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Como estas mães conciliaram a própria franquia com filhos pequenos

Para estas mulheres, abrir um negócio foi o melhor investimento na criação dos filhos. Mas é preciso estratégia para conciliar empresa e família

Patricia Morgon, dona de uma loja da rede de castanhas glaceadas Nutty Bavarian: ela assinou o contrato de franquia na mesma semana de nascimento do seu primeiro filho (Patricia Morgon/Divulgação)

Patricia Morgon, dona de uma loja da rede de castanhas glaceadas Nutty Bavarian: ela assinou o contrato de franquia na mesma semana de nascimento do seu primeiro filho (Patricia Morgon/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 12 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 12 de maio de 2019 às 08h00.

O Brasil possui 52 milhões de empreendedores, divididos quase igualmente entre homens e mulheres. Metade das empreendedoras são também mães, conciliando empresa e maternidade. Para uma a cada quatro mães empreendedoras, o desafio é ainda maior: elas possuem filhos com cinco anos de idade ou menos.

Mesmo assim, três donas das próprias franquias ouvidas por EXAME não voltariam à vida de funcionária. “O melhor investimento no meu filho foi meu negócio”, afirma Maria Clara de Queiroz, dona de uma escola de idiomas da rede Rockfeller em Cascavel (Paraná).

Ela abriu a franquia junto da mãe, há cinco anos, após ter trabalhado na área de alimentação e bancária. Os planos de maternidade pesaram na decisão. “Já sabia que queria engravidar e não queria deixá-los na mão de uma escola o dia todo, sentindo-me culpada de não acompanhar os momentos especiais”, afirma Queiroz. No meio do caminho, tornou-se mãe de dois meninos. Hoje, um deles tem três anos de idade e outro possui apenas um mês de vida.

Maria Clara de Queiroz, dona de uma escola da rede de idiomas Rockfeller

Maria Clara de Queiroz, dona de uma escola da rede de idiomas Rockfeller (Maria Clara de Queiroz/Divulgação)

Um sentimento parecido moveu Fernanda Kanno, enfermeira que trabalhou por anos em uma unidade de tratamento intensivo neonatal e já tinha uma filha. “Eu me dei conta que cuidava do filho dos outros para que outros cuidassem da minha filha. Pedi as contas e abri minha própria empresa”, afirma. Ela abriu sua primeira loja da roupa infantil da rede Tip Top em 2009, com uma filha de dois anos e outra recém-nascida. Hoje, Kanno é mãe de três meninas e administra seis lojas da Tip Top nos municípios de São Paulo, Santos e Praia Grande.

Já a fisioterapeuta Patricia Morgon está começando a viver como mãe empreendedora. Ela assinou seu contrato de franquia com a rede de nozes glaceadas Nutty Bavarian há três meses, na mesma semana que seu primeiro filho nasceu. Após dois meses de preparação do ponto comercial em Vinhedo (São Paulo), acabou de finalizar seu primeiro mês na nova rotina com um faturamento de 15 mil reais.

Como conciliar filhos e negócio

O consenso entre essas mães é que empreender não significa trabalhar menos, mas sim estar no controle da sua jornada de trabalho. Uma mãe empreendedora não precisará mais bater ponto e poderá ficar ao lado do filho se ele estiver doente ou para levá-lo a alguma aula extracurricular. Mas poderá ter de trabalhar na madrugada ou nos finais de semana para compensar.

Segundo estudo da Rede Mulher Empreendedora (RME), 27% das donas de negócios trabalham de sete a oito horas por dia; 25% trabalha de quatro a seis horas por dia; e 23% trabalha de nove a dez horas por dia. O resto trabalha abaixo ou além dessa faixa predominante. “Abrir um negócio é como comprar um ótimo emprego. Você gerencia seu tempo e, com filhos, isso faz toda a diferença. Mas precisa trabalhar muito mais”, diz Kanno, que teve um faturamento médio de 1 a 1,5 milhão de reais em cada unidade da Tip Top.

Fernanda Kanno, dona de seis lojas da rede de roupas infantis Tip Top

Fernanda Kanno, dona de seis lojas da rede de roupas infantis Tip Top (Fernanda Kanno/Divulgação)

Todas as mães ouvidas por EXAME não haviam empreendido antes. Então, apostaram na franquia como uma forma de comprar a experiência de outros empreendedores e contar com suporte constante na gestão de seus negócios. “São empreendimentos com taxa de mortalidade menor do que a vista em negócios próprios. Eles mostram o caminho a ser seguido e há uma equipe responsável por analisar tendências no setor em que você atua”, afirma Queiroz, que faturou 1,5 milhão em 2018 com sua escola da Rockfeller.

Mesmo com o suporte de franqueadora, é preciso organizar muito bem os horários de trabalho. Morgon, da Nutty Bavarian, faz visitas diárias à sua loja e permanece cerca de duas horas no ponto comercial. “Consigo levar meu bebê ao negócio, o que é quase impossível quando você é funcionária”, afirma. No resto do tempo, fica sempre disponíveis no mensageiro WhatsApp e no seu e-mail. Em casa, resolve as pendências burocráticas e financeiras de sua loja.

Kanno visita suas seis lojas da Tip Top ao menos uma vez por semana, passando cerca de quatro horas nas unidades. A contratação de boas supervisores ajuda a aliviar a carga de trabalho operacional, fazendo a empreendedora focar nas estratégias para suas franquias. “Delegar me permitiu ter um olhar mais de fora e poder dividir melhor meus horários. Há dois anos não trabalho mais de final de semana, a menos que haja alguma emergência.”

Apoio às mães

Mães e futuras mães empreendedoras já contam com algumas entidades para apoiá-las nessa jornada. A Rede Mulher Empreendedora (RME) atende mulheres que querem abrir suas próprias empresas, com mais de 57 mil empreendedoras cadastradas. Já a B2Mamy é uma aceleradora de startups focada exclusivamente nas mães e já atendeu centenas de empresárias.

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