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DogHero ganha R$ 27 mi de sua inspiração para dominar América Latina

Captação de investimento série B foi liderada pela plataforma americana de cuidados com cães Rover. Ao todo, a DogHero captou R$ 45 milhões em aportes

 (Simone Bertuzzi/DogHero/Divulgação)

(Simone Bertuzzi/DogHero/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 20 de março de 2019 às 06h30.

Última atualização em 21 de março de 2019 às 01h24.

A startup brasileira DogHero deseja firmar o mais rápido sua liderança em serviços para “a maternidade e paternidade canina” -- traduzidos em passeios e hospedagens com cães -- na América Latina. Para concretizar esse plano, acaba de anunciar um aporte de 27 milhões de reais do negócio que a inspirou.

O investimento série B foi liderado pela Rover. A plataforma americana de serviços para cachorros é uma DogHero mais madura: já captou 310,9 milhões de dólares em aportes, ou 1,18 bilhão de reais. Completa esse aporte o fundo Ignia Partners, fundo mexicano que aportou na DogHero há dois anos e abriu as portas desse mercado para a startup brasileira.

Com o novo aporte, a DogHero já captou cerca de 45 milhões de reais em investimentos. A plataforma atua em 750 cidades de Argentina, Brasil e México e usará o novo capital tanto para fortalecer seu serviço e mercado principais quanto para acelerar novas frentes.

Histórico

A ideia da DogHero surgiu a partir da vivência de Eduardo Baer. Em 2014, o empreendedor cursava um MBA na Universidade de Stanford (Estados Unidos). Quando voltasse ao Brasil, queria ter um cachorro. Porém, preocupava-se com onde hospedar o cão de estimação durante suas viagens.

Ao estudar empresas como a Rover, o empreendedor decidiu trazer ao Brasil a ideia de agendamento digital de cuidadores de pets. Fernando Gadotti, um colega do MBA de Stanford, entrou no negócio.

A DogHero funciona de forma similar às plataformas Airbnb e Uber, de economia compartilhada. O usuário abre o aplicativo para Android/iOS ou o site e vê quais “anfitriões” – nome dado para os cuidadores de cachorros – estão próximos e quais são suas avaliações. Se as conversas forem bem, o pagamento é feito e o cachorro é hospedado ou levado para passear. Ao final da reserva, o cliente consegue deixar uma avaliação do serviço no perfil do cuidador.

Investimento e próximos passos

O contato que Baer iniciou há quase cinco anos com a Rover finalmente resultou em frutos financeiros. “Durante esse tempo percebemos que olhávamos para o mesmo problema, ainda que eles estejam em uma etapa mais madura”, afirma o cofundador da DogHero.

Os novos 27 milhões de reais serão usados para consolidar a DogHero como líder de serviços para “a maternidade e paternidade canina” na América Latina. O capital irá tanto para o produto e o mercado chaves da DogHero -- a hospedagem no Brasil -- quanto para expandir frentes recentes.

Em primeiro lugar, a DogHero investirá em marketing, atendimento a usuários, procedimentos de segurança e na própria usabilidade do aplicativo e do site.

Depois, expandirá seu mais novo serviço, o de passeios -- inclusive por meio de uma recente parceria firmada com a startup colombiana de entregas Rappi.

As hospedagens apresentam um tíquete médio de 220 reais e são usadas cinco vezes ao ano por usuários recorrentes. Os passeios, ainda que tenham um tíquete de 30 reais, são usados 50 vezes ao ano. Na ponta do lápis, geram um volume financeiro por cliente maior à DogHero.

Uma parcela final do investimento irá para inaugurar novas cidades argentinas e mexicanas na plataforma, o que inclui a contratação de funcionários locais. Das 750 cidades atendidas pela DogHero em Argentina, Brasil e México, 650 estão em solo nacional.

Globalmente, há 18 mil anfitriões e passeadores cadastrados e 800 mil cachorros na base. A startup possui 58 funcionários atualmente e espera chegar a até 80 funcionários neste ano, incluindo as novas equipes internacionais.

“Estamos chegando a um momento na companhia, em termos de estrutura, que nos permite atacar outras vertentes ao mesmo tempo”, afirma Baer. A DogHero quer aumentar em sete vezes seu tamanho no México e cinco vezes seu tamanho na Argentina. Globalmente, quer duplicar - o que mostra as metas mais modestas no mercado brasileiro, também mais volumoso.

Olhos de fora

Já para a Rover, o investimento na DogHero significa testar uma entrada no mercado latino americano. A maior oportunidade está no Brasil, país com 52 milhões de cães de estimação. O número só perde para os Estados Unidos. Em 2015, último ano de pesquisa do IBGE, o mercado nacional de pets foi projetado em cerca de 22 bilhões de reais.

“Nosso investimento na América Latina reforça nossa posição de líder global no mercado de pets. Teremos um aprendizado sobre esse mercado cheio de oportunidades por meio da associação a um líder regional com a mesma missão, que é a DogHero”, afirma Megan Teepe, vice-presidente de mercados internacionais da Rover.

O plano é aprender mais sobre o que os brasileiros esperam de produtos e serviços para cachorros antes de fazer mais aportes. Em 2019, a Rover focará nos mercados americano e europeu.

O investimento na DogHero foi minoritário e tanto a plataforma americana quanto a brasileira descartam uma aquisição no momento. Mesmo assim, mostra como a América Latina se tornou um mercado quente para investimentos -- inclusive no aparentemente descontraído mercado dos bichinhos de estimação.

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