Milena Escabeche e Aline Marcolino, sócias da Tryoop!. (Daniela Toviansky)
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2011 às 15h02.
Em janeiro do ano passado, as publicitárias Milena Escabeche, de 29 anos, e Aline Marcolino, de 27, resolveram levar para a internet o conceito dos clubes de amostra grátis, como são chamados os espaços em que os consumidores podem escolher gratuitamente produtos para testar em casa.
Pelas regras desses clubes, o único compromisso de quem leva a amostra grátis é responder a uma pesquisa de opinião, cujos resultados depois são repassados aos fabricantes. “Achamos que havia espaço para criar um modelo online desse tipo de negócio”, diz Aline.
Foi desse modo que elas criaram o Tryoop!, um site no qual os consumidores podem se cadastrar para receber amostras grátis em casa, de acordo com seu perfil de consumo. Para reduzir os custos do negócio, a armazenagem, a embalagem e a distribuição dos produtos foram terceirizadas.
Nos primeiros meses, o negócio pareceu bastante promissor. Pouco tempo depois de o site entrar no ar, Aline e Milena fecharam um contrato com a importadora de cosméticos Neutrolab, que queria testar um perfume no mercado. Em seguida, fizeram testes para clientes como Unilever e Nestlé. Esses negócios renderam ao Tryoop! receitas de 220 000 reais em 2010.
Nos últimos meses, no entanto, a empresa tem enfrentado dificuldades para continuar crescendo. Muitos clientes em potencial alegam que o número de usuários cadastrados no Tryoop! ainda é pequeno para que a pesquisa de opinião tenha resultados satisfatórios. “Nosso site ainda é pouco conhecido”, diz Milena.
Para fazer o negócio engrenar, as sócias acreditam que é preciso investir no marketing do site, ampliar a base de consumidores cadastrados e reforçar a equipe de profissionais que fazem a prospecção de empresas interessadas em ter seus produtos testados. Recentemente, elas desenharam um plano que prevê a oferta de dez diferentes produtos a cada quinzena.
Para sugerir estratégias de expansão às donas do Tryoop!, Exame PME ouviu Roberto Martini, da agência de marketing digital CuboCC, e Renato Almeida, da operadora de logística Keepers, ambos de São Paulo. Veja o que eles disseram.
Integrar o site às redes sociais
Renato Almeida, da Keepers- Sâo Paulo/SP
Operadora de Logística com faturamento de 22 milhões de reais (em 2010)
• Perspectivas: A internet é o local mais propício para desenvolver negócios de marketing direto — as ferramentas online permitem que o comportamento do consumidor seja medido com precisão, de seu interesse por um produto à satisfação do cliente depois de experimentá-lo.
• Oportunidades: Há espaço para crescer com o modelo de negócios que Milena e Aline começaram a desenvolver, desde que o Tryoop! consiga diversificar e ampliar a base de consumidores cadastrados em seu banco de dados.
• O que fazer: Não vejo problemas na logística adotada pela empresa. O Tryoop! só tem custo de transporte, que varia de acordo com a demanda. Não vejo por que as donas do Tryoop! precisariam buscar capital de investidores. O que elas precisam é montar uma base de cadastros mais ampla para despertar a cobiça das empresas. Elas podem usar a internet para atrair os consumidores dispostos a se cadastrar no site.
Mudar o jeito de abordar o usuário
Roberto Martini, da Cubocc- Sâo Paulo/SP
Agência de Marketing Digital com faturamento de 42 milhões de reais (estimativa)
• Perspectivas: A distribuição de brindes e amostras grátis foi a segunda ação de marketing direto mais adotada pelas empresas no ano passado, perdendo para a abordagem direta para entrega e degustação do produto, segundo a Associação de Marketing Promocional (Ampro).
• Oportunidades: Por enquanto, o Tryoop! é o único a oferecer esse serviço pela internet. Na hora de negociar contratos, pode propor vantagens do meio online, como questionários interativos e adaptados às necessidades do anunciante.
• O que fazer: O Tryoop! precisa aprimorar a abordagem aos consumidores. Entrei no site para ver o que a empresa faz. Não dá para obter tantas informações sobre o cliente em um formulário longo como o que encontrei lá. Num primeiro contato, bastaria coletar dados para traçar um perfil sociodemográfico. E pedir mais informações depois, conforme o usuário aprofundasse sua interação com o site.