estresse (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 8 de dezembro de 2016 às 06h00.
São Paulo – Nenhum mês é fácil para quem empreende. Mas, no final do ano, a situação pode ficar mais intensa: o Natal pode trazer mais oportunidades de venda, mas também mais compromissos.
É uma época mais difícil por três motivos, diz João Roncati, diretor da People+Strategy. “No final do ano, há um acúmulo de despesas: por exemplo, o 13º salário para a equipe e as maiores compras de estoque para as vendas de Natal, as quais geram uma pressão por resultado. Na nossa cultura trabalhamos com ciclos e também há a pressão psicológica de fechar um ciclo, para começar um novo em 2017. Por fim, há um buraco entre o fim do ano e o carnaval, que virou uma habitualidade negativa. Muitas decisões são postergadas e isso gera ansiedade - se algo não é fechado em dezembro, pode acontecer só em março.”
“O volume de pedidos costuma aumentar nessa época e, com isso, podem aumentar também as reclamações e as dívidas”, completa Victor Barcala, professor de gestão e vendas do Ibmec/MG. “Isso dificulta a vida do empreendedor, se ele não está preparado para isso. Em resumo: as ineficiências da empresa costumam aparecer mais.”
A solução para nunca mais passar pelo mesmo estresse – e até transformar dezembro em uma boa época para as finanças empresariais – está justamente nessa preparação prévia.
“Não adianta não se planejar no ano todo e no último mês querer recuperar tudo. O empreendedor tem que olhar todos os meses e saber quais meses são mais fracos no seu negócio. Assim, ele consegue se programar para incentivar mais as vendas nessa época”, explica Celso Fortes, CEO da agência Novos Elementos. “Se você entrar no modo automático, é fácil cair em armadilhas: é como estudar para uma prova apenas na véspera.”
Mas o que fazer agora, que o estresse com o fim do ano já chegou? Confira algumas dicas para controlá-lo e manter seu negócio produtivo em dezembro:
O primeiro passo para não se estressar no fim do ano é olhar para dentro de si e entender que todos os erros se traduzem em aprendizados para o futuro.
“Tem gente que teme o fracasso e o coloca de lado só pelo medo de assumi-lo. Mas é preciso lembrar que os únicos que nunca fracassaram são os que nunca fizeram nada de inovador. Não existe nenhum empreendedor de sucesso que nunca tenha errado”, explica Fortes, da agência Novos Elementos. “A diferença é que alguns empreendedores transformam erros em acertos, enquanto outros os enterram ou deixam que eles tomem proporções absurdas para então resolver a situação.”
Na prática, tenha uma lista de tudo que deu errado em 2016, para que você possa melhorar no ano seguinte, recomenda Barcala, do Ibmec/MG.
“O excesso de imediatismo e otimismo fazem muitas empresas fecharem, por não terem se planejado o suficiente. Se o empreendedor não aprender com os erros deste ano, eles irão aparecer no ano seguinte. Sem paciência e uma visão de longo prazo, o empreendimento logo irá perder competitividade frente às melhorias de outros negócios.”
Por exemplo: você tem funcionários desmotivados e resolve trocar a equipe. Mas, se você nem entendeu por que eles estavam desmotivados, o problema foi apenas postergado. Logo, os novos funcionários também estarão desmotivados.
Além de olhar para seus próprios erros, uma boa dica para reduzir o estresse no final de ano é buscar exemplos que o inspirem.
“Não tenha vergonha de olhar para o lado e aprender com quem faz melhor. O empreendedor deve analisar se alguém se planejou mais do que ele, ou se cometeu algum erro que ele ainda não tenha cometido. Das duas formas, ele começa 2017 menos fragilizado”, aconselha Roncati.
Além de falar com empreendedores presencialmente, também dá para conseguir exemplos sem nenhum esforço e investimento: na internet, há muitas dicas, modelos de negócios e planilhas de gestão.
Para não deixar a ansiedade tomar conta, outra boa dica é priorizar suas tarefas: não dá para arrumar todo o negócio em apenas um mês, então é hora de atender as demandas mais significativas.
“É preciso parar e fazer esse planejamento pequeno, se não o fez ao longo do ano. Com esse cuidado, você não fica tão mal assim no começo do ano seguinte”, explica Roncati, da People+Strategy. “Isso também pode ser visto na pessoa física, com pagamentos de IPVA e seguro do automóvel, por exemplo.”
Acima de tudo, o grande objetivo é que você continue empreendendo em 2017, recomenda Barcala, do Ibmec/MG. “Se houver algum grande fornecedor ou banco a pagar, que pode impedir que sua empresa continue, coloque isso como prioridade.”
Agora que você já refletiu sobre seus erros, anotou novas estratégias e organizou um plano de ação para dezembro, é hora de planejar 2017 em detalhes.
“Mantenha a calma e saiba que o tempo que passou não irá voltar. Viver o presente em caos não soluciona nada; é melhor planejar o futuro, que se tornará presente em breve. Assim, seu novo presente será uma situação melhor”, explica Fortes, da Novos Elementos.
“É o momento de rever seu negócio: fazer o balanço financeiro, achar pontos de melhoria e observar como todos os mercados estão mudando – seja por consolidações ou por inovações”, detalha Roncati. “Faça menos promessas e mais projeções nesse final de ano.”