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Como vestidos de noiva sem neuras viraram um negócio de R$ 1,5 mi

A empresa O Amor é Simples nasceu com o propósito de incentivar casamentos mais significativos, a partir de um e-commerce de vestidos de noiva acessíveis.

 (Bruno Piccoli/O Amor é Simples/Divulgação)

(Bruno Piccoli/O Amor é Simples/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 31 de dezembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 31 de dezembro de 2017 às 08h00.

São Paulo – Seu casamento precisa ser luxuoso para que você e seu parceiro sejam felizes? É isso que as colegas Janaína Pasin, Laís Ribeiro e Natália Pegoraro sentiam que a indústria de casamentos estimulava, com preços inflacionados para diversos produtos e serviços. Por isso, resolveram fazer diferente: e se comprar o vestido de noiva, por exemplo, fosse um processo financeiramente mais acessível e sem tantas cerimônias?

Esse foi o embrião do negócio O Amor é Simples. A loja virtual de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) vende vestidos mais acessíveis do que, inclusive, resolver alugar a peça em lojas tradicionais. Em três anos de operação, o negócio atingiu um valuation de 1,5 milhão de reais e vende 40 vestidos por mês.

Demanda de negócio

Em 2012, Ribeiro se casou e comprou seu vestido pela internet. Porém, teve uma surpresa desagradável: a peça não veio nas dimensões certas e ela teve de mandar arrumar diversos detalhes em cima da hora. Dois anos depois, era a vez de Pegoraro se casar. Ela também queria comprar um vestido online que fosse mais acessível, sem muita pompa, mas não achou boas opções nos sites.

As duas especialistas em relações públicas, então, decidiram transformar tal necessidade no e-commerce que desejavam.

No começo de 2014, conversaram com outras noivas na faixa etária do negócio, entre 20 e 29 anos de idade – segundo Pegoraro, elas representam 45,7% dos registros de casamento no civil. Também pesquisaram as palavras-chaves associadas ao termo “casamento” na internet.

“Nossa geração está mais consciente com o dinheiro e pode até querer casar, mas também querem usar um valor tão alto assim para realizar outros sonhos, como viajar e comprar uma casa”, afirma a sócia.

Com a adição de uma estilista e da sócia Janaína Pasin, com background em administração, as empreendedoras construíram um mínimo produto viável (MVP) com um investimento de cerca de 10 mil reais.

Vestido da O Amor é Simples

- (O Amor é Simples/Divulgação)

“Já que não tínhamos muito dinheiro para investir, abrir uma loja virtual em uma plataforma padrão nos pareceu o modelo ideal. Logo colocamos a ideia para funcionar para testá-la, com apenas seis modelos de vestido. De imediato, recebemos uma enxurrada de reações positivas de possíveis consumidores. Com o tempo, fomos lançando mais coleções com base no que as noivas desejam, e a partir daí não paramos mais”, diz Pegoraro.

O grande objetivo por trás da O Amor é Simples é se firmar como uma marca de referência no mercado de casamentos no Brasil, defendendo que o casal celebre o amor independentemente do local e da sofisticação de itens como o vestido.

“A indústria tradicional vende para a noiva que é necessário gastar muito, ter um casamento com grande pompa, para ela ser feliz. Queremos mostrar que a noiva pode casar do jeito que quiser, com o dinheiro que puder gastar”, afirma a sócia.

Vestido da O Amor é Simples

- (O Amor é Simples/Divulgação)

Ela própria adiou seu casamento e usou um vestido da O Amor é Simples na cerimônia, em setembro de 2015. No mesmo ano, a sócia Laís Ribeiro largou seu emprego para se dedicar integralmente ao negócio. Em 2016, foi a vez de Pegoraro deixar a vida de funcionária.

Poucos meses depois, a O Amor É Simples passou por uma aceleração na Ventiur, do Rio Grande do Sul, com um investimento de 80 mil reais e um valuation de 600 mil reais.

“Com o aporte, começamos a ter uma coleção mais robusta e investir em mídia, e aí o negócio realmente cresceu”, diz Pegoraro. Outra grande divulgação foi a participação, em janeiro de 2017, na primeira temporada do programa de televisão Shark Tank, transmitido pela Sony.

Modelo de negócio e crescimento

O foco da O Amor É Simples é em vestidos de noivas com modelagens mais simples e preços mais acessíveis. “A média do mercado de aluguel de vestidos de noiva é de 2,5 mil reais. Comprando um vestido, a noiva pode ir de cinco a 10, 20, 30 mil reais. Enquanto isso, nosso ticket médio é de 900 a 1.200 reais.”

Apesar do preço menor, Pegoraro afirma que a ideia não é batalhar apenas com os valores cobrados. “Nossa produção é artesanal e brasileira, com acabamento e atendimento de qualidade. Queremos competir não só por preço, mas pelo nosso posicionamento.”

Vestido da O Amor é Simples

- (Bruno Piccoli/O Amor é Simples/Divulgação)

Apesar desses argumentos, um grande obstáculo que as sócias da O Amor é Simples têm de superar é o medo de comprar roupas pela internet. “Desde o início queríamos fazer um e-commerce, pelo investimento inicial menor e pela nossa experiência profissional mesmo. O varejo de moda online vem crescendo muito e, no nosso caso, atendemos as noivas com branding e propósito, o que dá muita confiança.”

As futuras noivas compram o produto sob demanda, o que ajuda o fluxo de caixa da O Amor É Simples – não é preciso investir em estoque de antemão. Após a aquisição, a empresa dá o suporte com tamanhos e tipo de corpo. Se a consumidora for de Porto Alegre, pode experimentar o vestido presencialmente.

A O Amor é Simples vende, em média, 40 vestidos por mês. Em 2016, o negócio fechou com 150 mil reais em vendas; neste ano, o número saltou para 350 mil reais. “Todo esse crescimento é praticamente orgânico, porque investimentos pouco em captação de clientes e mídia. Cerca de 40% das nossas vendas são por indicação de noivas que confiam em nós.“

Vestido da O Amor é Simples

- (O Amor é Simples/Divulgação)

Neste mês, o empreendimento ganhou um novo impulso: um investimento-anjo de cerca de 100 mil reais de Camila Costa, sócia da agência de publicidade digital ID\TBWA. O valuation da empresa foi elevado para 1,5 milhão de reais; o negócio não abre números absolutos de faturamento.

“A Camila viu muito nosso potencial como startup, de mudança no mercado e de escalabilidade, mas também o potencial como marca, em termos de branding e posicionamento de mídia. Ela tem muita experiência nisso, então teremos muito suporte”, diz a sócia da O Amor é Simples.

Com o aporte, a ideia é fechar 2018 com uma média de 80 vestidos vendidos por mês, chegando a um milhão de reais em vendas.

“Está na nossa linha do tempo lançar um MVP de vendas ao exterior em 2019. Mas, no próximo ano, iremos focar no mercado nacional. Vamos nos preparar para escalar, agora que nossa cadeia de produção já está redonda.”

Para cumprir tais metas, a maior parte do investimento irá para as áreas de mídia e performance digitais. Outra parte do investimento será direcionada a um showroom de vestidos de noiva da O Amor É Simples, em Porto Alegre. “Teremos um espaço mais adequado para atender nossas clientes. Percebemos como a visita delas gera muito mais conversão de venda. Em 2018, também abriremos em outras capitais, como São Paulo”. O resto do aporte irá para novas coleções e para melhorar a experiência do usuário no e-commerce.

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