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Como ele começou uma empresa de R$ 50 milhões aos 17 anos

Mauricio Correa e amigos começaram o negócio em uma garagem. Hoje, o grupo de e-commerce DCG atende mais de 600 empresas

Mauricio Correa, do grupo DCG: empresa é avaliada em 50 milhões de reais e já atende mais de 600 empresas (Grupo DCG/Divulgação)

Mauricio Correa, do grupo DCG: empresa é avaliada em 50 milhões de reais e já atende mais de 600 empresas (Grupo DCG/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 20 de agosto de 2017 às 08h00.

Última atualização em 21 de agosto de 2017 às 10h51.

São Paulo – Nunca é cedo ou tarde demais para empreender – e os recursos para abrir sua primeira empresa podem estar mais perto do que você imagina.

Os empreendedores Alberto Fujita, Henrique Mengue, Ivan Correa e Mauricio Correa são um exemplo dessa afirmação. O negócio dos sócios começou em uma garagem, juntando o interesse dos jovens amigos por programação – Correa, na época, tinha apenas 17 anos de idade.

Após um começo difícil e uma decisão que cortou a receita do negócio pela metade, a EZ Commerce se transformou em um grande grupo de soluções para lojas virtuais: o DCG, que é avaliado em 50 milhões de reais e já atende mais de 600 empresas.

Começo de negócio

Correa define a si mesmo como uma mistura de perfil comercial e técnico. Ao mesmo tempo em que considerava ter talento para as vendas, convivia com seu irmão mais velho e os amigos dele, todos da área de tecnologia.

“Eu sempre ficava ao redor deles e acabei conhecendo esse mundo. Insisti com o meu pai para termos um computador quando tinha 15 anos de idade”, conta. “Comecei a navegar na internet e quis abrir meu próprio site. Aprendi HTML, participei de fóruns e comecei a fazer trabalhos freelancer para ganhar algum dinheiro.”

Esse foi o começo da carreira de Correa. De autônomo, passou a estagiário de empresas de servidores e de agências digitais. Enquanto aprendia mais sobre o universo da internet, o adolescente enfrentava um dilema: continuar ou não com os estudos de segundo grau. No fim, decidiu largar o estudo e ir para a garagem empreender.

“Busquei depois a formação no ensino médio, mas não tenho formação acadêmica superior além de um curso de gestão operacional. Entrei com tudo no mundo dos negócios. Até hoje não tenho nada na minha carteira de trabalho”, conta.

Correa se juntou a sócios mais experientes em tecnologia - o primo Ivan Correa e o amigo Alberto Fujita - e começou a pequena empresa de desenvolvimento de software para lojas virtuais EZ Commerce na garagem de seus pais, em dezembro de 2006. Cada um dos empreendedores tinha 2 mil reais de reserva para sobreviver enquanto a empresa não dava lucro.

O primeiro cliente da EZ Commerce foi uma loja de eletrônicos de São Paulo e, em poucos meses, já eram mais de dez compradores. Após seis meses trabalhando informalmente, o empreendimento registrou seu CNPJ.

Crescendo por meio de indicações, a EZ começou a se expandir e os sócios conseguiram sair da garagem para uma salinha alugada de 20 m², no ano de 2007. Então, veio o primeiro tropeço.

Na primeira semana no novo local, os três computadores do empreendimento foram roubados durante o horário de almoço. Parecia o fim. O empreendedor de 19 anos de idade teve de contar com a ajuda dos pais, que emprestaram dez cheques destinados à compra de novos computadores, para seguir em frente.

Reerguendo-se do trauma, a empresa recomeçou a conquistar clientes. A entrada do quarto sócio-fundador, Henrique Mengue, também ajudaria a impulsionar o crescimento do negócio.

A ameaça e o crescimento

Na virada de 2008 e 2009, a EZ Commerce ganhou seu primeiro grande cliente – uma espécie de AliExpress brasileiro. “Esse cara chegou a faturar 28 milhões de reais e era disparado nosso maior comprador, representando 60% do nosso faturamento. Chegamos a 20 pessoas no nosso pequeno escritório e mudamos para um espaço de 150 m², com mais de 40 funcionários”, conta Correa.

Foram anos de muita expansão para a EZ. Até que, em 2012, o negócio enfrentou um segundo tombo: o grande cliente quebrou. Em poucos meses, metade de receita do empreendimento foi para o ralo.

“Tivemos de nos reinventar como empresa: reduzimos o quadro e ficamos vários meses sem tirar nosso salário, ao mesmo tempo que pensávamos em diversificar novos serviços”, conta Correa.

O ano seguinte marcou a recuperação da EZ. "A gente resolveu reescrever nosso software e começamos a desenvolver outro sistema. Mas vimos que havia uma oportunidade de gerar várias soluções, resolver mais dores. Nossos clientes não sabiam se essas novas plataformas eram ou não da nossa empresa, então decidimos unir tudo em um grupo, como produtos de um mesmo portfólio.”

A EZ passou a comercializar três grandes soluções de e-commerce sob a mesma bandeira, chamada Grupo DCG: uma plataforma para pequenas e médias empresas, chamada EZ; uma plataforma para grandes empresas, chamada CORE; e uma plataforma para integração com marketplaces, chamada Octopus.

Atualmente, o carro-chefe da empresa é essa última plataforma: responsável por 70% da receita do DCG, a Octopus ajuda lojas a inserirem seus produtos em sites como como Amazon, Americanas, Casas Bahia, Dafiti, Mercado Livre, Netshoes, Ponto Frio, Ricardo Eletro, Submarino e Walmart. É um hub integrador de marketplaces: o cliente faz contratos com esses sites e o grupo é responsável por inserir e gerenciar os produtos dentro das plataformas.

Com a reformulação, o DCG começou a expandir. Em 2015, o grupo chamou a atenção do fundo de investimentos em startups tecnológicas Criatec, do BNDES. O DCG recebeu um aporte de valor não divulgado e, em setembro deste ano, irá receber a segunda rodada de investimento.

“Um dos pontos essenciais que o fundo traz para a gente é pensar em compra de outros produtos e startups que possam ajudar a evoluir nosso negócio, como estratégia de expansão”, afirma Correa.

Planos para o futuro

Hoje, o DCG ocupa um prédio inteiro e possui 120 funcionários. O grupo atende 600 clientes em nível nacional, que movimentou mais de um bilhão de reais por ano – negócios como Bibi Calçados, Ingresso Certo, Piccadilly e Track and Field.

Segundo Correa, a empresa está entre as três maiores do Brasil no ramo de soluções para o comércio eletrônico.

Para 2017, o empreendimento planeja crescer 35% em faturamento e chegar a 17 milhões de reais. O valuation do negócio está em 50 milhões de reais.

“Eu acho que nossos diferencial para estarmos há dez anos no mercado e termos clientes de expressão mundial é termos uma veia comercial forte, fazermos parcerias com muitas empresas e termos vários sócios de perfil técnico. Além de, é claro, estar no lugar certo na hora certa.”

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