Rafael Juliano, do Voll Pilates Group: ele passou quatro anos como atendente de telemarketing até criar sua empresa (Voll Pilates Group/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 08h00.
Última atualização em 22 de dezembro de 2018 às 09h14.
São Paulo - Nem sempre é possível arrumar um emprego em sua área de formação - a não ser, é claro que você seja o seu próprio patrão. Foi o que aconteceu com Rafael Juliano. O estudante de fisioterapia não conseguia trabalhos remunerados em sua área e teve de trabalhar por anos com telemarketing. Até que decidiu empreender e criar seu próprio estúdio de pilates.
Esse foi o começo do Voll Pilates Group, uma rede que capacita profissionais para ensinar os exercícios de pilates. A marca, que faturou 13,3 milhões de reais neste ano, ensaia agora sua expansão por meio de franquias.
Filho de um mecânico e uma dona de casa, Juliano precisava trabalhar para pagar sua faculdade de Fisioterapia, mas só encontrava estágios não ou pouco remunerados. Por isso, o estudante começou a trabalhar como atendente de telemarketing em uma gigante de telefonia no ano de 2005.
Três anos depois, a vontade de empreender falou mais alto. “Peguei cinco mil reais no cheque especial, que descontava direto da minha folha de pagamentos, e abri uma sala de fisioterapia própria em Campinas [São Paulo]”, conta. Juliano trabalhava de manhã com sua profissão e, das 14h às 23h, continuava no telemarketing. Seu negócio tinha um desempenho médio: os clientes faziam algumas sessões e iam embora após estarem curados. A falta de convênios com planos de saúde também prejudicava na captação de clientes.
Ele só decidiu apostar todas suas fichas no empreendedorismo quando seu amigo lhe contou que estava fazendo pilates. Juliano pesquisou sobre os exercícios e fez um curso, parcelado em dez vezes de 400 reais. Terminou as aulas decidido a transformar sua sala de nove metros quadrados em um local para praticar pilates de solo. Quatro meses depois de ter aberto sua sala de fisioterapia, pegou mais oito mil reais emprestados para comprar equipamentos. Para atrair os primeiros clientes, Juliano mandava mensagens pela finada rede social Orkut.
No primeiro mês, entraram por volta de vinte clientes a uma mensalidade de 180 reais cada. Em cinco meses, o volume de alunos já estava satisfatório e Juliano largou de vez a carreira de atendente. Ao longo de suas oito turmas, recebeu alunos de cidades como Vitória (Espírito Santo), Salvador (Bahia), Goiânia (Goiás), Curitiba (Paraná) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Juliano percebeu que poderia ganhar mais e gastar menos se mudasse seu foco: no lugar de fornecer pilates a pacientes, poderia ensinar interessados em fornecer pilates em locais pouco atendidos.
O empreendedor vendeu em agosto de 2009 seu estúdio, que tinha então 70 alunos, e resolveu se dedicar a criar uma metodologia e um material didático próprios. Nasceu o Voll Pilates Group, que dá formações itinerantes em pilates, em cursos e eventos.
O mercado de pilates está aquecido. De acordo com estudos do próprio Voll, existem 40 mil estúdios de pilates no país, com faturamentos que vão de 5 mil a 80 mil reais mensais. Quando o negócio de capacitação começou, Juliano mapeou outros 197 concorrentes focados em preparação de instrutores. Hoje, acredita que tenham 20 competidores relevantes. “Muitos não possuem empresa registrada e capacitação, operando de maneira informal. Também acho que ter reinvestido nosso lucro entre 2009 e 2012 tenha feito a diferença”, afirma.
O Voll Pilates Group dá treinamentos com até 15 alunos por turma e já atendeu 110 cidades brasileiras, com 40 mil profissionais formados. Seu escritório principal está em Campinas, com 50 funcionários, mas há também uma sede em Porto Alegre com 18 membros. Além de cursos iniciais de formação em pilates, o Voll oferece 25 aulas de aprimoramento, como pilates para gestantes, idosos e focados em reforço na coluna.
De 2009 para cá, a empresa investiu em diferentes formas de crescimento. Veio a entrada no mundo online, por meio de um aplicativo e cursos e livros digitais, entre 2015 e 2016. Em 2017, o negócio se internacionalizou, com unidades nos Estados Unidos, em Portugal e na Itália. Em 2018, o Voll Pilates Group faturou 13,3 milhões de reais.
Agora, o plano é expandir por meio de estúdios franqueados Voll de pilates, fisioterapia e educação física, voltados a consumidores finais. O franqueado receberá cursos para montar seu próprio espaço e sistemas de gestão e marketing. Nos horários sem aulas, o próprio Voll Pilates Group poderá usar as unidade franqueadas para ministrar seus cursos, aumentando a divulgação da empresa. O Voll Pilates Group abriu um estúdio de pilates próprio, como teste, e já há quatro outras unidades testando o modelo de franquias.
Com os novos planos, a meta é atingir um faturamento de 18 milhões de reais em 2019. Mas os desafios não serão poucos. Dos vinte e tantos competidores relevantes em capacitação para instrutores de pilates, Juliano e seus franqueados enfrentarão agora os milhares de estúdios para consumidores finais pelo Brasil.