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Como empreendedores podem montar um aplicativo em 10 passos

Está na hora de criar um aplicativo mobile? Especialista responde e dá um passo a passo para o empreendedor que pretende investir nesse ramo


	Smartphones: veja dicas para começar a fazer seu aplicativo o quanto antes
 (gpointstudio/Thinkstock)

Smartphones: veja dicas para começar a fazer seu aplicativo o quanto antes (gpointstudio/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 12h32.

Como montar um aplicativo?
Escrito por Fernando de la Riva, especialista em negócios digitais

Recentemente, muitos empreendedores se perguntam se está na hora de criar um aplicativo mobile. A resposta não é simplesmente sim ou não, é “ontem”.

Afinal, os próximos milhões de pessoas que vão acessar a internet não farão isso via desktop, mas via smartphone. Além disso, o fim do “feature phone” (ou do telefone “não inteligente”) está bem próximo, considerando que os preços dos smartphones mais simples estão cada vez mais baixos, tirando os aparelhos sem internet das lojas. 

Neste contexto, paramos de pensar “se” vamos criar um app para pensar em “como” faremos isso. Seguindo minha experiência, seguem algumas dicas para começar logo:

1. Valide o seu modelo de negócios

São dois cenários: ou você já tem um negócio em outro canal (físico ou na web) ou você ainda vai começar um negócio novo, que seja inicialmente mobile.

No primeiro caso, seu desafio é apenas execução, mas em ambos vale a pena você pensar em um Canvas, seja o proposto por Alex Osterwalder ou o Lean Canvas, de Ash Maurya. Com ele, você pode organizar e documentar a validação de suas hipóteses de negócio em apenas uma página, construindo uma visão geral do seu modelo de negócios.

Depois disso, você vai passar pelo processo de “descoberta de produto” (que descrevo melhor abaixo) até validar as premissas centrais do seu modelo.

2. Contrate um “braço técnico”

Se você quer ter um negócio digital você precisa ter um (ou vários) desenvolvedores. Se você não é técnico e não entende de desenvolvimento, você precisa encontrar um CTO, desenvolvedores (de preferência com alguma participação no negócio), de uma empresa ou pelo menos um freela que te ajude nessa questão.

Ironicamente, o principal problema é que sem o background técnico você não saberá distinguir um bom de um mau desenvolvedor e também não saberá comprar software de forma eficiente. Nesse caso, o conselho é procurar um mentor ou colocar alguém técnico no conselho (ou na sociedade) da sua startup.

3. Escolha a plataforma

Começar desenvolvendo seu aplicativo para Android parece o mais óbvio, uma vez que 80% da base no Brasil é formada por essa plataforma. Entretanto, vale avaliar a categoria do app que você pretende construir. Aplicativos para iOS podem gerar o dobro de faturamento em algumas categorias.

Outro fator relevante é que aplicativos Android são mais fáceis de ciclar, ou seja, de entender o que está errado e corrigir erros ou tentar novamente outra abordagem. Isso porque o Google Play é menos restritivo para publicações. Por isso, se você não tem seu modelo definido ou tem escassez de recursos, vale a pena começar pela plataforma do Google.

4. Descubra o seu produto e seu cliente

Descobrir o seu produto é materializar o seu Canvas. Converse com seus possíveis usuários e entenda se eles realmente têm o problema que você quer resolver. Depois disso, crie personas que representem grupos de clientes, construa um protótipo que atenda as “dores” de cada uma delas e leve para a rua novamente, tentando perceber se você está realmente criando um produto que vale a pena ser construído.

Esse ciclo é permanente. Quanto mais funcionalidades você testar em campo, mais chances de sucesso terá o seu aplicativo e mais cedo você descobrirá se você teve foi uma epifania ou uma alucinação.

5. Use ferramentas básicas

Pouco investimento é a regra para o início de um negócio digital. Você pode usar ferramentas de Backend as a Service, como o Parse, por exemplo, para não precisar contratar muitos desenvolvedores.

Atualmente, são muitas as ferramentas gratuitas e de bom funcionamento que utilizamos no desenvolvimento de aplicativos mobile. Também existe a possibilidade de usar nuvem pública com Amazon AWS para sua infraestrutura e serviços SaaS como Zendesk, para CRM e Jira, para organizar o trabalho.

6. Instrumente seu aplicativo

Além de construir, é preciso medir. Consiga todas as informações possíveis sobre seu app, como funis de conversão (Google Analytics, Kissmetrics), erros (Crashlytics, Crittercism), performance (Newrelic) e atribuição e marketing (AdJust e Flurry).

Com seu app oferecendo métricas, é um trabalho sistemático descobrir de onde seus usuários vêm, quais deles têm mais valor no ciclo de compra do aplicativo, quais são os possíveis usuários que você deveria converter e etc. Crie e analise segmentos separados (cohorts) para evitar achar que seus usuários são na média todos “mornos”.

7. Comece de novo

De tempos em tempos, revisite o seu Canvas. Avalie o que está funcionando e o que não está, converse de novo com seus usuários e estabeleça novas hipóteses para serem testadas. A primeira versão do seu aplicativo, que chamamos de “Produto Mínimo Viável” ou “MVP” (na sigla em inglês), não deve demorar mais que seis semanas para ficar pronto.

Construa o produto mais simples que resolva o problema e o coloque à prova. Com o tempo você vai precisar se preocupar com a qualidade e a fragmentação da sua base de instalações. Controle de qualidade automatizado (usando o Concrete TestCloud ou o Amazon Device Farm, por exemplo) será um imperativo.

8. Elabore uma estratégia de marketing

No início, qualquer aplicativo precisa de ações de marketing de guerrilha. Logo depois do lançamento na loja, faça iterações de estratégias de marketing. O Facebook e o Twitter são boas opções para gerar instalações. Outras alternativas são empresas que cobram por instalações PPI (como a Jammp), uso de mailings, divulgações na imprensa e trabalhos em campo.

Trabalhar o coeficiente de viralidade do app como o Nubank fez, por exemplo, é ótimo porque o custo de aquisição é zero. E, por falar em custo de aquisição, analise e compare a relação entre o custo por usuário que cada mídia dessas traz e o valor gerado no ciclo de vida dele (LTV) no app. 

Para que você saiba qual caminho seguir, vale a pena se familiarizar com o App Annie e procurar conhecer o máximo sobre como seu app e a concorrência estão “performando” nas app stores. Uma boa forma de avaliar isso é por meio das avaliações e reviews.

9. Reengaje os seus usuários

Depois de ter uma base de usuários formada, é preciso fazer com que essas pessoas voltem sempre para seu aplicativo. O uso de push notifications para estimular ações no app é a interação mais comum com o usuário. Lembrando sempre que é importante que o uso desses artifícios deve sempre ser baseado nos dados que você recebe sobre o uso. Conhecer o seu cliente é a melhor estratégia.

10. Estude!

Por fim, vale lembrar que preparação nunca é demais. Temos muitas referências para estudos em empreendedorismo e quase tudo é fácil de conseguir. Eu sugiro estudos sobre métodos ágeis e sobre experiências do Vale do Silício, como o Silicon Valley Product Group. Também vale a pena dar uma olhada em autores como Marty Cagan, Ben Evans, Steve Blank, Eric Ries e referências em Marketing Digital.

Fernando de La Riva é diretor-executivo da Concrete Solutions, consultoria global de TI.

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