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Uma engenheira que dá crédito para quem não tem

A colombiana LiSim faturou 3 milhões de dólares em 2013 ao medir o risco de inadimplência nas classes D e E e incluir no mercado de consumo pessoas que não têm renda comprovada

Lilian Simbaqueba, da LiSim: "Provei que uma pessoa de baixa renda pode pagar suas contas tão corretamente quanto as demais." (Divulgação / LiSim)

Lilian Simbaqueba, da LiSim: "Provei que uma pessoa de baixa renda pode pagar suas contas tão corretamente quanto as demais." (Divulgação / LiSim)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2014 às 13h56.

São Paulo - A engenheira colombiana Lilian Simba­queba, de 47 anos, é uma fiel representante de uma geração que vem ganhando importância na economia do mundo — a dos em­preendedores sociais, capazes de usar um modelo de negócios que faz uma pequena ou média empresa prosperar a serviço de uma causa.

Em determinados casos, são empreendimentos que colhem resultados financeiros e seguem todos os preceitos de uma empresa tradicional. Um exemplo desse tipo é a empresa de Lilian — a LiSim, que nasceu em 1996, em Bogotá, na Colômbia.

O negócio começou ajudando bancos a conceder empréstimos para a compra de carros e imóveis por meio de um software que calcula a probabilidade de um cliente pagar as contas em dia.

A verdadeira vocação social apareceu três anos depois. Em 1999, o setor financeiro entrou em crise e as linhas de financiamento tradicionais foram cortadas — justamente de onde vinham todas as receitas da LiSim. “Para não fechar, precisei reinventar o negócio”, afirma Lilian.

Naquele momento, o governo colombiano determinou que os bancos estatais trabalhassem com o microcrédito (empréstimo de pequenas quantias a pessoas das classes D e E que não têm acesso ao crédito tradicional). A intenção era reanimar a economia do país. “Muita gente perdeu o emprego e necessitava começar um microempreendimento para sobreviver”, diz Lilian.

O que ela fez foi adaptar seu sistema para analisar o risco de clientes de companhias que trabalhavam com o microcrédito. Deu certo. “Eu conseguia provar que um cidadão de baixa renda pagaria seus compromissos tão corretamente quanto os demais”, diz Lilian.

Na época, suas análises foram consideradas inovadoras, porque juntavam padrões de comportamento com muitas variáveis para prever o futuro. “Nossos concorrentes indicavam apenas a capacidade de pagamento atual de um indivíduo”, diz Lilian.

“Levamos em consideração fatores como experiência de trabalho, escolaridade e estado civil para prever a chance de uma pessoa estar empregada alguns meses depois, por exemplo.” Em 2007, a LiSim atendia 50% das instituições de microcrédito na América Latina e clientes na Índia e no Leste Europeu.

A internacionalização chamou a atenção da Endeavor, organização global de apoio ao empreendedorismo de alto potencial, da qual fazem parte empresários como ­Jorge Paulo Lemann e Luiza Helena Trajano.

Naquele ano, Lilian foi convidada a receber mentoria dos membros da Endeavor, que lhe ajudaram a pensar em como expandir o negócio para ganhar escala e diluir custos. Foi o passo definitivo para a LiSim ser o que é hoje.

Em 2013, a empresa faturou em torno de 3 milhões de dólares — menos de 10% veio do microcrédito. Nos últimos anos, Lilian estendeu seus serviços para qualquer empresa interessada em vender para quem não tem crédito na praça. A LiSim cria modelos matemáticos para acompanhar todo um ciclo de vendas, incluindo cobrança, retenção e fidelização de clientes.

Entre as companhias atendidas estão Visa, Telefônica, Hyundai, BodyTech e prestadoras de serviços regionais, como fornecedoras de água e gás. “São empresas que atendem consumidores da base da pirâmide, que antes não conseguiam acesso a serviços básicos, como uma linha telefônica em casa”, diz Lilian.

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