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Como este fabricante de óculos criou rede de mil lojas e 10 mil empregados

O fundador das Óticas Diniz conta como tudo começou e dá dicas para um negócio ter sucesso no Brasil

Arione Diniz, das Óticas Diniz: é preciso ter vontade e coragem para empreender (Foto/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Arione Diniz, das Óticas Diniz: é preciso ter vontade e coragem para empreender (Foto/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 28 de setembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 28 de setembro de 2018 às 06h00.

Foi no laboratório de uma pequena ótica no Distrito Federal que, em 1977, aos 17 anos, o paraibano Arione Diniz deu os primeiros passos para criar uma das maiores redes de varejo óptico do Brasil, as Óticas Diniz. Naquela época, os processos de fabricação de óculos eram bastante artesanais, e Diniz mostrava certa habilidade.

Um dia, ao abrir a porta do laboratório que dava para o balcão para observar o movimento, o gerente o viu e o chamou para que entregasse os óculos a uma cliente. Depois, pediu para que fizesse a adaptação de uma armação de outra pessoa e não demorou muito para que ele ficasse mais à vontade ajudando no atendimento da ótica.

Por causa da qualidade na prestação do serviço que oferecia, os consumidores voltavam e procuravam pelo Diniz. Com o passar dos anos e a ampliação do conhecimento no mercado de óculos, em 1992 criou as Óticas Diniz, em São Luís (MA).

O negócio deu certo e hoje a empresa está presente com mais de mil unidades em todo o país.

Quais os principais desafios que o senhor teve para abrir as Óticas Diniz?

Foram muitos. Quando fundei a rede, o dinheiro era pouco e comprei uma loja pequena no centro de São Luís, no Maranhão, que estava passando o ponto. Apesar da minha força de vontade e da experiência no setor – primeiro na montagem dos óculos em laboratórios de ótica, depois como vendedor –, não tinha muito conhecimento para administrar o negócio.

Com muito trabalho, esforço e dedicação, além dos apoios de meu grande amigo e sócio, Francisco Vidal, e minha esposa, Vera Diniz, consegui superar esse desafio. E 26 anos depois, a marca tem o reconhecimento do público e do mercado e, hoje, é a principal do segmento no país. Nossa rede conta com mais de 10 mil colaboradores e mais de mil unidades em todo o Brasil.

A interiorização de marcas para cidades menores é uma tendência?

Esse movimento, sem dúvida, tem sido importante dentro do mercado de franquias nos últimos anos. Muitas economias locais apresentam um ritmo maior de recuperação em relação à média nacional. O interior de São Paulo é um ótimo exemplo disso. Tanto que, ainda neste ano, vamos abrir mais oito unidades em Sorocaba, Itapetininga, Tatuí, Itu, Itapeva, Votorantim e Indaiatuba.

Como é o processo para quem quer ser um franqueado? Quanto custa?

Temos um modelo diferenciado dentro do mercado de franquias. Isso significa que nossa rede basicamente cresce a partir de um sistema orgânico. Hoje, 95% dos franqueados foram nossos colaboradores antes de empreenderem com a marca. Esse diferencial nos enche de orgulho, pois os incentivamos a serem donos do próprio negócio.

Além disso, há pouco mais de quatro anos começamos a buscar alguns empreendedores com bastante experiência no setor óptico e que gostariam de fazer parte da família Diniz. Mas também somos procurados por pessoas que não são do mercado óptico e que têm o sonho de empreender conosco. Todos os interessados são avaliados de forma muito criteriosa e precisam passar por diversas etapas até chegar à aprovação pela franqueadora.

Depois de aprovado, o franqueado recebe treinamento de seis meses em loja antes de abrir uma Óticas Diniz. O valor do investimento é a partir de R$ 210 mil, sem ponto e estoque inicial. O retorno do investimento é a partir de 18 meses.

O que você busca em um franqueado?

A paixão pelo que faz. Além disso, é importante que o nosso franqueado seja comprometido com o negócio e seja muito atuante. Ter foco para trabalhar em harmonia e de forma participativa na operação e gestão da franquia é o que faz o negócio dar certo.

Quais os principais pontos para realizar uma sucessão familiar bem sucedida?

A sucessão é o caminho natural em qualquer empresa familiar e para dar certo é preciso planejamento, tempo e dedicação. Acredito que o principal ponto para o sucesso dessa importante etapa é ter um processo transparente e com o envolvimento de todos. E é fundamental que seja realizado de forma lenta e gradual bem antes da saída do presidente.

Experiência, conhecimento e amadurecimento só são adquiridos com o tempo e o trabalho. Por isso, há quatro anos contamos com uma consultoria especializada que tem mostrado o caminho certo para a sucessão nas
Óticas Diniz.

Quais as dicas para quem quer se tornar empreendedor hoje no Brasil?

Não há como dizer se uma pessoa tem ou não o perfil empreendedor até ela se tornar um. Penso que o primeiro passo é ter vontade e coragem. Depois é preciso planejamento para empreender. Organização, dedicação, trabalho e persistência são fundamentais. E jamais se deve ter medo de errar ou pensar em desistir quando tudo não estiver dando certo. Fatalmente, vão haver erros no meio do caminho, e eles não podem definir o perfil do empreendedor. É preciso ter resiliência para seguir em frente, sempre.

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