João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos: é possível se tornar investidor-anjo com apenas R$ 5 mil (João Kepler/Divulgação)
O ecossistema de inovação e startups atrai um número cada vez maior de investidores. Não são todos, porém, que arriscam a sorte e dedicam parte de seu capital em empresas de grande potencial - mas também grande risco. Ainda assim, aos interessados em se tornar investidor-anjo, o dinheiro não deve ser o único foco. Segundo João Kepler, investidor-anjo e diretor do fundo Bossanova Investimentos, é possível se tornar um investidor mesmo com pouco dinheiro. A tríade para o sucesso em investimentos, segundo ele, é baseada nos elementos:
O modelo de investimentos seguido pelo Bossanova é o equity, onde investidores passam a ter participação acionária em negócios. Nesse caso, a análise a ser feita é a do potencial de um empreendimento, do momento em que ele surge até o momento do exit (saída), seja ela um IPO ou uma aquisição.
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Geralmente, a trajetória é de crescimento. Uma empresa tende a ganhar forças - e valor de mercado - ao longo de sua jornada pré-exit. No portfólio da Bossanova está cheio de exemplos: Smart Hint, recentemente adquirida pelo Magalu, a startup Kinvo, comprada pelo banco BTG (do mesmo grupo que controla a EXAME) e a edtech Agenda Edu, adquirida pelo Grupo Eleva.
Recentemente, Kepler lançou o livro “O Poder do Equity”, no qual reúne uma série de ensinamentos para empreendedores que desejam entender o racional por trás dos investimentos em startups. Nele, o empreendedor lista o que é necessário para se tornar um investidor-anjo e, para a surpresa de muitos, o dinheiro não é o primeiro item da lista.
Preparação é a palavra de ordem. Para Kepler, muito além de sorte, um investidor precisa entender onde está colocando seu dinheiro para que tenha sucesso. O racional por trás disso está na compreensão dos diferentes tipos de investimentos disponíveis e os riscos envolvidos em cada um deles. Dito isso, o investidor poderá separar, de acordo com sua necessidade, as quantidades que deseja alocar em cada tipo de ativo, a depender do seu risco.
O equilíbrio também incorre em ter parte do capital dedicado a investimentos mais arriscados. É a ideia de seguir o feeling. Segundo Kepler, é possível começar a jornada como investidor-anjo com apenas 5.000 reais. “Comece pequeno, vá aprendendo e depois crie um portfólio mais arrojado”, ele recomenda.
Um passo importante é entender nos setores e empresas nas quais deseja ou não investir. Muitas vezes, uma tese pode estar baseada no conhecimento prévio de um investidor naquela área. “Se você é um médico, por exemplo, sua tese pode ser investir apenas em startups da área de saúde”, diz. O essencial, porém, é ter uma estratégia. “Algumas teses comuns, por exemplo, consistem em excluir empresas que atuem com governos ou que não tenham lucro”.
“Um investidor iniciante tem que se mostrar disponível. Logo no começo, dificilmente ele será procurado, por isso, precisa fazer conexões estratégicas que o aproximem da sua tese de investimentos", diz. A dica do especialista é se inserir na comunidade e se colocar à disposição para que empresas possam procurá-lo. Enquanto isso, uma pesquisa é sempre bem-vinda “Tome tempo para olhar para os empreendedores, quem eles são, os KPIs da empresa e números que mostrem se uma startup está (ou não) relacionada ao resultado que você espera”.
O apoio de um investidor vai além do capital. Kepler afirma que, durante o processo de equity, um investidor deve se colocar à disposição para mentorias, orientações e outros meios que possam auxiliar as startups investidas a, de fato, terem uma jornada de crescimento até o exit. “Nada é mais rentável do que investir em um negócio. Porém, para ele crescer e trazer retorno, é preciso orientação no meio do caminho”, diz.
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