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Consultor fatura R$ 3,8 mi ensinando concurseiros a estudar

Empreendedor dá consultoria sobre o "caminho das pedras". O pagamento vem principalmente com a "taxa de sucesso", cobrada apenas se o candidato passa na prova.

Vincenzo Papariello, fundador da VP Concursos (Divulgação)

Vincenzo Papariello, fundador da VP Concursos (Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 24 de janeiro de 2016 às 06h00.

São Paulo – Milhares de pessoas se preparam para concursos públicos todos os anos no Brasil, atraídas pela carreira estável e pelos bons salários. Com tanta gente interessada, o empreendedor Vincenzo Papariello pensou numa forma inovadora de ganhar dinheiro com isso. Fundada em 2013, sua empresa, a VP Concursos, faturou 3,8 milhões de reais em 2015.

Enquanto os cursinhos tradicionais ensinam o conteúdo para o candidato, a empresa de Papariello tem a proposta de ensinar o aluno a estudar, com indicação de livros, coaching e acompanhamento de sua evolução. E essa nem é a maior inovação do negócio. Para empreendedor, seu principal diferencial está na forma de pagamento: na VP Concursos, a maior parte do pagamento fica por conta da “taxa de sucesso”, que é cobrada somente se o candidato for aprovado.

Papariello conta que ele mesmo foi concurseiro – hoje, além de tocar a VP Concursos, ele é funcionário do Senado Federal, em Brasília. De forma contraditória, foi justamente a busca por uma vida profissional estável que o levou a entrar no universo do empreendedorismo.

O negócio começou de forma despretensiosa. Depois de ser aprovado, Papariello começou a ajudar amigos e parentes interessados em passar também. Seu método de ensino dava tão certo que os amigos começaram a indicar outros, até que ele resolveu abrir uma empresa de consultoria.

Na VP Concursos, todos os consultores passaram em concurso. “A ideia é que o consultor transmita sua experiência para o aluno. Ele vai treinar esse concurseiro sobre o que se deve estudar, como estudar e que livros usar. Ele dá o caminho das pedras. Não passa o conteúdo como o cursinho, mas sim as ferramentas para chegar lá”, explica o empreendedor.

Segundo Papariello, que também já foi professor de cursinho, é muito comum um aluno não saber direito como estudar. “Em cursinho, percebi que muitas vezes o aluno lia o livro, assistia às aulas, mas mesmo assim ia mal nos simulados”, conta.

A proposta tem chamado a atenção dos candidatos. A empresa já chegou a ter 550 alunos consecutivos e é procurada por pessoas de diversas partes do país e até do exterior (brasileiros que querem voltar para o país). A consultoria é feita principalmente de maneira remota, através de canais como e-mail, Skype e Whatsapp, mas também acontecem encontros presenciais. Se antes Papariello trabalhava sozinho, hoje ele tem uma equipe de até 35 consultores.

Taxa de sucesso

Segundo o empreendedor, outro ponto que atrai os alunos é o método de pagamento. Pela VP, o concurseiro paga uma mensalidade que varia entre 550 e 1200 reais, mais barata que as mensalidades de cursinhos tradicionais.

Porém, se o candidato for aprovado, ele se compromete a destinar 20% do seu salário durante um ano para a consultoria. “Esse método facilita a vida da pessoa, já que ela só vai pagar quando estiver com o cargo na mão. Além disso, é uma garantia de que vamos dar o nosso máximo para que ela passe”, afirma o empreendedor.

Apesar de atrair alunos, Papariello afirma que seu método de pagamento já foi muito criticado. “Já sofri muita perseguição, mas eu não faço nada de errado. A nossa taxa só é paga quando a pessoa toma posse no cargo, às vezes isso demora anos. Além disso, se a pessoa fica comigo um ano e não passa, eu tenho prejuízo”, defende-se.

A empresa não sabe dizer a taxa de aprovação de todos os seus alunos. Porém, segundo o emrpeendedor, dentre aqueles que prestam concursos mais concorridos -- com salários na faixa de 20 mil reais, e pouquíssimas vagas – a taxa de aprovação é próxima de 20%.

Planos para o futuro

Apesar do sucesso da empresa, Papariello afirma que está buscando novas frentes para o negócio, por conta da crise econômica. Com escassez de recursos, o governo federal congelou diversos concursos pelo país, o que fez cair a demanda pelo serviço de preparação.

Por isso, a VP Concursos pretende focar esforços na preparação de estudantes de direito que vão prestar o concurso da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). “Apesar de não ter limite de vagas, a aprovação dos concursos da OAB é baixíssima. Só 9% dos egressos das escolas privadas conseguem passar. Por isso, vemos aí um mercado com potencial”, afirma Papariello Neste caso, porém, o método de pagamento deverá ser diferente do adotado para os concursos públicos, e ainda está em elaboração. A VP Concursos espera faturar 5,5 milhões de reais em 2016. 

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