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Das 100 às 1.000: Como a ViaLaser planeja crescer dez vezes em quatro anos

Companhia inaugura 100ª loja e planeja chegar à milésima até 2024; faturamento deve crescer na mesma proporção

Companhia comemora 9º aniversário com a inauguração da loja número 100, localizada no Morumbi Shopping (SP) (Roberto Trumpas/Divulgação)

Companhia comemora 9º aniversário com a inauguração da loja número 100, localizada no Morumbi Shopping (SP) (Roberto Trumpas/Divulgação)

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Karina Souza

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 13h11.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 18h18.

“Um sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade”, já dizia Raul Seixas. Trazer a poesia para a realidade não é tarefa fácil, mas foi uma tarefa cumprida pelo casal Kessey e Kilmer Lima com a inauguração da ViaLaser, rede de depilação que abre a centésima filial em 2020 – mesmo num ano tão economicamente desafiador para as pequenas empresas: apenas 18% delas conseguiram crédito na pandemia. Não é o caso da rede de depilação: a companhia cresceu em meio ao caos e estima faturamento de R$ 120 milhões ao fim deste ano, crescimento de 60% em relação ao ano passado e de 300% em relação a dois anos atrás. Com espírito de startup, a empresa aposta na tecnologia para continuar dobrando de tamanho anualmente até 2024, quando deve chegar ao primeiro bilhão – e à marca de mil lojas.

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Fundada há nove anos, em Santa Catarina, a companhia nasceu da vontade do casal de estar junto: Kessey morava em São Bernardo do Campo (SP) e via o namoro à distância com Kilmer – que morava em Laguna (SC) – ficar cada vez mais sério. Em busca de uma fonte de renda que pudesse suportar a mudança para o sul do país, ela viu no empreendedorismo do mercado de cuidados pessoais uma oportunidade.

Desde então, os dois dividem a rotina – no lar e no trabalho. Com o crescimento anual da rede desde a sua inauguração, em 2016, os sócios decidiram intensificar os esforços para a expansão nacional da companhia. Como resultado, até 2018, a ViaLaser cresceu de forma orgânica e chegou à marca de 23 lojas, localizadas no Sul e Sudeste do País.

No ano seguinte, acreditando ter atingido o limite do crescimento orgânico, os sócios procuraram por investimento externo e, com o aporte financeiro, superaram a marca de 60 lojas, presentes em todas as regiões do país.

Hoje, a ViaLaser tem mais de 90 clínicas no Brasil, quatro no Paraguai e planeja chegar até 106 unidades até o fim do ano – atualmente, 20% desse total é formado por franquias, enquanto as demais são lojas próprias. Este ano, a rede estima fechar o ano com faturamento de R$ 120 milhões, crescimento de 60% em relação ao ano de 2019 e de 300% em relação a 2018. Além disso, mais do que triplicou o número de funcionários este ano – saiu de 200 colaboradores para fechar o ano com mais de 700.

E a empresa não pretende parar por aí. A meta dos sócios é atingir o primeiro bilhão de faturamento até 2024, com a marca de mil lojas estabelecidas na América Latina. Para isso, têm plano de expansão com investimentos de mais de R$ 70 milhões para abertura de novas lojas e compra de novas máquinas.

 

Sócios da ViaLaser: metas agressivas para expandir além do território nacional (Roberto Trumpas/Divulgação)

Inovação para crescer

Mercado a ser explorado, não falta. De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o mercado de beleza e bem-estar cresceu cerca de 10% ao ano nos últimos dez anos e estima-se que 1,5% do orçamento das famílias esteja direcionado a esse setor. Dentro desse universo, um estudo da Grand View Research, consultoria global de pesquisa de mercado,  aponta que o mercado de tratamentos estéticos a laser deve crescer 15,5% ao ano até 2024.

Para capturar este potencial, a companhia o investimento em tecnologia como prioridade. Hoje, é a única no país a combinar dois tipos de laser (Alexandrite e Nd:YAG) em um único aparelho e, como resultado, contempla uma gama maior de fototipos de pele, com sessões mais rápidas e diminuição da dor.

“Investimos aproximadamente R$ 40 milhões nessa tecnologia e a trouxemos de forma exclusiva para o Brasil, depois de uma procura cuidadosa por fornecedores. Desde o começo, queremos fornecer o que há de melhor e mais moderno para os nossos clientes. Isso abrange desde a preocupação com nossos equipamentos, modernizados continuamente, até a preocupação por oferecer mais opções de parcelamento e horários diferenciados de atendimento, por exemplo”, informa Kilmer Lima, sócio-fundador da ViaLaser.

Para os sócios, esses foram os diferenciais capazes de manter a saúde financeira da empresa em um momento tão delicado como a pandemia. “No início, ficamos com muito medo. Achamos que o negócio iria acabar. Mas, em seguida, começamos a pensar como poderíamos vender mesmo com as portas fechadas e, mais uma vez, a tecnologia foi uma saída eficaz”, afirma o sócio-fundador.

Desde março, a companhia colocou em prática o e-commerce da empresa e implantou chatbots integrados com WhatsApp. A “venda antecipada” de serviços permitiu à companhia atingir 45% dos objetivos de venda estabelecidos para os meses mais críticos de isolamento social. Em setembro, a  recuperação veio de forma mais consistente, com as vendas atingindo os patamares do pré-pandemia (a empresa não divulga números absolutos). Além do relaxamento das medidas de isolamento social, colabora para isso o início do inverno, época apontada como “ideal” para começar tratamentos como esse.

Democratizar o acesso à estética

Outra iniciativa também lançada este ano pela companhia é a ViaTruck, a primeira clínica móvel do país. A partir da inteligência de dados coletada durante esses nove anos, os sócios pretendem montar um cronograma de locais por onde a van da ViaLaser deve passar – e quanto tempo deve ficar em cada local. O foco é democratizar o acesso à depilação a laser e leva-la a locais que não teriam acesso fácil à rede ou volume suficiente de pessoas para comportar uma franquia – cujo investimento é de aproximadamente R$ 1 milhão.

ViaTruck: acesso ao interior e a centros empresariais são prioridade para a empresa (Divulgação)

Também em busca de facilitar o acesso a procedimentos estéticos, a rede Royal Face, de harmonização facial, investe para crescer no país. A companhia aposta no varejo online para vender mais de 40 tipos de tratamentos faciais e corporais, com um investimento de R$122 mil para ser um franqueado. Hoje, tem mais de 50 filiais no Brasil.

A Depyl Action, rede de franquias especializada no cuidado com o pelo, também mira a classe C. Com tratamentos a partir de R$ 50, a companhia sofreu com a pandemia, mas já recuperou 83% do desempenho padrão em relação ao mesmo período do ano passado, também usando vendas digitais como parte da estratégia deste ano.

Do lado dos consumidores, o uso do cartão de crédito foi um dos principais meios de pagamento para pagar as compras pela internet. De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de inteligência de mercado Neotrust/Compre&Confie com mais de 10 mil usuários do Vipy, aplicativo que rastreia compras online e ajuda a proteger o CPF dos consumidores, 64% das compras pela internet durante a pandemia foram pagas com esse meio de pagamento. Em seguida, estão os boletos, com 30% desse total.

Vale a pena investir no setor?

Para quem deseja se tornar um franqueado dentro desse segmento, as perspectivas são otimistas. De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Franchising, mesmo com a pandemia, o segmento de Saúde beleza e Bem-Estar teve resultados satisfatórios, faturando mais de R$ 7 bilhões no segundo trimestre de 2020.

A trajetória de recuperação deve se manter, mas, investir em franquias não é algo que possa ser visto como uma oportunidade universal, de acordo com Danyelle Van Straten, diretora da Comissão de Saúde, Beleza e Bem-Estar da ABF. “A margem do setor tende a ficar em torno de 20%. Contudo, é necessário ter conhecimento sobre a área e disposição para cuidar de pessoas. Só assim, é possível ter sucesso dentro do segmento, independente da área escolhida”, afirma.

Para os sócios da ViaLaser, essa é uma preocupação monitorada constantemente. “Nossa meta é manter um NPS [índice de lealdade do cliente] alto. Hoje, está em 88, mas já atingiu 93 em alguns meses. Sem dúvida, vamos manter isso nos próximos anos como parte da nossa estratégia de expansão”, diz Kessey Lima, sócia-fundadora da rede.

É, parece que realmente “sonhar junto” vai continuar sendo o jeito de a ViaLaser continuar crescendo.

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