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"Deixem seus filhos fazerem burradas", aconselha Lemann

Em palestra nesta quinta-feira, o empresário Jorge Paulo Lemann falou das dificuldades que o ajudaram a ser um empresário melhor. Veja 4 conselhos que ele deu:


	O empresário Jorge Paulo Lemann falou sobre as lições que aprendeu como empreendedor
 (Reprodução/YouTube/Na Prática)

O empresário Jorge Paulo Lemann falou sobre as lições que aprendeu como empreendedor (Reprodução/YouTube/Na Prática)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 14 de agosto de 2015 às 10h44.

São Paulo - O empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann, um dos homens mais ricos do país, esteve hoje no evento Day 1, promovido pela Endeavor, e falou para uma plateia de empreendedores sobre os ensinamentos que tirou de momentos difíceis de sua vida.

“A maioria das pessoas olha a carreira de um empresário, vê o sucesso, e acha que se chega lá com facilidade. O empresário aparece se ele foi bem sucedido ou se ele faliu. Mas o que está no meio, as dificuldades, não aparece”, afirmou.

Lemann disse, então, que espera que os empreendedores brasileiros “não desanimem”, e fez um pedido especial aos empresários com filhos. “Os pais educam os filhos para que dê sempre tudo certo. E esquecem que, fazendo besteira, burrada, se aprende muita coisa também. Deixem os filhos fazerem burradas”, aconselhou o empresário.

Na palestra, Lemann lembrou de momentos difíceis de sua vida, dos quais ele tirou lições importantes para sua carreira.

1 – Saiba perder

A primeira lição, que ele aprendeu ainda criança, foi se acostumar a perder. “Eu jogava tênis e, com nove anos, perdi para o meu grande rival na época. Com 11 anos, perdi para um boliviano. Isso me preparou para perder. Toda vez eu analisava porque tinha perdido e tentava me preparar para a próxima vez. Também entendi que sem esforço não tem resultado”, lembra.

2 – Tenha foco

A segunda lição veio quando Lemann foi estudar em Harvard. O empresário descreve a si mesmo na época como um “tenista, surfista, que que nunca tinha estudado muito”. “No primeiro ano, soltei uns fogos no Harvard Yard e quase fui expulso. Percebi que precisava encontrar uma maneira de concluir o curso”, conta.

O jeito para Lemann foi desenvolver uma técnica para focar nos estudos, pela qual ele elegia sempre cinco pontos básicos de uma matéria, aos deveria se dedicar. O método o ajudou a concluir a faculdade e o acompanha até hoje. “Minhas empresas têm sempre cinco metas básicas.”

3 – Procure pessoas diferentes de você

Outro momento decisivo foi quando ele se uniu com outros empresários para abrir uma financeira. “Éramos pessoas das melhores faculdades americanas, e montamos uma financeira. Meus sócios eram mais velhos e mais experientes do que eu. Resultado: falimos em quatro anos. Aquilo foi um baque colossal”, lembra. A lição que ficou deste momento foi: uma empresa não deve ter apenas pessoas parecidas com você.

4 – Aproveite as oportunidades

Lemann também tirou aprendizados importantes de sua experiência com o banco de investimentos Garantia. A empresa foi comprada pelo investidor quando ainda era uma pequena corretora. “Ía ser a melhor corretora de bolsa do Brasil. Um mês depois que compramos, a bolsa despencou e acabou o negócio que pretendíamos fazer”, lembra.

Com isso, a empresa precisou se reinventar e acabou aproveitando uma oportunidade surgida pouco depois, com as ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional). “Passamos a ser os grandes operadores de ORTN, foi uma oportunidade enorme para nós, e não foi o que planejávamos. A coisa nunca é uma linha reta”, conclui Lemann.

Já que o tema da palestra era “dificuldades”, o investidor aproveitou para comentar a situação do país hoje -- e foi otimista. “Hoje, no Brasil, vejo todo mundo reclamando. Mas o que eu enxergo são as oportunidades. Estamos passando por dificuldades, mas vamos aprender e vamos superar. Aprendam, como eu aprendi, com esses pequenos fracassos. É isso que vai salvar o Brasil”, concluiu.

Confira também a palestra dada pelo tenista Guga Kuerten no mesmo Day1. Outros palestrantes no evento foram Flávio Augusto, do Instituto Geração de Valor, Daniel Wjuniski, da Minha Vida, Vilmar e Aline Ferreira, da Aço Cearense, e Nelson Sirotsky, do Grupo RBS. 

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