Cuticularia Beryllos: Para se diferenciar no mercado, a franquia inovou em priorizar a saúde de clientes (Edgard Pacheco/Divulgação)
Júlia Lewgoy
Publicado em 17 de março de 2017 às 06h00.
Última atualização em 17 de março de 2017 às 10h09.
São Paulo - Vaidosa desde a adolescência, Luzia Costa tinha medo de tirar a cutícula, mas usava alicate a contragosto para fazer suas unhas e as da vizinhança. Era o jeito que tinha de ganhar uns trocados em Passa Quatro, no interior de Minas Gerais.
Agora corta para a cena dois: vinte anos depois, na sala da dentista para a filha tirar cárie, Luzia conheceu uma pequena broca, que limpa os cantinhos do dente sem machucar. Parecia a solução perfeita para quem queria abrir uma esmalteria inovadora, que embelezasse as mãos, sem o risco de expor as clientes à hepatite e a outras doenças.
A esmalteria virou a Cuticularia Beryllos, uma rede de franquias que faz as unhas sem alicate. Uma broca adaptada retira o excesso de cutícula das clientes, sem cortes.
O salão também desenvolveu miniaturas de esmaltes individuais, descartáveis, que a cliente leva, se sobrar. Os outros instrumentos também são usados apenas uma vez. O atendimento custa 25 reais.
Aberto em julho do ano passado, o salão tem sede em Taubaté, no estado de São Paulo, e duas franquias na capital paulista. Luzia treina os funcionários para aprender a fazer as unhas do seu jeito.
Ela conta que, no início, manicures e clientes estranham o novo método, mas logo se adaptam. “Não existe o risco de machucar a cliente e de quebrar essa relação de confiança”, explica.
Luzia quer chegar a 30 unidades até o fim do ano. A marca exige investimento inicial a partir de 152 mil reais e estima faturamento médio de 35 mil reais por mês, por franquia.
O negócio só está dando certo porque Luzia passou meses testando a técnica da broca em suas próprias mãos. Além disso, a empreendedora já tem uma longa trajetória no setor de beleza.
Desde a época em que fazia bicos como manicure e depiladora em Passa Quatro, muita coisa aconteceu. Aos 18 anos, Luzia se mudou com o marido, soldado do exército, para Taubaté, onde vive até hoje. Lá, vendeu biscoitos, lanche na rodoviária e até pizza, até que o negócio quebrou.
“Eu não tinha controle sobre o dinheiro e misturava o que era da pizzaria com o que era meu. Quebrei de maneira devastadora, a ponto de morar na beira do rio em uma casinha de barro e madeira”, conta.
Até que se matriculou em um curso de massagem gratuito, começou a trabalhar como massagista e pegou gosto pela área de bem-estar e estética. Luzia se especializou em depilação com linha e micropigmentação de sobrancelhas, técnicas raras na época, a ponto de ser procurada para dar cursos.
“Chegou um momento que eu pensei: se tem tanta gente ganhando dinheiro com os meus ensinamentos, por que eu não abro o meu negócio também?”.
Em 2013, Luzia abriu a Sóbrancelhas, rede de franquias especializada em serviços de design de sobrancelha, alongamento de cílios e depilação com linha. Em pouco mais de três anos, a empresa abriu 182 unidades franquadas, incluindo uma na Argentina, e faturou 50 milhões de reais em 2016.
As clientes da Sóbrancelhas pediam que o salão tivesse manicure. Por isso, Luzia criou a Beryllos, no ano passado. A empreendedora apostou que era melhor manter a essência de cada marca e criar uma franquia separada, que só fizesse unhas. “Diziam que eu era louca, mas fui em frente”, conta.
A franquia da Sóbrancelhas exige investimento inicial a partir de 110 mil reais, com prazo de retorno em 18 meses.