno. Os juros cobrados dos empreendimentos continuam elevados, como destacam os economistas. “As empresas devem ter cuidado ao pegar empréstimos e não pensar como geralmente pensam os consumidores pessoa física, que calculam apenas se a parcela cabe no bolso, sem considerar o custo total do empréstimo. Os juros diminuíram, mas continuam elevados na ponta. A cautela é importante”, orienta o economista José Carlos de Oliveira, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB).


Apesar do otimismo em relação à queda, a redução na ponta deve ser pequena, segundo projeção da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A diminuição de 0,50% ao ano na Selic deve levar a uma queda de 1,27% em média nos juros cobrados pelas instituições financeiras sobre os empréstimos feitos a pessoas jurídicas, segundo uma estimativa da instituição. A Anefac simulou um empréstimo para financiar capital de giro no valor de R$ 50 mil para pagamento em 90 dias. Nesse exemplo, a economia com o pagamento dos juros seria em torno de R$ 63 no custo total do empréstimo.

“As taxas de juros cobradas pelos bancos são superiores à Selic. No caso de pessoa física, giram em torno de 115% ao ano e, para pessoa jurídica, em torno de 58% ao ano. Por isso, o impacto de uma redução de 0,5% ao ano na Selic é baixo. Mas é claro que é importante. E o aumento da competição dos bancos pelos tomadores de crédito pode ajudar a reduzir ainda mais esse valor”, afirma o economista da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.

É com base nessa competição entre as instituições financeiras que os empresários devem negociar as taxas, orienta o economista Antônio Paulo Teraccovich, professor do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da Fundação Instituto de Administração (FIA). “A notícia de que os juros caíram não deve ser confundida com a falsa ilusão de que as taxas estão baixas. Na ponta, para o consumidor, o Brasil ainda tem uma das taxas mais elevadas no mundo. É preciso pesquisar muito para encontrar as menores taxas”, afirma. E orienta: “O empresário deve fazer um planejamento e negociar as taxas, prazos e carências para dar uma folga ao seu fluxo de caixa”.

Inadimplência

A diminuição dos juros tem impacto direto no recuo da inadimplência. O índice levantado pela Serasa Experian caiu em setembro pela primeira vez, após 11 meses – a primeira redução da Selic pelo Banco Central foi em agosto deste ano. O recuo foi de 0,3% em relação ao mês anterior e a tendência é que a capacidade das empresas de honrar seus compromissos continue aumentando.

“A inadimplência dos consumidores está em queda, o que impacta a capacidade de pagamento das empresas. Mantida essa tendência, somada à queda dos juros e às medidas do Banco Central para flexibilizar o crédito, haverá diminuição dos juros cobrados das micro e pequenas empresas”, afirma o economista Luiz Rabi, gerente de Indicadores de Mercados da Serasa Experian.

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