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Como essa petshop online que atraiu o Softbank enfrenta a pandemia

A partir do site minhaloja.petlove.com.br, é possível criar um comércio eletrônico em menos de cinco minutos. Já são mais de 700 lojistas na plataforma

Animais: Petlove busca dar uma fonte de receita a petshops, que chegaram a perder até 80% do faturamento em alguns casos (FatCamera/Getty Images)

Animais: Petlove busca dar uma fonte de receita a petshops, que chegaram a perder até 80% do faturamento em alguns casos (FatCamera/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 28 de abril de 2020 às 10h00.

Última atualização em 28 de abril de 2020 às 10h00.

A Petlove, comércio eletrônico de itens para animais de estimação, reorganizou seu negócio em apenas algumas semanas no início da pandemia causada pelo novo coronavírus. A empresa viu o número de pedidos crescer em média 20% nesse período - houve dias com alta de 200% nas compras. Com previsão de faturar 445 milhões de reais no ano, a Petlove registra cerca de 6.000 pedidos por dia. 

No início do mês, recebeu um novo impulso para crescer: um aporte de 250 milhões de reais do conglomerado japonês Softbank. A Petlove já havia recebido um investimento, em 2011, dos fundos Kaszek e Monashees. Em 2019, a empresa de private equity Tarpon entrou na sociedade.

Agora, a empresa busca ir além do próprio comércio eletrônico de itens para pets, como ração, brinquedos, petiscos e remédios. Está disponibilizando uma ferramenta em parceria com o Vet Smart para apoiar clínicas veterinárias e petshops de bairro, para que eles vendam seus produtos por meio da plataforma da Petlove.

A partir do site minhaloja.petlove.com.br, é possível criar um comércio eletrônico em menos de cinco minutos. Já são mais de 700 lojistas inscritos na plataforma. O próximo passo, ainda não lançado, é disponibilizar softwares de CRM e de gestão para esses negócios. 

De acordo com Marcio Waldman, fundador e presidente, a ideia veio de um desejo antigo de constituir um ecossistema incluindo médicos, veterinários e petshops de bairro.

Parte da estrutura tecnológica vem da Vet Smart, um aplicativo de educação para veterinários adquirido há cerca de oito meses pela companhia. Inicialmente, a ideia era ajudar veterinários a vender os remédios prescritos aos animais de estimação em um site. O projeto era chamado internamente de Arca de Noé, inspirado na embarcação que passou semanas isolada por causa de um desastre.

O objetivo é dar uma fonte de receita a petshops, que chegaram a perder até 80% do faturamento em alguns casos, diz Waldman, com fechamento de serviços como banho e tosa e de lojas especializadas. 

"A pandemia é uma época de digitalização forçada para muitos negócios. É um processo muito difícil para um veterinário ou lojista, que se viu à frente de um momento tão desafiador", afirma.

Há duas décadas no e-commerce

A Petlove não tem a mesma história de outras startups investidas por gigantes, criadas por jovens e com crescimento exponencial logo nos primeiros anos de vida. Sua trajetória é mais longa: a empresa foi criada em 1999 por Márcio Waldman, então médico veterinário.

Ao desenvolver o sistema tecnológico para sua clínica, o empreendedor decidiu investir nas vendas pela internet, "porque achava que o e-commerce ia dar certo, mais cedo ou mais tarde", disse.

Até 2005, Waldman tocou o comércio eletrônico ao lado de sua clínica veterinária, quando decidiu focar totalmente no projeto digital. Segundo ele, os dois anos seguintes foram difíceis para o negócio, mas aos poucos o consumidor se acostumou a comprar pela internet.

Formado em medicina veterinária, apenas no ano passado o presidente decidiu fazer um MBA em gestão empresarial. "Aprendi tudo na tentativa e erro, felizmente acertei mais que errei", diz Waldman.

Em 2011, o negócio recebeu investimentos dos fundos Kaszek e Monashees e, no ano passado, a Tarpon fez um novo investimento. De um funcionário, a empresa chegou a 440. O investimento ajudou a profissionalizar a Petlove, desenvolvendo os departamentos comercial, financeiro, de marketing e de tecnologia, entre outros.

Hoje, a empresa tem três centros de distribuição, em Extrema, MG, Recife, PE, e um hub em São Paulo para entrega em poucas horas, além de um escritório em São Paulo. 

A principal fonte de receita é o serviço de assinatura, que permite receber ração, remédios e brinquedos a intervalos personalizados. Atualmente a assinatura, com 170 mil clientes, representa 65% do volume total de vendas.

Ainda que domine cerca de 60% do mercado online voltado a animais de estimação, a Petlove ganha cada vez mais concorrentes. No início de fevereiro, a Pet Center, dona da rede de produtos para animais de estimação Petz, protocolou em fevereiro pedido de registro para oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O grupo fundado em 2002 tem 105 lojas em 12 estados e receita líquida de 986 milhões de reais em 2019, alta de 28,4%.

Ao se aliar a pequenas lojas de bairro durante a pandemia, a Petlove ganha capilaridade em um mercado em crescimento. 

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