PME

Como um empreendedor transformou o hobby em um negócio de R$ 5 mi

Victor Jacques criou a ToyShow a partir de sua coleção de bonecos – e aprendeu que um negócio é muito mais do que diversão.

Victor Jacques, da ToyShow: ele uniu sua paixão pelo universo geek e nerd com uma tendência de mercado (ToyShow/Divulgação)

Victor Jacques, da ToyShow: ele uniu sua paixão pelo universo geek e nerd com uma tendência de mercado (ToyShow/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 18 de dezembro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2016 às 08h01.

São Paulo – Uma das regras mais essenciais na hora de empreender é ser apaixonado pelo segmento em que você irá atuar. Por isso, os negócios que nascem de um hobby já começam com o pé direito: são provenientes de um empreendedor que ama seu ramo de atuação e que está disposto a sempre se aprimorar no segmento.

Porém, também há desafios peculiares: é preciso ter uma mentalidade voltada aos negócios, e não pensar só no hobby. O empreendedor, por exemplo, deve comercializar desde produtos de que gosta muito até aqueles de que não é realmente um fã, mas que fazem parte do seu segmento.

Essa é uma das lições que Victor Jacques aprendeu na pele: ele uniu sua paixão pelo universo geek e nerd com uma tendência de mercado e criou a ToyShow, uma rede que comercializa diversos produtos do ramo.

O negócio, que começou como uma loja virtual, surfou na popularização desse segmento e já abriu uma grande unidade física, em São Paulo. No ano passado, a ToyShow faturou 5 milhões de reais - e já possui planos de franqueamento para 2017.

Hobby e negócio

Victor Jacques já havia empreendido antes: ele tem um negócio de educação e tecnologia, chamado Trainning, que continua funcionando.

“A ToyShow nasceu da minha vontade de abrir outro negócio, e especificamente um e-commerce”, explica Jacques. “Estava de olho no mercado americano de produtos relacionados à área geek, um hobby meu, e percebi uma tendência. Então, pesquisei o mercado brasileiro e não havia muitas empresas nesse segmento, ainda que existisse um público carente por tais produtos.”

Então, o empreendedor investiu entre 50 mil e 100 mil reais e abriu sua loja virtual em 2012, contratando os mesmos desenvolvedores de sua outra empresa.

Nos primeiros produtos, estava a própria coleção de action figures de Jacques: hoje, apenas resta na casa do empreendedor uma estátua do anti-herói Deadpool. “Todos os outros bonecos eu vendi, porque isso faz parte de um negócio: não adianta guardar os produtos para mim, porque sem vender eu não sobrevivo. Acho que a premissa principal para abrir um negócio a partir de um hobby é separar o hobby do negócio”, explica o empreendedor.

"A gente precisa analisar as tendências, além dos nossos gostos pessoais. Eu acompanho desenhos e séries de que eu não gosto, às vezes, justamente porque estão em alta.”

A atitude rendeu frutos: um ano depois, o empreendedor abriu uma loja física em São Paulo, após ter investido entre 750 mil e 1 milhão de reais.

Loja da Toyshow, em São Paulo

Loja da ToyShow, em São Paulo (ToyShow/Divulgação)

Estratégia de negócio

Segundo Jacques, a ToyShow faz sucesso porque adotou um posicionamento diferenciado ao longo do caminho: aproveitar a popularização do mundo geek e nerd para expandir o público-alvo da empresa.

“No começo, as empresas de colecionáveis focavam muito no colecionador, com produtos caríssimos. Famílias não poderiam entrar na loja e pegar um produto mais simples. Hoje, eu me considero uma empresa de produtos geeks e nerd, e comercializo desde luvas de cozinha da Mulher Maravilha até estátuas de quatro ou cinco mil reais”.

Hoje, o ticket médio na ToyShow varia de 100 a 300 reais. Esse trabalho de democratização dos produtos é acompanhado de uma estratégia de marketing focada em redes sociais. A loja possui quase 400 mil curtidas em sua página no Facebook e 176 mil seguidores no Instagram.

“Todos os dias tentamos comunicar não só nossos lançamentos, instigando o cliente a conferir os produtos, mas também sobre o que ocorre no mundo geek e nerd. A ideia é alcançar tanto crianças quanto adultos colecionadores com nossos posts”, diz Jacques.

Obstáculos e planos

Mesmo assim, alguns desafios do começo do negócio continuam: a dependência em importações, por exemplo. “Há poucos produtores nacionais e trabalhamos com um público exigente, que preza muito pela qualidade. Ainda que o produto fique mais caro por conta da cotação do dólar, eu importo cerca de metade dos meus produtos. Na área de colecionáveis, por exemplo, só há importados”, exploca.

Para combater o aumento do custo de importação, por conta do dólar, e a redução no poder aquisitivo dos clientes, Jacques aumentou seu mix de produtos e inclui itens mais acessíveis. “Aumentou a procura por esse tipo de mercadoria, especialmente para presentes. Com isso, nós conseguimos contornar bastante os efeitos da crise econômica.”

Em 2015, a ToyShow faturou 5 milhões de reais, sendo que 60% do valor correspondem às vendas do e-commerce. Para o Natal deste ano, a expectativa é de aumento de 20% a 30% em relação aos negócios do ano passado, tanto na loja física quanto no e-commerce.

Para 2017, a ToyShow pretende abrir mais uma unidade, desta vez no Rio de Janeiro. Além disso, o negócio pretende começar sua expansão por meio do franqueamento. A expectativa é abrir três unidades franqueadas, e as regiões mais visadas são Nordeste e Sudeste.

Investimento inicial: 350 mil, para uma loja de 60 a 80 m²
Prazo de retorno: 24 a 36 meses

Acompanhe tudo sobre:BrinquedosEmpreendedoresEmpreendedorismoGamesIdeias de negócio

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar