João Henrique Vogel, Matheus Silva e Deborah Alves, fundadores da startup: jovens criaram "plano de saúde" para PMEs (Cuidas/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 31 de março de 2020 às 06h00.
Última atualização em 31 de março de 2020 às 12h20.
Os pequenos negócios estão sendo duramente impactados pela crise causada pela pandemia de coronavírus. Para tentar ajudar durante esta fase difícil, a startup Cuidas decidiu oferecer seu serviço de saúde gratuitamente pelos próximos 30 dias para as pequenas e médias empresas da cidade de São Paulo.
As empresas que quiserem o benefício poderão oferecer para seus funcionários consultas médicas remotas com médicos e enfermeiros cadastrados na plataforma da startup. Dessa forma, os empregados possuem uma alternativa segura caso precisem se consultar com um profissional de saúde durante a crise da doença.
O modelo é similar ao que a startup tem oferecido aos seus clientes desde que o coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil.
A Cuidas oferece uma alternativa ao plano de saúde tradicional para pequenas empresas. Em vez de o funcionário poder usar uma rede credenciada em um momento de necessidade, a solução da startup prevê um acompanhamento contínuo dos empregados por meio da visita de médicos e enfermeiros de família ao local de trabalho. Por causa da pandemia, as visitas ultimamente estão sendo feitas virtualmente.
A ideia é que sempre o mesmo médico e enfermeiro atenda o paciente ao longo dos meses, para que haja um acompanhamento do histórico. Para isso, a startup possui um time próprio com 30 profissionais de saúde dedicados ao atendimento clínico. O serviço custa 70 reais por mês por cada funcionário da pequena empresa.
A Cuidas foi idealizada pejo jovem Matheus Silva, engenheiro químico e economista formado nos Estados Unidos. Junto com os amigos Deborah Alves e João Henrique Vogel, Silva fundou a startup em 2018.
O objetivo dos sócios era revolucionar o setor de saúde brasileiro com uma solução mais barata e eficiente. “O brasileiro vai muito ao hospital, 73% das consultas do Brasil são feitas na emergência. Uma boa atenção primária resolveria esse problema”, diz Silva.
Logo no começo da operação, a startup levantou 5 milhões de reais em uma rodada seed liderada pelo fundo de investimento Kaszek Ventures. A startup cresceu 450% de dezembro de 2018 a dezembro de 2019, segundo Silva.
O número exato de funcionários que a Cuidas atende não é revelado, mas Silva afirma que "milhares de vidas são monitoradas" todos os meses.
Para os próximos dias, a startup planeja o lançamento de um produto 100% remoto para as empresas, com custo mais baixo por funcionário. A intenção dos sócios é manter o foco na atenção primária, mas conseguindo atender também a demanda de companhias que estão fora da capital paulista.
O modelo foi pedido por algumas empresas fora de São Paulo. Nesse momento de crise, Silva considera que a tecnologia pode ajudar a atender geografias diferentes de forma mais eficiente. No entanto, ele admite que podem existir perdas no exame clínico. “No atendimento remoto, o médico não pode tocar o paciente, aferir pressão ou medir o índice de glicose no sangue”, diz Silva.
Ainda assim, a solução pode funcionar bem para casos pontuais, como uma enxaqueca ou dor de barriga, segundo o sócio. Os detalhes finais do projeto estão em definição. “Estamos amarrando os pontos para lançar nos próximos dias”, afirma o fundador.